terça-feira, 23 abril 2024

Vigilância Sanitária antecipa para quinta (6) estudo que vai definir Carnaval de SP

No início de dezembro, a Vigilância Sanitária aconselhou o prefeito a não realizar a festa de Réveillon na avenida Paulista e o evento acabou cancelado 

A Covisa (Comissão de Vigilância Sanitária) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo apresenta nesta quinta-feira (6) o resultado de um estudo que vai definir se a capital paulista terá Carnaval neste ano (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)

A Covisa (Comissão de Vigilância Sanitária) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo apresenta nesta quinta-feira (6) o resultado de um estudo que vai definir se a capital paulista terá Carnaval neste ano.

Inicialmente, a apresentação do cenário epidemiológico e as projeções sobre coronavírus e gripe na cidade ocorreria na próxima segunda-feira (10), mas ela será antecipada a pedido do prefeito Ricardo Nunes (MDB), segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.

No início de dezembro, a Vigilância Sanitária aconselhou o prefeito a não realizar a festa de Réveillon na avenida Paulista e o evento acabou cancelado.

Na terça, Nunes disse à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que a prefeitura estuda transferir o desfile de blocos de Carnaval, que arrastam multidões às ruas, para o Autódromo de Interlagos. Essa, segundo ele, é uma das soluções estudadas “para garantir a segurança sanitária na cidade e, ao mesmo tempo, a realização da festa, que gera milhares de empregos”.

A declaração foi feita no mesmo dia em que o Rio de Janeiro cancelou a realização do Carnaval de rua. Outras cidades com festejos tradicionais, como Olinda e Salvador, também já riscaram a folia da agenda deste ano. A lista de municípios chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.

Segundo Aparecido, os primeiros dados analisados pela Covisa mostram que o grau de disseminação da variante ômicron do novo coronavírus “segue um gráfico que aponta para um rápido crescimento de contágio em um curto espaço de tempo”.
“É um cenário muito parecido com os de países asiáticos e da Europa”, afirmou o titular da pasta da Saúde na manhã desta quarta-feira (5), durante evento na zona sul da capital para marcar o início de dupla testagem de Covid-19 e de influenza nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município.

Nunes tem falado sobre a geração de trabalho quando cita a folia. “O Carnaval, para a cidade de São Paulo, representa um movimento financeiro de R$ 2,7 bilhões e a geração de 20 mil empregos”, disse o prefeito no mês passado. “Mas a gente segue na linha de seguir o que a Secretaria da Saúde definir”, afirmou.

No ano passado, quando autorizou a criação de um grupo de estudos sobre o Carnaval, Nunes disse que os festejos podem reunir 15 milhões de pessoas.

A CBRS S.A., um centro de distribuição ligado à Ambev com sede em Guarulhos, na Grande São Paulo, apresentou em pregão realizado em novembro passado a proposta de R$ 23 milhões para patrocínio do Carnaval. Segundo a prefeitura, trata-se do maior valor para a realização do evento na capital paulista. “Em 2020, o Carnaval de rua recebeu R$ 21,9 milhões de patrocínio, ante R$ 16,1 milhões em 2019”, afirmou a gestão municipal na época.

Na semana passada, a prefeitura autorizou o desfile 696 blocos de rua e discute agora a possibilidade de levá-los, ou parte deles, para um lugar fechado, como o autódromo de Interlagos. A ideia é exigir o uso de máscaras e comprovante de imunização de quem quiser entrar no local, medidas que devem ocorrer também no desfile das escolas de samba no Anhembi, na zona norte.

“Tudo aquilo que evidentemente tiver controle, em que for possível as pessoas comprovarem que estão vacinadas, que usem máscara, é algo que se tem mais condições de acompanhar”, afirmou Aparecido, citando a São Silvestre, no último dia 31, e jogos de futebol. “Mas o problema não é só esse, temos que ver o cenário da doença hoje na cidade e o de um ou de dois meses depois”, disse. “O impacto de eventos como esse é o que a Vigilância Sanitária está estudando para mostrar ao prefeito.”

Aparecido lembrou que com uma variante com um grau de transmissibilidade muito acentuado, como a ômicron, a cidade deverá ter meses de janeiro e fevereiro pressionados pelo aumento de Covid-19.
O secretário disse que, por enquanto, a rede hospitalar não está sendo afetada, mas afirmou que nos últimos dez dias houve um aumento de 30% dos casos de ômicron na cidade.

Ele também recordou que a ômicron já representa metade da prevalência dos casos do novo coronavírus na capital.

Não é o momento:
Em entrevista coletiva no início da tarde desta quarta, o governador João Doria (PSDB) disse que a decisão sobre a realização do Carnaval cabe aos prefeitos, mas que “não é o momento para aglomerações dessa ordem”.

“A recomendação é evitar que isso [Carnaval] aconteça, porém, a decisão cabe em súmula àqueles que dirigem o comando das prefeituras”, afirmou o tucano, que foi acompanhado por médicos do comitê científico que aconselha o governo nas decisões para o combate da pandemia do novo coronavírus.

Para João Gabbardo, coordenador do comitê, é “impensável manter o Carnaval de rua sem controle de vacinação”.
“A aglomeração é imensa”, disse Gabbardo, citando ainda que, nos casos dos desfiles das escolas de samba, também há preocupação, porque as pessoas vão se aglomerar no transporte coletivo para chegar e sair do local. “Neste momento, é um risco muito alto.”

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que, com os dados atuais de transmissão, pensar em qualquer condição que acumule pessoas, principalmente nas ruas, é preocupante. Ele ainda alertou para a dificuldade de os foliões manterem a máscara de proteção o tempo todo em blocos de Carnaval. 

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também