Previsão é do Consórcio PCJ, que recomenda aos municípios da região ações de contingenciamento
O Sistema Cantareira deverá encerrar o ano com apenas 20,2% do seu volume útil de água. Essa é a previsão do Consórcio PCJ, que disponibilizou aos municípios e empresas membros um boletim sobre a disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ (dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), com o comportamento das precipitações de chuvas no último mês de julho e seu impacto no balanço hídrico da região.
Diante desse cenário, a entidade recomendou aos municípios que iniciem ações de contingenciamento, como campanhas de uso racional da água e execução de obras de ampliação da reserva de água bruta ou tratada para quando as chuvas voltarem a ocorrer.
O documento mostra que, caso seja mantida a atual situação climática, com pouca incidência de chuvas, o Sistema Cantareira – importante conjunto de reservatórios de água para as Bacias PCJ, que abastecem a região, e para a Grande São Paulo – deverá chegar em dezembro com apenas 20,2% do seu volume útil, situação semelhante à registrada em dezembro de 2013, quando o sistema bateu os 21% de reserva, o que levou o Consórcio PCJ a liberar o seu primeiro alerta para a potencial crise hídrica que se confirmou no ano seguinte.
“No documento enviado a todos os membros associados à entidade, verifica-se pelos gráficos apresentados que as chuvas neste ano estão abaixo da média histórica. Apenas os meses de janeiro e julho conseguiram apresentar volume acumulado de precipitações dentro do esperado para a região das Bacias PCJ, mas na média anual estamos abaixo do volume esperado. No Sistema Cantareira, esse dado é ainda mais preocupante, já que em nenhum mês de 2021 choveu dentro da média para o período”, diz o Consórcio.
Esse comportamento climático tem impactado as vazões dos rios das Bacias PCJ, diminuindo o volume de água disponível. Como exemplo, o Consórcio PCJ cita o Rio Piracicaba, que registrou vazão média para o mês de julho de 21,09 m³/s, quando o esperado é de 63,01 m³/s, o que representa 44.912 piscinas olímpicas a menos de disponibilidade de água.
REGIÃO
Mesmo fenômeno tem sido verificado em todos os rios da região e, inclusive, nas vazões de afluência ao Cantareira, ou seja, no volume de água que chega até os reservatórios. Essas ocorrências levam a equipe técnica do Consórcio PCJ a entender que a bacia hidrográfica da região está sob ação de um “evento climático extremo e com poder para causar impactos em 2021 e com reflexos no próximo ano”.
Os municípios atendidos pelo Sistema Cantareira, que estão localizados nas calhas dos rios Atibaia, Jaguari e Piracicaba, tendem a estar mais seguros, devido às vazões adicionais dos reservatórios, mas se esse fenômeno climático seguir durante esse ano e início de 2022, poderão no próximo ciclo seco ter problemas de disponibilidade.
Já os municípios que estão nas bacias não atendidas pelo Cantareira, ainda segundo o Consórcio PCJ, podem enfrentar escassez severas ainda neste ano, especialmente entre os meses de agosto e outubro, quando a estiagem se intensifica.
Na conclusão do boletim, o Consórcio PCJ afirma que o momento é de alerta e que as precipitações abaixo da média vêm sendo verificadas nos últimos quatro anos, com uma intensidade ainda maior em 2021.