segunda-feira, 20 maio 2024

Meche deve deixar PSL após fusão com o DEM

Vereador de Americana é o primeiro na região a se manifestar contra União Brasil 

Meche | “Morreu assunto” (Foto: Divulgação | Câmara de Americana)

Ao menos um vereador da região pretende deixar o partido depois que as executivas nacionais do DEM (Democratas) e do PSL (Partido Social Liberal) aprovaram a fusão das agremiações. O vereador Marschelo Meche, do PSL de Americana, afirma que não deve fazer parte da União Brasil, originada a partir da junção das duas siglas. A criação da nova legenda foi anunciada nesta quarta-feira (6) e depende ainda da aprovação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), processo que deve durar cerca de três meses. Mesche vai em sentido contrário ao do presidente do PSL em Americana, Álvaro Meche, pai do vereador, e de parlamentares eleitos pelo DEM e PSL nas cidades de Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré.

“Eu me filiei ao partido por causa do bolsonarismo e pretendo seguir o presidente para onde ele for. Acredito que o PSL foi se perdendo nos ideais e pretendo seguir o meu caminho”, diz o vereador. Meche foi líder do MBL (Movimento Brasil Livre) e eleito em 2016 a uma vaga da Câmara Municipal pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), migrando para o PSL em 2020, pelo qual cumpre mandato.

“O Marschelo tem a independência de mudar de partido. Considero a fusão positiva, uma vez que vai resultar em uma legenda maior, com mais representatividade. Nos próximos dias devo me reunir com os representantes do DEM em Americana para procurar o melhor caminho”, comenta o presidente do PSL.

Em Santa Bárbara d’Oeste a agremiação conta com uma cadeira na câmara, ocupada pelo vereador Carlos Fontes, que também aprova a junção. Para ele, a União Brasil representa uma possibilidade para além do extremismo político. “O partido vem como uma terceira via. Continuo conservador e em defesa da família, mas não de forma extremista”, diz. O diretório de Santa Bárbara é presidido pelo filho do parlamentar, Marcos Fontes, que estima o aumento das filiações após as mudanças.
Atualmente a sigla conta com 300 filiados no município. “Nosso grupo já trabalha sintonizado com esse anseio. O partido se tonifica e fortalece a democracia. Devemos atingir o número de 800 filiados depois do anúncio”, avalia. O Democratas não possui representantes e nem diretório em atividade na cidade.

CAUTELA
Para os vereadores do DEM de Nova Odessa, Levi Rodrigues Tosta e Oseias Domingos Jorge, e Sumaré, Everton Rodrigo dos Santos, o Digão, e Lucas Agostinho, o tamanho do novo partido é visto como o principal benefício nos âmbitos nacional, estadual e regional, mas enfatizam que o momento é de cautela. “Essa fusão, se ela é benéfica ou não, eu não tenho essa certeza. Eu entendo que o fato de unir os dois partidos cria uma bancada que pode colaborar mais com as necessidades da cidade e da região”, pontua Levi. “Vamos torcer para que tudo dê certo e que isso realmente seja usado para benefício da população e não benefício pessoal de alguns parlamentares. Acho que com a polarização presente no país hoje fica tudo muito difícil. Essa divisão para o país é muito ruim”, comenta Agostinho. Os diretórios do DEM em Nova Odessa e Sumaré possuem 120 e 450 filiados, respectivamente. O PSL não elegeu vereadores em nenhum dos dois municípios.

BANCADA
Se consolidada, a União Brasil será a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 82 parlamentares, 29 a mais do que o PT, que conta com 53 representantes na casa.

O cientista político Henrique Curi, do PolBras (Grupo de Estudos em Política Brasileira) da Unicamp, afirma que os principais impactos da formação da União Brasil nos municípios são o aumento do fundo partidário e a manutenção das elites políticas em seus principais nichos. “Existe um impacto por ser um novo ator partidário na região, mas na prática eles tendem a coordenar isso de maneira que as mudanças sejam as mínimas possíveis. Diz muito mais sobre as elites, que permanecerão em seus principais nichos, do que sobre mudanças. Além disso, o acesso maior ao fundo partidário deve ser bom para os prefeitos que permanecerão no partido”, explica.

Curi acredita que a grande aposta da sigla são as eleições municipais de 2024, quando estará fortalecida. “É muito difícil a construção de um personagem que dispute presidência para o ano que vem, mas para as eleições municipais a fusão tem muito potencial”, comenta.

A aposta é que estados e municípios sejam divididos por grupos, de acordo com a relevância de cada uma das agremiações originárias nas localidades. “Cada município tem suas estratégias para decidir quem será recrutado para determinada eleição e se vai haver coligação ou não. Isso deve ser alterado, uma vez que são dois partidos que vão formar uma super bancada e que se fundem com elites muito grandes. Então, provavelmente, vai ter uma disputa intensa entre essas elites.
Goiás, por exemplo, deve ficar com uma elite do DEM, por conta do Caiado. Já São Paulo ainda está em disputa porque o PSL não quer abrir mão”, afirma o especialista.
 

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