A taxa de desemprego voltou a subir no país e alcançou 14,7% no primeiro trimestre deste ano. A marca representa recorde na série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012.
Com o avanço, o total de desempregados chegou a 14,8 milhões. O grupo reúne pessoas que estavam sem trabalho e seguiam em busca de vagas, com ou sem carteira assinada. O número de desocupados também é o maior da série histórica.
Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (27) pelo IBGE. Integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) com divulgação mensal.
Entre outubro e dezembro de 2020, a taxa de desemprego estava em 13,9%. Já no primeiro trimestre do ano passado, era menor, de 12,2%.
A chegada da pandemia atingiu em cheio o mercado de trabalho. Com a paralisação de empresas, houve corte de vagas em diferentes setores, e mais brasileiros passaram a procurar trabalho ao longo dos meses.
Segundo o IBGE, o país tinha 12,9 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2020. Ou seja, o grupo teve acréscimo de quase 2 milhões de pessoas em um ano, até chegar a 14,8 milhões entre janeiro e março de 2021.
Por conta dos resultados, Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE, entende que a largada deste ano pode ser considerada a pior fase para o mercado de trabalho desde o começo da pandemia.
Segundo ela, a alta no desemprego resultou de uma combinação de dois fatores. O primeiro é o efeito da crise sanitária, que enfraqueceu a economia. Além disso, o início de ano tradicionalmente apresenta avanço no índice de desocupação, com o fim de contratos temporários.
“Uma conjunção de dois fatores levou a esse crescimento. Teve a questão da crise, que comprometeu a absorção de mão de obra, e o período em si, propício para o aumento da taxa de desocupação”, pontuou.
O IBGE também informou que a população ocupada (parcela que segue trabalhando) foi estimada em 85,7 milhões no primeiro trimestre, estável em relação ao período anterior. Ante igual intervalo de 2020, houve redução de 6,6 milhões de pessoas no grupo.
Já a população fora da força de força de trabalho ficou em 76,5 milhões, estável frente ao trimestre anterior, mas com acréscimo de 9,2 milhões de pessoas ante igual período de 2020. A população fora da força de trabalho é composta por quem não está ocupado nem buscando novas oportunidades.
Nesta quinta-feira, o IBGE também divulgou os dados da Pnad Contínua trimestral. Essa pesquisa, publicada a cada três meses, traz recortes sobre grandes regiões, unidades da federação e regiões metropolitanas, além dos dados nacionais.
Conforme o levantamento, o desemprego foi puxado por duas das grandes regiões: Norte, onde a taxa passou de 12,4%, no último trimestre de 2020, para 14,8%, no primeiro trimestre de 2021, e Nordeste, onde o indicador pulou de 17,2% para 18,6%.
Houve avanço no indicador de desocupação em oito unidades da federação. Os maiores aumentos em pontos percentuais foram registrados no Tocantins (de 10,5% para 16,3%), no Pará (de 10,8% para 13,7%), no Maranhão (de 14,4% para 17%) e no Piauí (de 12% para 14,5%).
A taxa de desemprego por sexo foi de 17,9% para as mulheres, maior do que a dos homens (12,2%).
No recorte por cor ou raça, o indicador ficou abaixo da média nacional para brancos (11,9%) e acima para pretos (18,6%) e pardos (16,9%).
Economistas consideram que a retomada consistente do mercado de trabalho depende em grande parte da reação do setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) e é o maior empregador do país.
Na crise sanitária, serviços diversos foram prejudicados, incluindo bares, restaurantes e hotéis. Como essas atividades precisam da circulação de clientes, o avanço da vacinação contra a Covid-19 é considerado fundamental por especialistas para permitir melhora nos negócios.