O governo de São Paulo abriu o debate sobre a possibilidade de aplicar uma dose única da CoronaVac, vacina da Covid-19 de origem chinesa que será fabricada pelo Instituto Butantan e que terá seu pedido de registro feito à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quinta (7).
A hipótese começou a ser discutida no Centro de Contingência do Coronavírus, órgão criado em fevereiro do ano passado e que reúne 20 especialistas do setor público e privado. A ideia não passou pelo Butantan e não configura nenhuma decisão ainda.
Ela depende de determinar exatamente a eficácia do fármaco entre as duas doses previstas, com espaço de 14 dias, para estimular uma resposta imune contra o novo coronavírus.
Se a CoronaVac tiver uma cobertura considerada muito boa já na primeira dose, a tendência é repetir a experiência de países europeus e ampliar ao máximo a base de pessoas a serem vacinadas, eliminando a segunda inoculação.
Por essa lógica, a pandemia poderia ser mitigada mais rapidamente, ao menos do ponto de vista de afogamento do serviço de saúde.
Até onde se sabe, as vacinas disponíveis no mercado não impedem a transmissão do vírus, mas evitam que a pessoa adoeça.
Além disso, a ideia trata de um problema já visível na Europa: a falta de vacinas. Mas tal estratégia não é consensual. Nos Estados Unidos, a vacinação tem seguido o rito das duas doses, focando em grupos prioritários, por exemplo.
Há outras questões técnicas. O estudo para o registro na Anvisa compreende dados técnicos de voluntários que tomaram as duas doses. A autorização para uma dose dependeria de ensaios adicionais, algo que não se faz do dia para a noite.
A eficácia da CoronaVac tornou-se uma polêmica após dois adiamentos feitos pelo governo paulista sobre os dados do seu estudo de fase 3, a final, da vacina. Com 13 mil profissionais de saúde inoculados, metade com o fármaco e o resto, com um placebo, é o maior fora da China.