O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), descartou ontem a necessidade de transferência do principal chefe do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para um presídio federal.
Na terça, a Folha de S.Paulo noticiou que a mudança do líder da facção dividia as forças de Segurança em São Paulo, após a descoberta de um plano de resgate dos comandantes do crime organizado de dentro das penitenciárias do estado.
“Hoje não há [necessidade], pelo menos as forças de Segurança não sentem essa necessidade. Ao fazer um movimento como esse com todo mundo fala que vai [fugir], vamos transferir quantos?”, afirmou o governador.
O pessebista também ponderou que a transferência de um detento como Marcola pode gerar consequências para o estado e para as polícias. “Já tivemos experiências assim que de algum jeito produziram reações, não se pode ignorar isso”, afirmou.
Marcola está preso na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, interior de SP, onde cumpre há quase 20 anos uma pena superior a 300 anos, por uma série roubos, além de crimes ligados ao comando do PCC.
Em meio a ameaças de resgate de Marcola, policiais militares paulistas estão recebendo treinamento desde a semana passada para o uso de armamento de guerra em operação no interior do estado.
Dois tipos de armas são utilizadas nos treinos: metralhadoras calibre .50, que são capazes de derrubar aeronaves, e metralhadoras MAG 7.62, também de grande poder de destruição por funcionar em modo rajada de disparos.
O treinamento da tropa está sendo ministrado por homens do Exército, por determinação do Comando Militar Sudeste, que também cedeu o armamento para ser empregado na operação em Presidente Venceslau, conforme solicitada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Procurado pela Folha, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, disse não poder dar detalhes da utilização do armamento por fazer parte de informações estratégicas de segurança.
As metralhadoras já estão sendo empregadas no interior paulista desde o final de semana. O número exato dessas armas também não foi informado pelo Exército e nem pela PM, mas estima-se que sejam cerca de dez.
O uso desse tipo de armamento é importante na operação realizada no interior porque, segundo o plano descoberto pelo governo, a facção criminosa teria contratado um grupo de mercenários internacionais para resgatar a cúpula presa em Presidente Venceslau. Para a ação estaria previsto o uso de dois helicópteros de guerra.
Embora descoberto, o plano ainda não teria sido abortado pelos criminosos.