terça-feira, 15 julho 2025

Médicos apontam más condições de trabalho no Hospital Municipal de Americana

Em carta à Associação Paulista de Medicina, concursados denunciaram o que chamaram de ‘precarização dos serviços’; denúncia será enviada ao Cremesp  

Hospital Municipal | Médicos concursados descontentes com mudanças (Foto: Prefeitura de Americana/ Divulgação)

Médicos concursados alocados no HM (Hospital Municipal) Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, protocolaram junto à APM (Associação Paulista de Medicina) uma carta na qual afirmam sofrer com a precarização do trabalho no hospital. O documento é resultado de uma reunião realizada entre o grupo de especialistas, a associação e a direção do HM, no último dia 17.

De acordo com a APM, a denúncia será enviada ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

Responsável pela gestão do hospital, a Fusame (Fundação de Saúde de Americana) nega.

O grupo de médicos alega que estaria sofrendo com sobrecarga de trabalho depois que a direção do hospital realizou alteração nas escalas e transferência do local de atuação, o que estaria trazendo prejuízos ao exercício médico.

Recentemente, médicos concursados do HM foram remanejados para a ala de urgência e emergência do hospital, enquanto profissionais terceirizados passaram a atender pacientes do PS (Pronto-Socorro).

“Com o foco direcionado à terceirização, por interesses diversos, somos 17 médicos concursados para o cargo de plantonistas clínicos do PS [Pronto-Socorro], onde trabalhamos há mais de dez anos na rede pública do município. Nas últimas semanas, recomeçaram as ações exclusivas e direcionadas a nós. Estamos sendo retirados do atendimento público na ‘porta’ – urgências – e levados à revelia para sala de emergência, local com diversos pacientes que não conseguem vagas em salas de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”, destaca um trecho da carta. “Não obstante, estamos sendo retirados de nossos dias de plantão e forçados a aceitar outros dias e horários, sem ter explicações, para dar espaço à terceirização”, acrescenta o texto.

Diretor de Defesa Profissional da APM, o médico Marun David Cury afirma que os profissionais estariam atuando em áreas nas quais não são especialistas e responsáveis por um número de pacientes maior do que o determinado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

“Tem situações relatadas que, às vezes, o médico de plantão tem que atender 30 casos de urgênciae emergência de pessoas internadas. A Anvisa determina 10 pacientes por médico. Isso é inconcebível, são condições de trabalho precárias. Além disso, a Prefeitura de Americana e a diretoria técnica do hospital querem impor condições precárias aos médicos concursados. Querem obrigá-los a prestar serviço em terapia intensiva, sendo que é uma área específica e complexa, que exige especialidade, conhecimento profundo e atualizado. Isso representa um risco não só para o profissional como para o paciente. Para ‘sanar’ o problema, o município oferece curso rápido, mas isso não resolve a questão, porque esses profissionais não estão preparados para casos de urgência e emergência”, comenta Cury.

DENÚNCIA
De acordo com ele, os médicos foram orientados a procurar a promotoria da área da Saúde para denunciar a situação e que a APM notificaria tanto a prefeitura quanto o hospital.

Atualmente, o HM Dr. Waldemar Tebaldi realiza entre 250 e 300 atendimentos diários e conta com 69 médicos concursados, que, segundo a Fusame, atuam em todas as alas do hospital, de acordo com a especialidade.

Já os terceirizados cumpririam, em média, 9,4 mil horas por mês de trabalho, divididos entre especialidade e clínica geral para atendimento no PS e em outras alas, conforme necessidade. 

Fusame nega problemas
Questionada sobre as acusações, a Fusame afirmou, por meio de nota, não ter ciência dos apontamentos feitos pela APM. “Na sexta-feira (17) houve uma reunião com os médicos escalados para a sala de emergência do pronto-socorro, destinada a coordenação dos médicos da sala de emergência do pronto-socorro, solicitando uma distribuição da escala dos profissionais para cobertura semanal, uma vez que isso já havia sido solicitado anteriormente, mas por falta de acordo entre os colegas a escala apresentada contava com número elevado de profissionais em determinado dia da semana, e descoberta em outros dias, em especial nos finais de semana. Conforme acordado em reunião, a administração fez uma proposta de escala, considerando as declarações de acúmulo de cargo apresentada pelos servidores, no entanto ficou aberta a novas sugestões, que foram apresentadas apenas nesta terça-feira (21). O HM não tem conhecimento de nenhum apontamento feito pela Associação”, diz a nota.

Sobre o atendimento de emergência, a Fusame diz que as mudanças realizadas visam a melhoria da qualidade do serviço, uma vez que até o final de novembro a sala de emergências contava apenas com um profissional, “incluindo agora mais um profissional em cada período.

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