O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2018, terminou hoje com a realização das provas de matemática e ciências da natureza. Segundo avaliação dos professores que tiveram acesso às 90 questões do exame foram mais fáceis do que as do ano passado.
De acordo com a análise, as questões abordaram temas tratados em sala de aula, usaram gráficos que facilitavam a resolução das questões e cobraram cálculos mais simples.
Para o professor Diego Viug, coordenador pedagógico do ProEnem, na prova de matemática faltaram alguns temas, mas os cálculos exigidos eram mais simples. “Foi uma prova muito diferente dos anos anteriores. Cobraram alguns temas, mas deixaram outros de fora. Agora foi uma prova mais próxima do aluno”, afirmou.
Segundo Viug, faltaram questões de matemática espacial, que estavam presentes nos exames anteriores, e de função quadrática (que envolve fórmula de Bhaskara), por exemplo, mas houve bastante cobrança de escala de mapa. “Achei desproporcional. A prova ficou pobre, mas mais fácil, porque os alunos têm mais facilidade em resolver essas questões de escala”, argumentou.
Para o professor Léo Gomes, do Descomplica, a prova de Física foi a mais fácil dos últimos quatro anos. “A prova estava bem tranquila, com questões sobre temas batidos, sem surpresas”, disse. Segundo ele, as questões eram diretas e com exemplos abordados em sala de aula, exceto duas – sobre autofalante e ondas – que exigiram mais conhecimento e interpretação.
O professor Allan Rodrigues, do Descomplica, disse que, ao contrário do que ocorreu nos últimos anos, a prova de Química teve apenas duas questões envolvendo cálculos, o que simplificou a vida dos estudantes. Porém, houve cobrança de temas mais usais no ensino superior, como o gráfico de energia com distância entre átomos.
“Em relação ao ano passado, foi mais fácil, porque exigiu menos contas e mais teoria, mas havia questões difíceis”, avaliou Allan. Chamaram a atenção do professor as questões envolvendo as substâncias grafeno e nióbio, bastante citadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
A prova de Ciências da Natureza, segundo o professor João Rafael Silva, coordenador pedagógico do colégio Mopi, não apresentou surpresas em relação aos exames anteriores. “Foi mais fácil que a do ano passado. O uso de gráficos e imagens facilitou o entendimento, e os estudantes conseguiam entender os caminhos para resolver as questões”, disse.
DIFICULDADES
Em contraponto aos professores, alunos, principalmente de escolas públicas, reclamaram que em em alguns casos, como física, as questões abordaram temas que não foram abordadas no ensino médio. Estudante de escola pública, Felipe Barreto, de 18 anos, disse que achou bem difícil. “Grande parte das matérias que caiu de biologia, física e química a gente não aprende no ensino fundamental”, destacou o jovem, que espera conseguir uma bolsa melhor ou em uma faculdade mais conceituada para cursar design gráfico, curso em que já está matriculado.
“Física estava extremamente difícil”, disse a estudante Julia Silva, de 17 anos, que fez as provas na Rua Vergueiro, zona sul da capital paulista. Segundo ela, a matéria foi pouco explorada nas aulas que teve em uma escola municipal paulistana. “As aulas de física meio que não existiam”, criticou.
Porém, ela citou uma das questões da prova de matemática, que abordou o jogo eletrônico Minecraft e surpreendeu. O jogo permite modelar um mundo imaginário a partir de construções feitas com blocos. A questão envolvendo essa realidade virtual foi considerada fácil pela estudante, assim como o restante da prova envolvendo a disciplina. “A parte de matemática estava fácil”, enfatizou.
Isabelle Linhares, de 21 anos, comentou que não estudou o suficiente, mas classificou o exame de forma positiva. “Se eu tivesse estudado mais, estaria mais segura. Não me preparei o suficiente” afirmou a jovem, que já é universitária e busca uma bolsa integral para continuar o curso de publicidade.