Os pais da vereadora Marielle Franco, Marinete e Antônio da Silva, cobraram uma resposta ao duplo homicídio, ocorrido no dia 14 de março de 2018. Eles participaram nesta quarta-feira (13) do ato organizado pela Anistia Internacional, que divulgou a atualização do documento “O labirinto do caso Marielle Franco e as perguntas que as autoridades devem responder”.
Conforme o pai da vereadora, a demora nas investigações do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes pode indicar que há “pessoas influentes envolvidas” no caso. “Parece que não teve, assim, o empenho para que a resposta seja dada a nós e à sociedade. Talvez, não sei, se por trás dessas investigações tenha pessoas influentes envolvidas nesse assassinato, e nós ficamos sem essa resposta, sem a solução do caso”, disse.
Antônio da Silva disse esperar que os responsáveis pelo assassinato da filha e do motorista não fiquem impunes. “Eu pensava no início que isso seria mais célere, por ser uma defensora dos direitos humanos, uma pessoa atuante. Se nós vivemos numa democracia, essas pessoas não podem ter sua voz calada. E, quando têm sua voz calada, as autoridades têm que dar uma resposta para que isso não fique impune e gere outros acontecimentos”, argumentou.
Para a mãe da vereadora, a demora das investigações indica que “alguém muito influente” está dificultando o trabalho da polícia. “Da maneira que foi, tem que ter alguém muito influente, a gente não sabe até que ponto isso tem gerado uma dificuldade nas autoridades”, afirmou. “Acho que o mundo se voltou para aquela mulher, pelo simbolismo, tudo que ela representava. Do fundo do meu coração, eu achava que teria uma solução mais rápida.”
LEVANTAMENTO
O primeiro levantamento da Anistia Internacional foi lançado quando o assassinato completou 8 meses, em novembro do ano passado, e cobrava uma comissão independente para acompanhar as investigações. O documento da Anistia Internacional é dividido em sete temas: disparo e munição; a arma do crime; os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança, que foram desligadas dias antes do assassinato; procedimentos investigativos; responsabilidade e competência das investigações; acompanhamento externo; e andamento das investigações.
Segundo a coordenadora de Pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, a entidade aguarda uma resposta do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a um pedido de audiência, feito no mês passado. O governo do estado do Rio de Janeiro não retornou o contato da reportagem até a publicação deste texto.