quarta-feira, 27 novembro 2024

PMs são presos em SP suspeitos de tentar matar homem que teria aplicado golpes de R$ 50 milhões

Outros dois suspeitos, que não são policiais, também foram presos  

PMs procuraram o acusado de golpe em hotel de luxo em Atibaia – Divulgação

Dois policiais militares foram presos sob a suspeita de tentar matar um suposto golpista, no último dia 9, em Atibaia (SP). Segundo Ministério Público de São Paulo, ele teria feito 50 mil vítimas com o crime chamado de pirâmide financeira, desde 2019. O esquema criminoso, acrescentou a Promotoria, rendeu R$ 50 milhões ao suspeito e a mais três comparsas.

Dois outros suspeitos, que não são policiais, também estão presos por suposto envolvimento na tentativa de homicídio. Além dos policiais, um delegado e um escrivão da capital paulista são investigados pela Corregedoria da Polícia Civil, pois teriam ido com uma viatura do distrito ao local onde os PMs, que estavam de folga na ocasião, tentaram supostamente matar a vítima.

Eles descumpriram determinação do governo estadual, que proíbe desde fevereiro a saída de policiais civis da área de cobertura de suas delegacias, sem autorização da seccional responsável. O advogado Renato Soares do Nascimento, defensor dos policiais militares Claudemir Alves e Ricardo Botelho de Mota, afirmou, nesta quinta-feira (2), que seus clientes atiraram contra o carro do golpista “em legítima defesa”.

“O suspeito acelerou o carro para cima de meus clientes, que atiraram para se defender”, argumentou. De acordo com a Polícia Civil, Alves e Mota foram até um hotel de luxo, em Atibaia, onde um dos outros envolvidos estava hospedado, para monitorar os passos do suposto estelionatário — que tinha um mandado de prisão em aberto, pela Justiça. Sua defesa não foi localizada.

Este outro envolvido seria amigo dos PMs e, segundo a investigação, teria sido vítima de um golpe aplicado pelo suposto estelionatário, que estava hospedado no hotel. “A ideia era somente confirmar que o suspeito estava hospedado no hotel e fazer o mandado de prisão dele ser cumprido”, acrescentou o advogado dos PMs.

PMs teriam se passado por investigadores

Ainda segundo registros da Polícia Civil, os PMs teriam se identificado como investigadores, informando a funcionários que iriam prender um hóspede do hotel. Enquanto os policiais argumentavam com o atendente, o suposto golpista fugiu em um carro de luxo blindado, que foi seguido pelos PMs.

Segundo a Polícia Civil, o golpista afirmou que os PMs atiraram contra seu carro quando ele fugia. A perseguição terminou somente após policiais rodoviários abordarem os cinco envolvidos e os prender, logo após os disparos, em uma estrada vicinal de Atibaia. Ninguém se feriu.

Já os PMs, segundo a defesa, argumentam que o suspeito parou o carro e, por isso, os dois agentes desembarcaram. Porém, o golpista teria acelerado contra os policiais, que atiraram “para se defender”.

Os dois policiais militares foram indiciados por tentativa de homicídio e permanecem detidos no presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista. O caso foi relatado à Justiça em agosto, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).

“A PM acompanha o andamento processual para a adoção de medidas cabíveis”, diz nota da corporação. O local onde os outros três presos estão detidos, incluindo o estelionatário, não foi informado.

A SSP disse ainda que a Corregedoria da Polícia Civil investiga a conduta de um delegado e de um escrivão, que foram ao local onde os PMs de folga atiraram contra o golpista. Nenhum detalhe sobre eventuais afastamentos, ou outras medidas, foram dados.

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