quarta-feira, 25 junho 2025

Cápsula do tempo concretada em 1922 é aberta em escola de Piracicaba

Caixa de cobre foi colocada na Escola Sud Mennucci para ser aberta no dia 7 de setembro de 2022

Caixa de cobre foi guardada por 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba — Foto: Samantha Silva/g1.

O que você diria para alguém que viveria somente 100 anos depois de você? O que deixaria? Cartas, fotos, documentos… quais objetos são capazes de contar a história da sua época? Essas perguntas foram feitas para uma geração de alunos e professores da Escola Estadual Sud Mennucci, em Piracicaba (SP), em setembro de 1922. 

Todos esses depoimentos foram guardados em uma cápsula para serem abertos no dia 7 de setembro de 2022, durante as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil.

A caixa foi colocada bem no saguão da escola, um casarão que tem quase a mesma idade da cápsula e já foi tombado como patrimônio histórico.

Bem ali, na manhã de quarta-feira (7), um grupo restrito de funcionários da escola e do governo do estado, ex-alunos, representantes do município e jornalistas aguardavam para testemunhar o que pedia uma ata escrita cem anos atrás. 

A ideia visionária veio de Honorato Faustino, diretor da escola à época. Dentro da cápsula foi colocada uma série de objetos, cartas e documentos que pudessem contar um pouco como viviam as pessoas da época, o que pensavam do futuro e como estudavam os alunos que seriam a geração seguinte a viver no país.

Os objetos foram reunidos no período de celebração da Independência em 1922, mas a caixa foi fechada e colocada no saguão no dia 15 de novembro de 1922, data da Proclamação da República. “No dia 23, ele [Honorato] viu que a caixa não estava selada completa, resolveu abrir pra selar de novo, colocou mais alguns jornais e aí selou direitinho”, explica Maurício Beraldo, historiador do museu municipal responsável por acompanhar a restituição dos objetos.

Todos esses detalhes foram descritos em uma ata pelo diretor Honorato, que tanto contava como foi a cerimônia de colocação da cápsula (bem parecida com a que acontecia nesta quarta), instruções para ela ser aberta 100 anos depois, como ainda a descrição geográfica do exato lugar onde ela foi colocada (sabe Deus se no futuro aquela parede ainda estaria de pé ou abrigaria a mesma escola, não é mesmo?).

“A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João”, dizia o texto.

A maior apreensão de todos ali – e expectativa de quem esperou décadas para acompanhar esse momento – era se os objetos e documentos teriam se conservado após todos esses anos “enterrados” na parede. A caixa foi retirada na presença de todos, mas levada logo em seguida pela equipe do museu para o laboratório da escola, onde foi aberta sem que a luz do lugar pudesse danificar o que tinha dentro.

Ao voltar do laboratório – onde apenas alguns objetos que estavam mais sólidos foram expostos ao público – Maurício conta que quase todo o material foi salvo: matérias que os alunos estudavam, boletins e trabalhos escolares, selos, dinheiro, materiais escolares, jornais e registros das comemorações da Independência, fotos que incluíam um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. “Mas tudo de terno e gravata”, comenta sobre o costume da época.

Após todo esse processo, o conteúdo da caixa ficará exposto no Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em Piracicaba. A previsão é que o público possa ver tudo em novembro deste ano, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação.

Fotos: Samantha Silva/g1

Via G1

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