
Após matéria da TV TODODIA, a Prefeitura de Americana incluiu a história do povo negro nos 150 anos da cidade. A denúncia veio à tona no final de julho, durante a 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Exclusão
Na época, a página criada pela prefeitura para celebrar o aniversário da cidade de 150 anos, na seção “História de Orgulho”, destacava apenas as origens dos imigrantes norte-americanos, italianos e alemães.
A equipe da TV TODODIA acompanhou o caso e constatou, nesta semana, que a Prefeitura incluiu um parágrafo no texto, reconhecendo a contribuição do povo negro na formação e no pertencimento à cidade.
Reconhecimento
No texto adicionado a população negra é reconhecida como parte essencial na construção da cidade, reafirmando que antes mesmo da chegada dos imigrantes os povos escravizados já se faziam presente em Americana.

Entenda o caso
O tema foi debatido na conferência realizada em 29 de julho. Na ocasião, a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Juliani Hellen Munhoz Fernandes, reconheceu o erro e afirmou que uma historiadora havia enviado uma carta relatando a participação negra na história de Americana. Segundo ela, o conteúdo teria sido incluído posteriormente.
Mesmo após a declaração da secretária, a reportagem verificou o site oficial da Prefeitura e constatou que, na seção “História de Orgulho”, ainda não havia o trecho complementar, permanecendo apenas a menção aos imigrantes.
“Os primeiros que chegaram aqui foram os escravizados. Os fundadores só vieram depois que os negros plantaram, construíram. Não existiria essa cidade se não fosse pelos escravizados”, afirmou Benedito Samuel Barbosa, conhecido como Seu Dito Preto, ativista e referência nos movimentos negros da região.

Repercussão
A mobilização ganhou força nas redes sociais da TV TODODIA, ultrapassando 10 mil visualizações e provocando o resultado da mudança na história dos 150 anos da cidade.
Roberto Mendes dos Santos, presidente do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial, reforçou que há provas históricas da presença negra desde os primeiros momentos da cidade. “Em Americana, o Casarão do Salto Grande foi construído por mãos negras escravizadas. Essa é a prova material de que a população negra esteve aqui e ajudou a construir a cidade.”
“A gente não quer reparação em dinheiro. A gente quer visibilidade, sair da invisibilidade. Queremos apenas igualdade de direitos”, completou Seu Dito Preto.