sexta-feira, 22 novembro 2024

PIB do Brasil sofre maior queda em 30 anos

A economia brasileira registrou em 2020 contração recorde de 4,1%, resultado do impacto econômico gerado pela pandemia do novo coronavírus, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse é o maior recuo da série histórica com a metodologia atual, que começou em 1996, superando a retração de 3,5% registrada em 2015. Nas séries anteriores, elaboradas pelo IBGE e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desde 1901, a maior queda havia sido em 1990 (-4,35%).

O IBGE informou ainda que a recuperação do PIB que havia sido registrada no terceiro trimestre do ano passado perdeu força nos três últimos meses do ano.

No quarto trimestre, houve crescimento de 3,2% em relação aos três meses anteriores, quando a expansão havia sido de 7,7%. Na comparação com o mesmo período de 2019, o PIB do período de outubro a dezembro caiu 1,1%.

O resultado do ano veio melhor do que o projetado pelo Ministério da Economia, que esperava uma queda de 4,5% para 2020. Já o Banco Central estimava uma queda de 4,4%.

O PIB per capita recuou 4,8% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 35.172 em 2020.

Segundo o IBGE, no acumulado do ano, o PIB em valores correntes totalizou R$ 7,4 trilhões.

Apesar do crescimento no quarto trimestre, a economia brasileira não voltou ao nível pré-crise. Ainda está 1,2% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado também se encontra 4,4% abaixo do pico registrado no início de 2014. Ou seja, ainda não se caracteriza uma recuperação em “V”.

Os economistas consultados pelo BC no boletim Focus chegaram a apontar contração de quase 7% durante o ano, mas as expectativas se tornaram menos negativas após o Congresso Nacional aprovar o auxílio emergencial e outras medidas de estímulo, que alcançaram patamares equivalentes aos gastos de países desenvolvidos.

A redução dos juros para o menor patamar da história recente, o cenário internacional com vários países adotando estímulos e a recuperação nos preços de produtos básicos exportados pelo Brasil também contribuíram para amenizar a queda do PIB.

SETORES

A pandemia teve efeitos desiguais em 2020 sobre os três grandes setores que compõem o PIB, com retração em serviços e indústria e avanço na agropecuária.

Principal motor da atividade econômica brasileira e maior empregador do país, o setor de serviços amargou queda de 4,5% em 2020.

Foi o maior recuo da série histórica, iniciada em 1996, segundo o IBGE. O pior resultado anterior da série foi em 2015 (-2,7%). O setor é responsável por quase 50% do emprego no país. O impacto foi maior nos segmentos que mais necessitam de atendimento presencial, como alimentação, hospedagem e lazer.

O subsetor “Outras atividades de serviços”, onde elas se encaixam, teve queda de 12,1% – a maior do setor.

Já a indústria registrou recuo de 3,5% ante 2019.

Já o agronegócio mostrou crescimento de 2% no ano, impulsionado pelas safras de soja, café e milho.

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