Cidades da região fecham o cerco contra a fraude nos hidrômetros, que anualmente provocam um rombo milionário nas contas públicas, além de comprometerem o próprio sistema de abastecimento.
Administrados pelo poder público ou por concessionárias privadas, os serviços se concentram hoje na identificação e na punição de infratores, além de intervenções físicas que possam dificultar os procedimentos criminosos.
Nova Odessa, por exemplo, chegou a registrar, até 2018. Cerca de 40 fraudes anuais dos equipamentos. O sujeito fazia ligações clandestinas na rede para deixar de pagar a conta, ou usava pregos, arames e cabos para alterar o registro do consumo nos hidrômetros.
Para mudar a situação, a Coden Ambiental – administradora do sistema, controlada pela prefeitura – investe na fiscalização e na substituição dos equipamentos avariados.
Em Sumaré, a situação é alarmante. A concessionária BRK descobriu, só no ano passado, 565 irregularidades, número equivalente a 10,9% dos hidrômetros instalados.
Para conter as fraudes, a empresa acirrou a vistoria da rede, por meio da análise visual executada pelos próprios agentes que conferem o consumo. Diante de variações de consumo suspeitas, uma equipe técnica confere a situação in loco.
TROCA
Nova Odessa decidiu combater as fraudes com a troca periódica dos hidrômetros e a adoção de equipamentos modernos, que identificam rapidamente a alteração no volume de água consumida.
Os aparelhos “volumétricos” permitiram que o número de fraudes anuais caísse de 40 para 28 em 2019. “A troca, feita a cada cinco anos, já garante a redução significativa das ocorrências”, explica o chefe do Setor de Contas e Consumo da Coden Ambiental, Alexandre Rodrigues.
Só no ano passado foram trocados 1.650 hidrômetros na cidade, resultado de um investimento de R$ 196,2 mil.
A companhia ainda investe na fiscalização. E os leituristas assumem um papel essencial no processo. Eles fazem a “análise crítica” do consumo. “Uma leitura que não oscila ou um consumo incompatível com o número de moradores da casa pode ser indício de irregularidades”, diz Rodrigues.
Outro fator que contribui para a redução das fraudes é a substituição da rede de distribuição de água.
Nos últimos sete anos, foram investidos R$ 37 milhões na troca de 62 quilômetros de tubulação antiga por tubos mais resistentes e duráveis, e em novos equipamentos, como softwares de monitoramento, válvulas de controle de pressão e sensores modernos.
“Quando trocamos a rede de distribuição, substituímos também as ligações domiciliares, responsáveis por levar a água da rua aos hidrômetros. A nova instalação inibe a ação de fraudadores”, afirma o diretor-presidente da companhia, Ricardo Ongaro.
Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo telefone 0800-7711195.