Melhorar o sistema de abastecimento de água e atacar os problemas na rede básica de saúde. Estes devem ser os principais desafios que a Prefeitura de Americana terá em 2019, na avaliação do prefeito Omar Najar (MDB). Em entrevista exclusiva ao TODODIA durante a semana, Najar foi convidado a fazer um balanço de sua gestão em 2018 e antecipar o que espera do próximo ano à frente da cidade. Confira a seguir os principais trechos da conversa:
TODODIA – Como o senhor avalia 2018? Como foi este ano à frente da Prefeitura?
OMAR NAJAR – 2018 foi melhor que 2017, mas não atingimos o ideal para nós, para a cidade… Mas foi um ano melhor. A prefeitura sem ter feito Refis (refinanciamento), conseguiu equilibrar as contas. Pagamos os salários em dia, estamos pagando a última parcela do 13º agora dia 20. Portanto, a gente conseguiu dar um equilíbrio até agora nas contas do município, que estavam completamente em uma situação muito desagradável, com riscos de sequestro (de rendas) e outras medidas judiciais que o município estava sofrendo.
E qual o senhor diria que foi a sua realização do ano, além da questão econômica? Qual seria um marco de 2018?
Nós estamos aí lutando para terminar aquela parte do hospital (Municipal Dr. Waldemar Tebaldi). Com uma emenda parlamentar, nós demos o início à captação de água no Rio Piracicaba, que Americana praticamente estava em uma situação de emergência porque, se tivesse um problema na captação, a cidade ficaria sem água. O andamento da obra está indo muito bem, nós pretendemos talvez no primeiro trimestre do ano que vem utilizar a nova captação de água. E um dado importante, que a gente está lutando muito, é com relação à Estação de Tratamento de Esgoto da Balsa, que é uma obra de aproximadamente R$ 40 milhões, que são recursos do Governo Federal e contrapartida do município equivalente a R$ 6 milhões.
Como está a obra?
Está em fase adiantada e acredito que no finalzinho do ano que vem vamos começar a fazer as interligações e cuidar dessa situação e livrar Americana do problema do esgoto daquela área da Gruta Dainese, do Parque da Liberdade, daqueles bairros todos. Fora isso, a gente fez os trabalhos necessários, mas ainda achamos que temos muito que fazer, principalmente na área da saúde. Eu acho que a saúde de Americana ainda não está a contento e a gente tem feito diversas ações. Nós atravessamos aqui quase três anos em uma crise muito grande. Fora isso, as outras ações que temos feito são na área de recapeamento de ruas, estamos trocando encanamentos que tinham mais de 40 anos no município.
Esse é o principal desafio para 2019, o abastecimento?
Sim.
E a Saúde para 2019?
Estamos terminando o anexo do hospital. As obras estão em andamento e pretendemos também, durante cinco ou seis meses terminar, e poder atender melhor ali no anexo. Fora isso, a gente tem feito reforma no hospital, estamos fazendo uma série de melhorias. A Ala 1 foi totalmente reformada, é equiparada a um hospital de Primeiro Mundo. E aí melhorar o atendimento nos postinhos, porque se você tem um hospital que possa dar um suporte bom, precisamos melhorar o atendimento nos bairros, evitando um acúmulo no (hospital) Waldemar Tebaldi.
O programa “Saúde Já’, neste plano, está sendo suficiente? Ele será prorrogado depois deste primeiro período?
Nós estamos fazendo contato com as clínicas que têm atendido, já têm sido autorizadas as consultas e devagarzinho está indo. A cada dia que passa vamos melhorar. O ‘Saúde Já’ é importante, uma iniciativa muito boa e a gente está procurando atender essas consultas que foram represadas durante muito tempo. Nós tivemos problema sério. Muitos médicos saíram devido à situação que foi criada porque nós tivemos que exigir, de acordo com o Ministério Público, que os médicos batessem o cartão eletrônico e muitos deles não quiseram se sujeitar a isso porque tinham compromissos em seus consultórios. Eles iam lá, ficavam meia-hora e iam embora para seus consultórios. Hoje, não. Ele é obrigado a cumprir com a obrigação e ficar lá o tempo necessário que ele foi contratado para isso. Essa saída de médicos foi uma situação atípica e devagarzinho a gente quer consertar isso.
Do seu primeiro ano de gestão para 2018, como o senhor retrata as finanças, se tivesse que fazer uma análise da evolução histórica?
Nós tivemos uma dificuldade muito grande quando assumimos, quer dizer, nós achávamos que o município teria uma dívida, mas quando assumimos e começamos a abrir a caixa-preta, a dívida praticamente triplicou. A ideia é que a dívida seria de R$ 700 milhões e a surpresa nossa foi que é de R$ 1,2 bilhão. Fora isso, tivemos sequestro de dinheiro pelo BNDES, do Tribunal de Justiça, que é da parte de precatórios (dívidas cobradas judicialmente) que não tinham sido pagos. Então você vivia numa aflição muito grande porque tinha dinheiro no banco e, de repente, o governo sequestrava e tinha compromisso para pagar, tinha folha de pagamento. Infelizmente não podemos reclamar, porque a gente sabia que iria encontrar dificuldades, mas não tanta como encontramos. Mas nós temos fé. Americana é uma cidade que tem condições de se recuperar, mas vai ser a longo prazo.
A longo prazo quanto?
Eu acho que pelo menos mais dois mandatos ou três, se for preciso. Quase 12 anos. É muita dívida. Só de precatórios nós levantamos agora e tem mais de R$ 200 milhões para pagar. E você faz as contas: Americana tem um orçamento hoje de R$ 800 milhões. Aí você pega uma parte, que nós conseguimos reduzir da folha de pagamento, que era de 73% quando nós assumimos, conseguimos derrubar para 48%. Mas, por exemplo, do orçamento, Americana era para estar em uma situação superprivilegiada em relação a outros municípios que a gente está sabendo que existe dificuldade até para pagar salários.
Como o senhor prevê Americana no próximo ano com João Doria governador?
Acho que ele foi eleito como governador de todo paulista. Se ele achar que Americana, pelo que eu falei (críticas), não merece respeito, o problema é dele. Eu não tenho nada a ver com o governador. Governador tem por obrigação ajudar uma cidade onde se arrecada milhões de Reais em ICMS. Agora se ele virar as costas para Americana, paciência. Eu não vou ficar bajulando ninguém, não. Sou grato ao Márcio França e acho que o sr. Doria tem que pensar que ele não foi eleito com a maioria maciça dos paulistas.
Ainda falando de dívidas, a Viação Princesa Tecelã deixou mais de R$ 2 milhões em dívidas em Americana. Como a prefeitura pretende cobrar?
A prefeitura tem ingressado com ações na Justiça e temos as decisões judiciais porque o que era possível fazer, nós fizemos. Essa foi uma das razões de a gente ter rescindido o contrato deles, que estavam inadimplentes, e não cumprindo com a obrigação com o município, que era o recolhimento do ISS (Imposto Sobre Serviço). Tentamos fazer Refis com eles diversas vezes, não cumpriram e chegou num ponto em que a gente não podia continuar com esta situação de cada vez aumentando mais os gastos e não cumprindo com a obrigação perante ao cidadão americanense, que era muito mal servido pelos ônibus de péssimo estado. Então, tivemos que fazer esta situação de emergência, praticamente, para regularizar o transporte coletivo.
A gente falou sobre o transporte e gostaria agora de mudar para trânsito. As mudanças de trânsito geraram um certo desconforto e críticas da população. O senhor já tem uma avaliação completa de como isto está fluindo?
A princípio todo mundo foi contra, por exemplo, as mudanças que nós fizemos na (rua) Dom Pedro II. ‘Ah, porque não vai funcionar, porque não sei o quê lá’. Esse pessimismo eu acho que tem que mudar. As pessoas têm que primeiro ver se vai funcionar. Depois vieram elogios, dizendo que estava funcionando muito bem a Dom Pedro, a saída de Americana para Nova Odessa está funcionando a contento. Nós tivemos dificuldades na (Avenida) Iacanga, que foi um problema de semáforos que não estavam regulados. A partir da data que fizemos a regulação, todo mundo parou de reclamar. Nós tivemos problemas na (Avenida) Cillos? Tivemos e todo mundo reclamou. ‘Não, porque ali não pode virar, porque tem que virar’. Ora, você tem que andar mais um pouquinho, com maior segurança para o veículo, maior segurança na hora em que tem acesso à SP-304, e ficou provado que funcionou. E sem trânsito porque você chegava na Cillos no final da tarde e para acessar o Parque Novo Mundo, Cidade Jardim, era humanamente impossível. Agora tudo isso foi feito com estudo de técnicos, não foi o prefeito, na cabeça do prefeito, quem fez. Até porque eu não sou engenheiro de tráfego. Foi convidada uma empresa, que apresentou as opções. ‘Não, porque o viaduto centenário não vai funcionar, três veículos vai cair o viaduto, vai não sei quê’. Hoje você vê que funciona perfeitamente.
E teve também a mudança no Amadeu Elias…
Existem reclamações do Amadeu Elias? Existe porque o pessoal da Colina tem às vezes uma situação. Mas a gente vai resolver com aquele acesso da Bandeirantes até o Viaduto João Romano, perto do Guaicurus, que tem acesso na Abdo Najar e por ali você vai adentrar. E nós temos um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado com a Rumo (concessionária ferroviária). Não fui eu quem fiz, foi lá atrás, e estamos cobrando porque eles têm que fazer o alargamento do (viaduto) Amadeu Elias. Fora isso, a gente procurou facilitar, e não complicar. Agora se tiver erro e a gente notar que em vez de melhorar, estamos criando problemas, nós voltamos atrás, não tem problema nenhum.
Um marco positivo e um negativo de 2018. Quais foram? Pode ser do município, do Estado ou do País.
Marco positivo? Bolsonaro ganhar a eleição.
E negativo?
A crise que nós estamos passando, inclusive na área da indústria têxtil, e essas dificuldades que a população toda sofreu com o desemprego. Mas eu tenho fé. O Brasil vai entrar numa nova fase, temos tudo para ser e nós somos um grande País.
Se o senhor pudesse mandar um recado para a população de Americana para 2019, qual seria?
Esperança. Eu acho que o Brasil vai entrar em uma nova fase, espero estar cumprindo com minha obrigação e quero desejar a todos um bom ano, com muita saúde, muita paz para todos os americanenses e suas famílias. E que acreditem um pouco no nosso governo, que nós vamos cumprir com a nossa obrigação e não deixar uma cidade como nós pegamos. Nós vamos deixar uma cidade melhor do que nós pegamos.