sexta-feira, 19 abril 2024

Candidatos gastam 2,5 vezes mais em impressos na campanha em Americana

Apesar das recomendações do Ministério Público para que candidatos abrissem mão dos panfletos e santinhos por conta da pandemia, dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que, em Americana, os valores gastos com material impresso representam 2,5 vezes o montante investido em impulsionamentos de conteúdo nas redes sociais, a chamada campanha digital. 

De acordo com as prestações de contas feitas pelas candidaturas, o valor total investido pelos candidatos até essa semana em panfletos e adesivos chegou à casa de R$ 461 mil, enquanto os gastos com impulsionamentos no Facebook, Instagram, Youtube e Google somam R$ 164 mil. 

É fato que os materiais impressos, proporcionalmente, são mais caros que os impulsionamentos. Mas com o avanço das tecnologias, a orientação pelo distanciamento social e as recomendações emitidas pelo Ministério Público, a expectativa era de investimentos menores em papel. A entrega de santinhos, inclusive, tem sido bastante criticada nas redes sociais por moradores da cidade que reclamam da sujeira no quintal. 

Ao TODODIA, candidaturas destacaram que as campanhas tradicionais e digital têm importância, mas cada candidato tem adotado uma estratégia diferente. 

O candidato que mais gastou na campanha digital até agora foi Rafael Macris (PSDB), com investimento de R$ 95 mil. Ele também tem o maior investimento em material impresso, na casa dos R$ 203 mil. 

“Os eleitores estão cada vez mais conectados e, por isso, a comunicação virtual é extremamente importante para transmitir as propostas de nossa candidatura”, afirmou a coligação do tucano em nota. 

A candidata Maria Giovana (PDT) é a segunda que mais investiu na campanha até agora, tanto na virtual, quanto na tradicional. 

Na Internet, ela já gastou R$ 49 mil, e com impressos, R$ 144 mil. Ela citou que possui redes sociais com engajamento alto, construído ao longo dos anos de mandato como vereadora, e que tem investido para alcançar o máximo de eleitores da cidade com propostas transparentes. 

O abismo de investimentos nas redes sociais e materiais impressos entre as outras candidaturas e a de Rafael e Giovana é grande. O terceiro candidato que mais gastou até agora é Chico Sardelli (PV). O investimento em impressos foi de R$ 50 mil, enquanto o virtual foi de R$ 14 mil. O candidato falou em equilibrar as ações on-line e off-line. 

“Nossa campanha é focada em redes sociais em função da grande quantidade de propostas e por estarmos, em ano de pandemia, focados em preservar a saúde coletiva. A campanha off-line continua em menor escala pois as pessoas gostam de analisar as propostas dos candidatos”, afirmou. 

Já Kim (SD) investiu até agora R$ 23 mil em impressos e R$ 5,5 mil em redes sociais. “As duas formas de abordagem estão dando muito resultado em nossa campanha, o ideal é quando elas se complementam. Os meios tradicionais foram adaptados para evitar aglomeração de pessoas, um bom exemplo são nossas caminhadas pelos bairros, onde adaptamos para um carro de som com microfone”, exemplificou o candidato. 

Na base de dados do TSE, não estão disponíveis os gastos com redes sociais de Alfredo Ondas (MDB), Adriano de Oliveira (PSOL), Lurdinha Ginetti (PT) e Major Crivelari (PSL). 

De acordo com o tribunal, Adriano gastou R$ 5 mil com material impresso até agora. Ele destacou, porém, que a campanha tem foco no trabalho digital orgânico por meio das lives realizadas pela candidatura. Ele criticou, inclusive, os altos gastos de outras candidaturas, sem citar nomes. 

Ondas, segundo o TSE, gastou R$ 3,2 mil com impressões. O candidato destacou que as duas formas de campanha são importantes. “Quem não aparece, por melhor que seja, não é eleito”, disse. 

Os investimentos com mídias impressas de Crivelari e Lurdinha também não constam na página do TSE. O candidato do PSL, no entanto, disse que “fez pouco impulsionamento” e que a tática tem importunado eleitores. “A campanha on-line invadiu a privacidade. O exagero cansou”, disse. Lurdinha não se manifestou sobre o tema. 

MP PEDIU PRIORIDADE PARA O DIGITAL

Ainda na primeira quinzena da campanha eleitoral, o Ministério Público encaminhou ofício às coligações e partidos políticos de Americana recomendando que a disputa prezasse pelas divulgações digitais, evitando a entrega de material impresso, visitas domiciliares e reuniões presenciais. 

No mesmo dia, porém, o que se viu na cidade foi praticamente o oposto, com eventos de lançamento de candidaturas em salões de festa fechados, visitas a casas de eleitores e, é claro, entrega de santinhos, panfletos e cartões nas feiras e ruas da cidade. 

Quem também fez recomendações e pedidos às candidaturas foi a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Americana, que propôs a assinatura de um termo de compromisso por “eleições limpas”. 

Semanas depois, entretanto, casos de ataques virtuais, disparos de mensagens de texto e fake news têm surgido com frequência. 

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