As disputas no segundo turno serão um teste de força para PSDB e PT, partidos que polarizaram a política brasileira de 1994 a 2018 mas perderam capital político nas urnas nesta eleição municipal. As duas legendas, que caíram em número de prefeituras nesta eleição em comparação com 2016, terão nas disputas deste domingo (29) a chance de vencer nas maiores cidades do país.
Os tucanos apostam todas as suas fichas em São Paulo, onde uma possível vitória significará governar uma população de 12 milhões de pessoas nos próximos quatro anos.
A reeleição de Bruno Covas (PSDB), que disputa contra Guilherme Boulos (PSOL), é considerada crucial para o futuro do partido, que nesta eleição perdeu espaço e protagonismo nos municípios para outras legendas da centro-direita, como o DEM.
O PSDB ainda disputa o segundo turno em outras 13 cidades, incluindo duas capitais: Teresina e Porto Velho. No 1º turno, já havia conquistado as prefeituras de Natal e Palmas.
Na capital do Piauí, onde os tucanos governam desde 1993, o candidato Kleber Montezuma enfrenta dificuldades para barrar a ascensão do adversário, o médico e ex-deputado Dr. Pessoa (MDB).
Em Porto Velho, o cenário é mais tranquilo, e o prefeito Hildon Chaves é favorito para ser reeleito contra a vereadora Cristiane Lopes (PP).
O PSDB ainda disputa a prefeitura de seis cidades do estado de São Paulo: Ribeirão Preto, Taboão da Serra, Praia Grande, São Vicente, Piracicaba e Mogi das Cruzes.
Maior partido do campo da oposição, o PT terá no Recife o seu principal campo de batalha neste domingo. Em uma disputa acirrada, a deputada federal Marília Arraes enfrenta o primo e também deputado federal João Campos (PSB).
Além da conquista da prefeitura de uma das maiores capitais do país, a vitória de Marília também representaria movimento de renovação de quadros e da imagem do PT.
Em Vitória, o ex-prefeito João Coser (PT) terá uma disputa difícil contra Delegado Pazolini (Republicanos), candidato que cresceu na reta final e chegou à frente no primeiro turno na capital capixaba.
Os petistas ainda disputam o segundo turno em outras 13 cidades e poderão retomar espaço em cidades médias. Há quatro anos, o partido venceu somente em Rio Branco dentre os 93 principais colégios eleitorais, o que inclui capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores.
Na eleição deste domingo, a legenda tem as maiores chances de vitória em Contagem (MG), Juiz de Fora (MG), São Gonçalo (RJ) e Diadema (SP).
Na Bahia, o partido do ex-presidente Lula joga todas as fichas para vencer em Feira de Santana e Vitória da Conquista, as duas maiores cidades do interior do estado. As vitórias são consideradas cruciais para o PT na Bahia, que venceu em apenas um dos 30 maiores municípios baianos.
MDB
O MDB é o terceiro partido em mais disputas neste segundo turno: são 12 cidades, incluindo sete capitais: Porto Alegre, Goiânia, João Pessoa, Teresina, Maceió, Cuiabá e Boa Vista.
A principal chance de vitória está na capital de Roraima, onde o vice-prefeito Arthur Henrique (MDB) quase venceu no primeiro turno e é favorito a vencer e consolidar o terceiro mandato consecutivo da sigla na cidade.
O partido também é favorito em Goiânia, onde o ex-governador Maguito Vilela lidera com folga mesmo sem fazer campanha nas ruas. Ele contraiu Covid-19 e está internado há quase um mês em um leito de UTI. Seu quadro de saúde é considerado estável, mas ele está intubado e sequer sabe que está no segundo turno das eleições.
Dentre as 18 capitais em disputa neste domingo, 8 têm um cenário mais bem definido e um favorito claro: Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiânia, Teresina, Aracaju, Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista.
RIO DE JANEIRO
No Rio, Eduardo Paes (DEM) tem larga vantagem e deve vencer o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), resultado que representará mais uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que apoiou Crivella. O cenário é parecido em Fortaleza, onde José Sarto (PDT) conseguiu formar uma ampla rede de apoios no segundo turno que inclui de PSDB e DEM a PT e PSOL. Ele caminha para vencer Capitão Wagner (PROS), outro nome apoiado pelo presidente.
Apesar dos prováveis revezes no Rio e em Fortaleza, Bolsonaro pode ver aliados vencerem em até cinco capitais. Neste segundo turno, ele apoiou publicamente Delegado Eguchi (Patriota), que protagoniza uma disputa acirrada com Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém. Os candidatos em Rio Branco, Cuiabá, Vitória e João Pessoa não receberam o apoio de Bolsonaro, mas, durante a campanha, mostraram-se alinhados com as ideias do bolsonarismo. Em geral, fazem discursos focados na ideia de nova política, combate à corrupção e conservadorismo nos costumes.
Nas demais capitais, a promessa é de uma disputa voto a voto, cenário que resultou em um acirramento das campanhas nas últimas duas semanas, com denúncias, ataques e acusações de lado a lado. No Recife, por exemplo, o PSB apostou no sentimento antipetista para tentar frear o crescimento de Marília Arraes. Panfletos apócrifos foram distribuídos em igrejas com ataques à petista. No último dia da campanha, ela partiu para o contra-ataque.