sexta-feira, 22 novembro 2024

Consumidor troca de marca e corta gastos para garantir arroz

O preço do arroz disparou nas gôndolas dos supermercados. O pacote de cinco quilos, que podia ser encontrado a R$ 12,00 no começo da pandemia, sai por volta de R$ 22,00 nas principais redes supermercadistas de Americana. O mesmo pacote, em diversas cidades brasileiras, já beira os R$ 40,00. Em Americana e região, alguns supermercados adotaram limite de unidades de arroz que cada consumidor pode comprar.

Diante da crise, o varejo se apressa em explicar que foi obrigado a assimilar os reajustes praticados pelos fornecedores.  Ao consumidor final, no entanto, só resta optar por marcas e rezar para a queda dos preços.

A reportagem do TODODIA circulou pela cidade na tarde desta terça-feira e ouviu depoimentos que misturam indignação e inconformismo.

O perito criminal Fabrício Pacheco, de 48 anos, por exemplo, conta que optou em tirar do carrinho os produtos supérfluos. Ele deixou de gastar dinheiro com o que não considera gênero de primeira necessidade, só para garantir o arroz na panela.

O corretor Carlos Oliveira, que deixava o supermercado com 15 quilos de arroz, contou que fazia a compra do mês que seria entregue na casa da mãe.

Optou por uma marca tradicional, cara, para não decepcionar a senhorinha. Mas, para sua casa, ele optou pela marca mais barata, cujo pacote de cinco quilos sai por volta de R$ 16,00.

E ele afirma que a disparada nos preços o fez pesquisar, com atenção, as ofertas em folhetos que são postados nas redes sociais e chegam pelo celular. “Ao consumidor só resta a alternativa de procurar o que é mais barato”, afirma. “Tomara que o preço caia com o fim da pandemia”.

AS CAUSAS

De acordo  com os especialistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP, a alta do arroz chega a 100% em 12 meses. E o pior é que os preços devem continuar subindo. O presidente Jair Bolsonaro chegou a pedir “patriotismo” aos donos de supermercados, para que eles segurassem os preços.

De acordo com a Apas (Associação Paulista de Supermercados), os aumentos são provenientes de variáveis mercadológicas. O dólar disparou, por exemplo, e tornou a exportação mais interessante para o produtor. O que resta para o consumo interno fica mais caro. Os supermercados, no caso, estão no final da cadeia de consumo, e sofrem com o encarecimento do arroz nas etapas anteriores.

Segundo a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto. Além da alta do dólar, o preço do arroz se explica pela procura maior do produto durante a pandemia. As pessoas passaram a cozinhar mais em casa.

E a opção dos produtores pela exportação não vai provocar a falta do arroz, segundo gerentes de importantes redes ouvidos pela reportagem. No começo da pandemia, houve correria às gôndolas para garantir o cereal no armário. Agora, a procura é menor porque o preço está muito alto.

Apas: diálogo é permanente

Existe no setor preocupação com o gargalo de consumo no varejo alimentar. A direção da Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou, em nota oficial, que mantém diálogo permanente com o poder público e representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento, para que tensões negociais não impactem negativamente os consumidores e resultem em preocupação de ordem pública.

“O setor varejista alimentar tem sofrido forte pressão de aumento nos preços repassados pelas indústrias fornecedoras de alimentos”, informou na nota o dirigente Ronaldo dos Santos. Havendo acordo, segundo ele, o alimento está garantido na mesa do brasileiro.

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