sábado, 14 setembro 2024
CENTRO DE AUTISTAS DE NOVA ODESSA

CAN: Mães relatam emocionadas maior qualidade de vida após atendimento gratuito para filhos autistas

Espaço inaugurado em 2023 atende a 50 crianças mensalmente através do SUS; Adriele, Juliana e Roseane relatam cuidados com seus filhos
Por
Isabela Braz

Inaugurado no início de setembro de 2023, o CAN (Centro de Autistas de Nova Odessa) presta atendimento multidisciplinar semanal a 50 crianças de famílias novaodessenses.

No espaço, que oferece atendimento gratuito através do SUS (Sistema Único de Saúde) para famílias que não possuem condições, crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem acesso a Terapia Ocupacional, Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Psicopedagogia, além de consultas em Neuropediatria, contribuindo assim para o pleno desenvolvimento das crianças. A empresa conta com profissionais treinados na abordagem ABA (Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada).

Segundo a psicóloga Isabella Teixeira, no espaço é avaliado as demandas, os ganhos e o que essas crianças precisam trabalhar para que no espaço seja possível trabalhar demandas que às vezes na sala de atendimento não são trabalhadas. Lá, todos os níveis são trabalhados.

Todo o atendimento é pago pela Prefeitura, sem custo para as famílias atendidas, e tem sido aprovado por mães que passam semanalmente pelo local. Emanuelly,Ethan e Gael de quatro anos e Esthevan de dez anos, são exemplos de crianças que são atendidas semanalmente no espaço.

“A prefeitura libera quatro sessões semanais e nós temos cinco especialidades. Dentro delas, a gente tem que distribuir qual que a criança precisa mais naquele momento”, diz Isabella. Segundo ela, são 50 minutos de atendimento, sendo 10 deles separados para devolutiva dos pais, com orientações para o que fazer em casa. “Eles (os pais) precisam dar continuidade desse trabalho em casa para ter ganho”, destaca.

A psicóloga Amanda Trovó, nova coordenadora do espaço, reforça que em conversas com os pais elas notam muita satisfação nessas evoluções, tendo uma troca boa para que seja um trabalho colaborativo entre todos os envolvidos. “Agora estamos com um projeto, nos organizando para criar um grupo com os responsáveis para que eles tenham ainda mais esse momento de troca e acolhimento além das orientações técnicas. Para que elas tirem dúvidas e aprendam mais da análise do comportamento”, diz.

O atendimento do CAN é feito conforme contrato de prestação de serviços assinado ano passado pela Secretaria de Saúde do Município junto ao Cismetro (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Metropolitana).

EXEMPLOS DO CAN

Rosiane Rodrigues, mãe do Ethan que faz tratamento há quase 1 ano e Esthevan que faz tratamento há dois meses, relata gratidão quando pensa na evolução dos seus pequenos – principalmente de Ethan, autista de suporte 2, não verbal. “A terapia ABA é um conjunto com as terapeutas, família e escola, para poder ver o resultado. Assim que ele entrou aqui eu vejo essa evolução, ele entrou ele usava fralda, hoje não usa mais. Ele entrou aqui sem falar nenhuma palavra e hoje ele consegue falar “Bola”, “Mã” e pra mim é uma gratidão enorme”.

Rose relata que quando recebeu os diagnósticos do filho ela passou por uma espécie de luto, o medo de não ser acolhida também veio, principalmente por não ter condições de pagar uma terapia particular por meio de convênio. “Se não fosse esse centro de referência meu filho estaria em casa, sem terapia e regredindo ao invés de estar evoluindo. É um orgulho pra mim estar colocando meu filho pra fazer tratamento gratuito aqui na cidade”, destaca.

Foto: Raul Rodrigues/TV TODODIA

Juliana Dugolin, mãe da Emanuelly, se emociona quando pensa na evolução que sua filha teve em onze meses de tratamento. Antes de começar o tratamento, Emanuelly tinha bloqueio para conversar com outras pessoas.

“Ela desenvolveu bastante, agora ela fala, ela brinca com outras crianças e eu fico até emocionada. Eu sofri muito, eu não conseguia nem sair em lugar nenhum com a minha filha, as pessoas olhavam. Ela se jogava no chão, ela gritava, chorava com barulho, ficava desesperada e eu não sabia o que fazer, como ajudar ela”, diz a mãe.

Juliana relata que o espaço deu suporte não só para sua filha, mas para que a família soubesse como lidar com o comportamento atípico, para que a criança pudesse evoluir mais a sua independência também, podendo fazer hoje, coisas que sem o tratamento ela não conseguia. “Ela tem um amor pelas meninas, ela mudou completamente. Hoje eu consigo sair, ir num shopping, levei ela no cinema essa semana e ela se comportou super bem, consigo ir a restaurantes, coisa que não conseguíamos. Fico aliviada que ela tem um futuro pela frente”.

Foto: Raul Rodrigues/TV TODODIA

Gael, filho de Adriele Oliveira, ainda não tem seu laudo fechado, o que pode ser normal, podendo levar de algumas semanas a vários meses, dependendo da complexidade do caso. Adriele relembra que em momentos de crise, o pequeno demonstrava alguns comportamentos mais agressivos em casa, na escola, e que após o CAN isso vem sido mudado.

“Antes de entrar aqui as professoras falam que ele era muito agressivo e hoje a gente não escuta esse tipo de reclamação. Eu chego na escola e a professora fala que ele estava contando história para o amiguinho, que uma criança chorou e ele foi lá acolher. A gente vê que isso se dá com auxílio da terapia”, relata Adriele, reforçando que para umas mães isso seria pouco, mas pra ela, é uma grande conquista.

Enquanto o TODODIA visitava o espaço, as crianças entraram no espaço, brincaram juntas, sendo visível muito além do olhar de amor dessas mães, um comportamento mais independente e coletivo.

Como psicólogas, Isabella e Amanda relatam orgulho de ver essa evolução junto com elas em cada passo novo dado na vida delas. “É como se fosse um filho da gente que estamos vendo a evolução, porque a gente dá nosso trabalho, nosso amor naquilo. A gente faz porque a gente gosta e porque queremos isso, qualidade de vida para a criança e para a família”, diz Isabella.

OUTRAS AÇÕES

Entre as medidas de apoio às crianças autistas de Nova Odessa e suas famílias, a atual gestão municipal destaca diversas ações tomadas nos últimos três anos, como a inclusão de 200 alunos especiais na Rede Municipal de Educação, a contratação de 165 profissionais de apoio escolar (cuidadores e estagiários) para acompanhar essas crianças e de ao menos 18 Professores de Atendimento Educacional Especializado.

A Prefeitura também promoveu, em 2023, a regulamentação e emissão das CIPTEAs (Carteirinhas de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) – ou simplesmente “Carteirinhas do Autista”.

Ainda em 2023, a Secretaria Municipal de Saúde fechou o contrato com o Centro de Autistas de Nova Odessa, onde 50 crianças recebem atendimento multidisciplinar semanal. Houve ainda, no Dia das Crianças de 2023, a inauguração de um Playground Inclusivo em frente ao Paço Municipal, e agora em 2024, a instalação de outro Playground Inclusivo no recém-inaugurado Parque Municipal das Crianças.

A Prefeitura de Nova Odessa vem apoiando diversas ações do próprio Grumaa, incluindo o evento de conscientização sobre autismo e síndrome de Down na Praça Central, em abril de 2022; a 1ª Caminhada da Conscientização do Autismo de Nova Odessa, em abril de 2023; o passeio ao Parque da Mônica, em São Paulo, em junho de 2023; e a “tarde especial” exclusiva no “Parque do Amiguinho”, em frente à Prefeitura, em outubro de 2023.

Foto: Divulgação
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