sábado, 27 abril 2024

Vale recupera valor de mercado um ano após a tragédia de Brumadinho

Cerca de um ano após a tragédia em Brumadinho, a Vale recuperou o valor de mercado que tinha antes do rompimento da barragem em Minas Gerais, em 25 de janeiro de 2019. Com dados econômicos positivos da China, seu principal importador, as ações da mineradora registraram alta de 3,3% nesta sexta-feira (14) e chegaram a R$ 57, valor acima dos R$ 56,15 registrados no pregão anterior à tragédia em Brumadinho. 

Com a valorização neste pregão, o valor de mercado da companhia foi a R$ 301 bilhões, R$ 5 bilhões a mais do registrado pré-Brumadinho. Logo após o rompimento da barragem de rejeitos na mina do Córrego do Feijão em Minas Gerais, os papéis da mineradora foram a R$ 42,38, queda de 24,5% no pregão e uma perda de R$ 72 bilhões em valor de mercado em um único dia. 

O número oficial de mortos da tragédia é de 255 e 15 pessoas ainda são dadas como desaparecidas. 

A valorização da Vale é fruto do otimismo do mercado com a empresa e com o setor. A China, maior importador do minério de ferro brasileiro, assinou na quarta (15) a fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos, o que deve acelerar sua economia e aumentar a importação de minério de ferro da Vale. 

O preço da matéria-prima também deve subir em 2020, segundo relatório do Credit Suisse. O documento argumenta que os estoques da China terminaram 2019 em níveis muito baixos e que isso, junto ao ano novo chinês mais cedo, sugere que a produção de aço deve crescer rápido no primeiro trimestre. 

O banco também cita planos de investimento em infraestrutura da China, além de oferta ainda reduzida da commodity, com os estoques dos portos nos níveis mais baixos desde setembro e com os embarques do Brasil e da Austrália caindo com o início da temporada chuvosa em ambos. 

Do lado corporativo, o Bradesco BBI recomendou compra das ações da Vale na segunda (13), indicando que a empresa é uma “subestimada máquina de fazer dinheiro em modo de diminuição de riscos”, o que levou a Vale a subir 3,6% na ocasião. O Bradesco é um dos maiores acionistas da Vale. 

O cenário positivo se junta às medidas reparatórias e preventivas que a companhia tem anunciado, como a reincorporação de nove barragens semelhantes à de Brumadinho ao relevo e ao ambiente (descaracterização). A medida visa evitar novos rompimentos. 

A barragem de Brumadinho se rompeu em menos de dez segundos, e despejou 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos em menos de cinco minutos, o equivalente a 75% do conteúdo da estrutura. 

Os materiais retidos na barragem apresentavam comportamento frágil, diz relatório, fazendo com que perdessem resistência. O ocorrido é semelhante ao rompimento da barragem de Mariana, em 2015, da mineradora Samarco -que tem a Vale como uma de suas donas-, quando 19 pessoas foram mortas. 

Foram abertas cinco CPIs para investigar o caso: na Câmara, no Senado, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e nas Câmaras de Vereadores de Belo Horizonte de Brumadinho. 

Em setembro, treze funcionários da Vale e da Tuv-Sud, empresa alemã responsável por atestar a estabilidade da estrutura de Brumadinho, foram indiciados por crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos com relação ao rompimento da barragem B1, na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. 

Segundo estimativas da Vale, foram desembolsados com reparação, indenizações e despesas pelo desastre em Brumadinho US$ 1,6 bilhão (R$ 6,55 bilhões) em 2019. Tal valor é menor que a quantia a ser distribuída acionistas de R$ 7,25 bilhões, na forma de juros sobre capital próprio, referentes ao ano de 2019. 

A provisão total relacionada a Brumadinho até 2031 é de US$ 8 bilhões (R$ 32,75 bilhões), valor que inclui a descaracterização de nove barragens. 

Nos dois trimestres que se seguiram ao desastre, a companhia reportou prejuízos líquidos de R$ 6,78 bilhões no total. No terceiro trimestre, a Vale voltou a registrar lucro, de R$ 6,5 bilhões, um resultado 13,7% superior ao registrado no mesmo período de 2018. 

A tragédia em Brumadinho afetou a produção de minério de ferro da companhia e afetou a indústria brasileira, com impacto negativo no PIB (Produto Interno Bruto) do país. 

Após o rompimento no Córrego do Feijão, a mineradora interrompeu o uso de barragens semelhantes e, em seguida, autoridades determinaram o fechamento de outras unidades. 

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