
As eleições para prefeito, vice-prefeito e vereadores entre os alunos foram realizadas nesta quarta-feira (19) na EMEF Florestan Fernandes, em Americana, como parte do projeto Criança Faz Política, que envolve elaboração de propostas, campanhas e votação simulada para apresentar noções de cidadania e democracia aos estudantes.
A iniciativa é a única do município e busca aproximar os alunos do funcionamento dos cargos públicos. Nos corredores que levam à sala de votação, cartazes exibiam as fotos dos candidatos, todos do 4º ano, que haviam estudado previamente sobre responsabilidades, campanha e processo eleitoral.
Experiências dos alunos
Na fila, a turma do 5º ano aguardava para votar. Alguns já haviam sido eleitos em anos anteriores, como Gabriel Oliveira, 11 anos, prefeito mirim do ano passado. “Tive a sensação de alegria e felicidade. Meu projeto falava sobre saúde, esporte e meio ambiente. Foi bem elaborado, assim como o dos meus colegas”, contou.
Além do cargo de prefeito e vice, a disputa incluía também vagas de vereadores, o que, segundo os professores, ajuda os alunos a entender, na prática, a função do Legislativo. “O vereador dá opiniões nas leis para o prefeito e o vice-prefeito”, explicou a estudante Pietra Severiano, 10 anos, que já ocupou o posto em edições anteriores.

O dia de votar
Dentro da sala, urnas eletrônicas, utilizadas nas eleições brasileiras desde 1996, reforçaram a experiência real de votação para estudantes do 1º ao 9º ano. Para votar, os alunos formavam fila, alguns com o tradicional “santinho”, a colinha com os números escolhidos.
Manuela Dantas, 10, participou pela segunda vez. “É legal, é como se fossemos adultos votando. Quero votar no futuro, mas espero que não seja muito difícil”, disse. A urna faz parte do projeto pelo segundo ano consecutivo, exceto em anos eleitorais. “A urna é preparada dias antes e passa por testes.
Aqui na escola não foi diferente. Fizemos o preparo, testamos e deixamos tudo pronto para as crianças exercerem sua cidadania”, afirmou Márcio Uchida, chefe eleitoral responsável pelos cartórios de Americana. Segundo ele, o processo foi ágil: “A maioria trouxe a colinha. Quem esqueceu consultou a lista de candidatos. Ficamos impressionados com a agilidade. Eles estão entendendo muito bem o processo eleitoral”.
Sobre o projeto
O trabalho é conduzido pelas professoras Kelly Gonçalves e Rosana Amedi e começa no início do ano. “Eles aprendem sobre o serviço público por meio do jornal, que traz notícias de Americana. Depois estudamos as funções do vereador, do prefeito, o que é um partido político e mostramos todos os prefeitos que a cidade já teve. Há uma apostila elaborada especialmente para isso”, disse Kelly.
Podem se candidatar apenas os alunos do 4º ano, que formam partidos por sala e realizam campanhas dentro da escola. O processo inclui ainda treinamento para falar em público, postura e elaboração de propostas, com participação das famílias. “Os pais contribuem, trazem ideias de casa, principalmente sobre saúde. Este ano discutimos muito a questão hídrica, porque foi algo que eles vivenciaram na cidade”, completou a professora.

Aprendizado na prática
Após a eleição, autoridades visitam a escola para ouvir sugestões e explicar rotinas de trabalho. Os eleitos também vão aos gabinetes e à Câmara Municipal para conhecer de perto o funcionamento dos poderes Executivo e Legislativo. Gabriel, ex-prefeito mirim, encarou a despedida com leveza.
“É triste que eu não seja mais prefeito, mas fico feliz que outros tenham a oportunidade. Já fiz minha colinha”, comentou. Pietra também destacou a experiência: “Passar por isso de novo e ver outras crianças participando foi muito legal”.
Impacto na formação cidadã
Segundo a diretora Cidinha Marques, o projeto transforma a forma como as crianças enxergam política. “É lindo ver as turmas apresentando os projetos que discutiram em sala. Quando chegam para votar, estão conscientes das escolhas.
Esse processo faz com que, quando adultos, discutam política com base no que aprenderam aqui”, afirmou. Ela lembrou ainda que uma proposta feita pelos alunos — a implantação do ensino de inglês do 1º ao 5º ano — chegou a se tornar realidade. “Eles foram até a Câmara discutir isso. É lindo vê-los naquele espaço de vereador, defendendo suas ideias e propostas”, disse.





