A CPFL Energia vai inaugurar em Americana uma fazenda solar onde serão instalados 3.320 módulos de captação. O imóvel, que pertence à empresa, fica na gleba anexa à reservada para a Usina Termelétrica de Carioba, projeto que acabou descartado antes de ser implementado.
Americana vai receber a terceira fazenda solar da distribuidora, que já tem outras duas instaladas: uma no bairro rural de Taquinho, em Campinas, e em Capim Branco (MG), cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG).
O projeto de Americana prevê que o potencial energético captado por meio dos painéis seja capaz de abastecer 738 residências.
A CPFL Energia executa projetos privados e fecha contratos para a instalação particular de painéis. Mas, em Americana, a direção da empresa pretende se aproximar do poder público, que pode se beneficiar da alternativa para o abastecimento de novos bairros e empreendimentos.
A prefeitura vai ter representantes no lançamento oficial do projeto, marcado para a próxima semana, em um salão de eventos da cidade.
A Secretaria de Meio Ambiente informou ontem à reportagem do TodoDia que fez o licenciamento ambiental para a fazenda solar. Já existe, portanto, licença prévia de instalação e operação da nova usina. A secretaria informou, por meio de nota, que existe sim interesse público no empreendimento, fonte de energia limpa e renovável.
PROJETO ESTABELECE REGRAS
A Câmara dos Deputados deve analisar, até o final de março, o projeto de lei que estabelece as regras para o consumo de energia distribuída.
O projeto visa democratizar o acesso à energia solar, oferecendo subsídios a pequenos geradores. As alíquotas serão distintas, dependendo do tamanho da geração. O consumo residencial, no caso, terá o benefício de subsídios maiores.
Dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) apontam que a produção da energia solar já injeta no sistema o suficiente para substituir as caríssimas usinas termelétricas. No ano passado, o sistema gerou uma economia de R$ 455 milhões.
A elaboração do projeto passou por longas conversas com a Aneel, empresas do setor solar, distribuidoras e Ministério de Minas e Energias, na busca de consenso e correção de distorções, segundo informou o deputado federal Lafayette Andrada (Republicanos- -MG), um dos autores do projeto.
Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro se posicionou, por meio de vídeo nas redes socais, contra a taxação da energia solar. Disse que a intenção do governo era não taxar, mas explicou que a Aneel é uma agência autônoma e não sofreria qualquer tipo de ingerência no debate sobre o assunto.
APOSTA DE EMPREENDEDORES HÁ PELO MENOS DEZ ANOS
A energia solar virou o assunto do momento, desde quando o Congresso Nacional começou a debater as regras do setor. Mas a produção de energia limpa recebe investimentos há pelo menos uma década, de empreendedores que viram, na época, o potencial econômico da alternativa.
Caso, por exemplo, de Cristiano Rodrigues, técnico em eletrônica que trabalhava na CPFL Energia, e que decidiu investir o que tinha na fundação de uma empresa para a instalação de painéis, em um anexo da própria casa, na região do bairro Cidade Jardim, em Americana.
RODRIGUES | Investimento para instalação de painéis
Para ele, a opção pela energia fotovoltaica enfrentou no começo barreiras junto ao consumidor, que tem uma resistência natural às novidades. Mas a economia alcançada tem atraído um número maior de adeptos a cada dia.
A instalação de um painel fotovoltaico em uma residência padrão, onde moram cinco pessoas, exige investimentos da ordem de R$ 16 mil. E o retorno é garantido em três anos.
A grande vantagem para o consumidor, no caso, é que o excedente da energia solar captada pode ser absorvida pela rede de distribuição, e se converter em créditos na conta de luz.
“Nós chegamos em um momento em que adoção de alternativas limpas e renováveis se tornou irreversível”, diz.
VOCÊ SABIA?
Do total da matéria energética brasileira, apenas 1,22% é produzido por meio dos sistemas solares fotovoltaicos. Em 2019 era equivalente a 2,4 GW de potência instalada – em 2018, era 1,19 GW. E o Brasil tem um potencial enorme no segmento, por receber insolação superior a três mil horas por ano. É o País com a maior taxa de irradiação solar do mundo.
