O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou nesta terça-feira (28), o título de Doutor Honoris Causa para o grupo de rap nacional Racionais MC’s. O pedido da concessão do título foi encaminhado para a Universidade em uma das reivindicações de uma carta antirracista de 2022 por um grupo de estudantes.
Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay foram reconhecidos como intelectuais públicos que dialogam com o pensamento social brasileiro.
O grupo de Rap que possuí 35 anos de estrada, com clássicos na bagagem musical brasileira como “Negro Drama”, “Um Homem na Estrada” e “Jesus Chorou” traz por meio da música atuação no combate ao racismo e demais mazelas sociais acometidas no país.
Segundo o presidente da comissão de especialistas, formado para avaliar a concessão da honraria ao grupo, Mário Medeiros, professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), o pedido tem vínculo com uma série de mudanças sociais de inclusões sociais da Universidade. “Em particular 2017, quando neste Conselho Universitário foi aprovado um parecer favorável às ações afirmativas para estudantes pretos, pardos, indígenas e oriundos de escola pública”, afirmou.
O título de Doutor Honoris Causa, a distinção máxima prevista no estatuto da Unicamp, é concedido a pessoas que tenham contribuído, de maneira notável, para o progresso das ciências, das letras ou das artes e/ou que tenham beneficiado, de forma excepcional, a humanidade ou tenham prestado relevantes serviços à Universidade.
O Consu atualmente tem 29 membros da sociedade que carregam o título. Nomes como o professor Paulo Freire, o poeta Mário Quintana e o arquieto Oscar Niemeyer.
“Esses são intelectuais públicos que somente existem em seu conjunto e, a partir dele, os quatro enunciam poéticas, projetos estéticos e projetos políticos desde 1988 a respeito do Brasil. Dialogam e lutam com o pensamento social brasileiro, confrontam o racismo e as violências sociais que nos constituem enquanto sociedade, incitando a atitudes antirracistas e solidárias de negros e não negros, periféricos e não periféricos, visando a mudanças sociais profundas. Destarte, o título só fará sentido se concedido ao conjunto”, diz trecho do parecer.
O grupo
Fundado em 1988, com músicas que destacam a luta e vivência das periferias paulistanas na grande capital, com quatro álbuns de estúdio, o grupo é considerado o maior nome do rap nacional.
Nas músicas, o conjunto aborda temas como a brutalidade da polícia, do crime organizado e do estado, bem como o preconceito, as drogas e a exclusão social da classe mais vulnerável socialmente.
Com tanta relevância na música e na política atual, desde 2018 a obra dos Racionais MC’s faz parte do cotidiano da Unicamp quando as letras do álbum Sobrevivendo ao Inferno tornaram-se leitura obrigatória do Vestibular.