Metade da população adulta da Região Metropolitana de Campinas (RMC) utiliza aplicativos no celular para fazer compras pela internet. Entre os pedidos, 37% foram de comida, como refeições e lanches; 14% para serviços de transporte; e 47% para outros produtos, como roupas, medicamentos e cosméticos. O celular é o principal dispositivo de acesso, usado por 82% dos consumidores para compras online. Os dados são da Fundação Seade, com base em pesquisa realizada em junho.
Delivery: uma necessidade que virou tendência
Em Americana, os serviços de delivery serviram como inovação e nova forma de faturamento. Junior Morato, proprietário de uma gelateria, a tendência abriu novas oportunidades de lucro e aproximação com os clientes, mesmo em tempos desafiadores. “Eu brinco que o delivery foi uma necessidade, vamos dizer assim, que o mundo teve que se adaptar, mas foi um caminho sem volta, porque é um faturamento que é interessante. É um faturamento que nós não tínhamos e hoje conseguimos ter entre 10% a 15%, depende da loja, depende do mês, em relação ao faturamento. Então é um faturamento bem bacana, bem interessante”.
A pesquisa mostra que, quanto à frequência das compras online, 68% dos consumidores compram semanalmente, sendo que 31% dessas compras ocorrem diariamente; 18% fazem compras uma vez por mês e 14% de forma esporádica.
O proprietário destaca ainda o impacto da pandemia no serviço de delivery. “Mas vimos a necessidade do delivery por conta da pandemia. Então, aquele período tenebroso de não poder abrir o comércio, de o cliente não poder entrar na loja, enfim. Foi um momento muito desafiador, porque, como eu disse, a proposta nossa é ter o cliente aqui, no visual, no sensitivo, da casquinha, e nos vimos na obrigação de ir para um delivery. E aí veio o desafio de como o cliente vai ter a mesma experiência na casa dele, de consumo do nosso produto, que é muito sensível à temperatura”.
Criatividade impulsiona vendas
A criatividade também se tornou essencial para o sucesso das vendas online. Elisangela Torres Galdeano dos Santos, consultora de vendas, decidiu montar um brechó de produtos cosméticos pelo WhatsApp, conta que criou um grupo VIP para divulgar promoções exclusivas. “Eu tive essa ideia em 2023, né? Eu falei assim, nossa, vamos criar um grupo VIP, que aí o pessoal vai estar tudo ali, vai ter umas promoções exclusivas pra quem está lá. E realmente, as promoções são para quem está nesse grupo. E a gente posta ofertas de Natura, Boticário, Dora, com super descontos. Eu falo assim, a gente é verdadeira, não é brincadeira. Nosso trabalho é muito sério, desde então”.
Em datas comemorativas ou durante meses promocionais, o grupo, que já conta com mais de 800 participantes, movimenta as vendas e facilita a logística. “Então, ali a gente coloca as promoções, o pessoal vai falando ‘eu quero’, a gente vai separando e, depois, no final, pergunta se é só aquilo mesmo, se vai ser pra entrega. Pra Americana tem R$8 de taxa, se for pra Santa Bárbara, R$12. Então, quem quer comodidade também pode vir retirar no nosso endereço, ou pedir por moto Uber, que é muito prático hoje”.
Formas de pagamento e crescimento do PIX
No uso de meios de pagamento, o cartão de crédito é o preferido (64%), mas o PIX cresceu, passando de 19% em 2023 para 24% em 2025. Tendência observada por Josias Bento, especialista em economia e sócio da GT Capital. “O Pix vem desde 2023 subindo muito forte em relação ao uso, principalmente com esses aplicativos de alimentação e transportes. Já é uma tendência muito forte e acredito que ele vai continuar subindo, e as pessoas vão ficar cada vez mais democratizadas nesse uso também. Mas não vai substituir o cartão de crédito porque o brasileiro gosta de ser financiado por alguém. Então o cartão de crédito ainda vai ficar na frente”.
Grupos digitais e estratégias de venda
Os grupos digitais funcionam como uma vitrine permanente, impulsionando compras online, gerando indicações entre participantes e até movimentando vendas presenciais. Uma cliente do brechó de Elisangela comentou que “Quando você precisar de produto, eu vou levar mais um”.
Promoções relâmpago, cupons de desconto e anúncios personalizados nas plataformas digitais também influenciam a decisão de compra. “E às vezes 10, 15% de promoção em relação a esses valores desperta ao consumidor uma vontade muito grande de comprar. Porque ele vê que está tendo uma vantagem ali em comprar aquele produto, aquele alimento no próprio aplicativo. A facilidade de conseguir comprar via aplicativo e todas as partes psicológicas de rastreio, de quando vai chegar a comida, enfim, essas horas mostram certo controle para quem está na frente do aplicativo comprando” reforça o economista.
“Lógico que antes a gente tinha sempre aquela coisa da pizza, do lanche, que já existia antes, mas hoje podemos ver que tem de tudo: farmácia, pet shop, enfim. É uma coisa que o delivery veio para ficar, evidentemente, e as pessoas, o perfil do consumo, a comodidade de estar em casa, no aconchego do celular, e pedir o que quiser hoje via delivery” compartilhou Junior Morato.
“A gente tem o maior grupo ali no WhatsApp, não só o VIP de promoções, mas também os status. Nossos status a gente passa todo dia. Então sempre tem alguém lembrando da gente. Não que seja aquele produto exato, mas: Lisa, ó, tem um presente, qualquer outra coisa. Mas estamos todo dia ali postando uma coisinha” comenta Elisângela.
