quinta-feira, 18 abril 2024

‘São ataques totalmente sem nexo’, diz Mourão sobre críticas a militares

O vice-presidente Hamilton Mourão reagiu nesta segunda-feira (6) a uma nova ofensiva iniciada por seguidores do escritor Olavo de Carvalho contra o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Santos Cruz. Para o general, as críticas feitas desde o domingo (5) nas redes sociais, e que tiveram o apoio dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, são “totalmente sem nexo” e o melhor a ser feito neste momento é ignorá-las.

“Você sabe qual é a minha visão: sem comentários”, disse. “Esses ataques são totalmente sem nexo. Se nós ignorarmos, será muito melhor para todo mundo”, acrescentou. Nesta segunda-feira (6), o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, também respondeu aos ataques feitos a militares pelo escritor e se referiu a ele como um “Trotsky de direita”.

No mês passado, Mourão sofreu uma série de ataques de seguidores do ideólogo, incluindo o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que o acusavam de adotar uma postura que não condizia com a do governo. Nas últimas semanas, o alvo preferencial virou Santos Cruz, em cuja pasta está subordinada a Secom (Secretaria de Comunicação Social), estrutura que virou motivo de disputa entre os olavistas e militares.

No domingo, o general sofreu campanha de detração em razão de entrevista concedida em abril na qual comentou sobre a necessidade de se evitar distorções nas redes sociais. Um trecho da fala foi pinçado pelo humorista Danilo Gentili, que lançou dúvidas se a fala do ministro abriria caminho para a regulação das mídias sociais.

O que se seguiu foi uma série de posts da família Bolsonaro sobre o assunto e de simpatizantes do presidente, que chegavam a pedir a saída do general do cargo. No início da noite de domingo, Santos Cruz se reuniu com Bolsonaro. Segundo relatos de assessores presidenciais, no encontro, combinaram de não alimentar ainda mais a polêmica.

No mês passado, Santos Cruz desautorizou pedido feito pela Secom para que as empresas estatais enviassem para avaliação prévia propagandas de perfil mercadológico. O gesto foi interpretado por assessores palacianos como a primeira crise entre o militar e o empresário Fábio Wajngarten, que assumiu recentemente a Secom na tentativa de melhorar a comunicação do governo

OLAVO X MILITARES

Relação familiar: Bolsonaro conheceu Olavo de Carvalho a partir de seus filhos, que são admiradores do escritor. Em março, durante a viagem presidencial aos EUA, Bolsonaro, Eduardo e Olavo estiveram em um jantar na residência oficial do embaixador do Brasil em Washington.

Indicações para o governo: Apontado como guru de Bolsonaro, Olavo foi responsável pela indicação de dois ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodríguez, demitido do MEC no início do mês.

Conflitos com militares: Olavo tem feito críticas públicas à atuação dos militares no governo Bolsonaro, o que inclui o vice-presidente, Hamilton Mourão, e já pediu a seus ex-alunos que deixem o governo. A disputa entre olavistas e membros das Forças Armadas chegou a travar as atividades do MEC e culminou na demissão de Vélez.

Vídeo apagado: Em abril, um vídeo em que Olavo criticava os militares foi postado no canal oficial de Bolsonaro no YouTube, mas a publicação foi apagada. Um dia depois, Mourão disse que Olavo deveria se limitar à “função de astrólogo”, e Bolsonaro afirmou que as críticas do escritor não contribuem com o governo.

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