As cidades da região se movimentam para equipar as unidades hospitalares com leitos especiais para o atendimento de vítimas do coronavírus que precisem ser internados. Os governos municipais recorrem a parcerias com unidades privadas ou a financiamentos com o Estado para conseguir mais leitos.
Nos municípios onde a estrutura é modesta e não há expectativa de novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), as prefeituras se adequam para agilizar o encaminhamento de pacientes para outros hospitais, por meio das vagas disponibilizada pelo Estado na Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde).
Americana tem oito leitos de UTI para adultos e seis para a UTI Neonatal no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi. O município anunciou na quinta-feira (26) que tem um acordo com hospitais privados da cidade para a utilização conjunta da estrutura e dos insumos.
Por enquanto, no hospital há dez leitos equipados com respiradores e mais 15 que serão utilizados para triagem de pacientes com sintomas da Covid-19. A capacidade para esses leitos será ampliada de acordo com a necessidade.
Não há um dimensionamento quanto ao que seria o número ideal de leitos, mas a Secretaria de Saúde trabalha na perspectiva de ampliação, tanto os básicos quanto os de suporte avançado.
A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste informou que dez novos leitos de UTI serão implantados no Hospital Santa Bárbara, com a ajuda de recursos disponibilizados pelo governo de São Paulo. Hoje, a cidade conta com 50 leitos do gênero, em unidades públicas e privadas.
Além disso, mais 16 leitos de média complexidade já estão disponíveis no hospital.
“Todos esses leitos estarão em isolamento e todos os profissionais que atuarão no referido espaço estarão paramentados rigorosamente conforme a legislação”, informou o presidente do hospital, Aparecido Donizetti Leite.
Além disso, o hospital solicitou à Secretaria de Saúde dez respiradores, dez monitores multiparâmetros, cardioversores, materiais e medicamentos para atender os prováveis ocupantes destes dez leitos a mais disponibilizados. “Temos a promessa do Estado do envio desses pedidos bem como recursos relativos ao custeio dos leitos”, informou Donizetti Leite.
Se o Estado fornecer os respiradores, não haverá necessidade de comprar. Para se prevenir, o hospital efetua cotações e iniciou campanha focada exclusivamente na Covid-19 para aquisição de materiais e equipamentos. O investimento é alto. Um respirador custa entre R$ 55 mil e R$ 60 mil.
Para fazer frente à pandemia, o hospital terá de comprar mais materiais e insumos, mas enfrenta dificuldades: a escassez dos insumos e a escalada dos preços. “Sim, é necessário a compra desses materiais, porém saliento que já estamos com dificuldades nos produtos, bem como os disponíveis com preços abusivos junto aos fornecedores”, informou o presidente.
Ontem, a Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo), representante de 55 mil serviços de saúde, denunciou, em nota, a falta crítica de equipamentos de proteção e insumos em todos os serviços de saúde, sejam hospitais, clínicas e laboratórios. Além disso, que os preços dos principais insumos aumentaram entre 100% e 3.000% nas últimas semanas por conta do aumento da demanda, segundo a nota da federação.
Para enfrentar a doença na cidade, o Hospital Santa Bárbara criou uma comissão exclusiva com médicos, enfermeiros, técnicos em segurança do trabalho, farmacêutico e fisioterapeutas para treinamentos, instruções de atendimento, uso correto dos equipamentos de proteção individual, maneira correta de descarte e fluxo de atendimento.
A cidade também prevê instalar 100 leitos de média complexidade no hospital de campanha previsto para o campus barbarense da Unimep (leia texto acima).
Em Hortolândia, a UPA 24h (Unidade de Pronto-atendimento) do Jardim Nova Hortolândia está preparada para atuar como unidade respiratória, com 30 leitos que atenderão os casos de baixa e média complexidades.
As demais UPAS-24h, assim como o Hospital Municipal Governador Mario Covas, também têm condições, equipamentos, materiais e profissionais para atender pessoas com suspeita ou confirmadas para Covid-19.
Os casos mais graves serão encaminhados para as unidades especializadas, que estão sendo preparadas pela Secretaria de Estado da Saúde, em cidades da região.
A Prefeitura de Sumaré não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre o assunto.
NOVA ODESSA TERÁ UNIDADE DE CAMPANHA
A Secretaria de Saúde de Nova Odessa anunciou ontem a criação de um hospital de campanha com 30 leitos, sendo dois semi-intensivos, na antiga UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Alvorada. O objetivo é atender no local pacientes que precisem de internação, mas casos que não sejam graves, estes atendidos no Hospital e Maternidade Dr. Acílio Carreon Garcia.
A montagem terá início na segunda-feira (30) e a previsão da administração é que esteja 100% funcional em até 30 dias. Outros dez leitos serão criados dentro do Hospital e Maternidade Municipal. Com isso, a prefeitura vai dobrar a quantidade de leitos no município.
Atualmente são 40 leitos adultos disponíveis na principal unidade de saúde da cidade.
O secretário de Saúde, Vanderlei Cocato, explicou que a pasta já dispõe de parte dos equipamentos e leitos, que serão remanejados de outras unidades básicas do município.
Ainda segundo ele, caso haja necessidade, a secretaria também poderá montar mais 30 outros leitos na área externa da antiga UBS do Alvorada.
“Fizemos uma vistoria no prédio da UBS e as instalações foram aprovadas para a implantação do nosso hospital de campanha, disse. “Importante dizer que os pacientes ficarão isolados em quartos com pia, para facilitar a higienização dos profissionais. Também será montada uma enfermaria e área administrativa”, completou.
O prefeito Benjamim Bill Vieira de Souza (PSDB) disse que o hospital é necessário diante da expectativa de um pico de casos com o novo vírus em meados de abril.
“Temos nos reunido diariamente para traçar novas estratégias de enfrentamento, com objetivo de proteger a nossa população”, disse o chefe do Executivo.
UNIMEP TERÁ HOSPITAL
A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste está montando um hospital de campanha de média complexidade no campus da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) no quilômetro 24 na Rodovia Luis Ometto (SP-306) para atendimento de pacientes com o novo coronavírus.
O anúncio foi feito pelo prefeito Denis Andia (PV) nas redes sociais. Até ontem, Santa Bárbara não registrava casos positivos de coronavírus.
Essa estrutura complementar é para atender de maneira específica e ampliada os infectados para enfrentar o avanço da doença no Estado.
O prefeito disse no programa On News, da Rádio Azul, que o comitê de enfrentamento da pandemia estudou instalação do hospital móvel em áreas públicas ou em espaço cedidos.
E a opção foi montar as barracas nas dependências da Unimep. “O espaço permite que, se necessário, até 100 leitos sejam instalados naquele local”, disse Andia.
Se houver contaminados que precisam de leitos, serão direcionados ao Hospital Santa Bárbara. Ele afirmou que já cadastrou o complexo hospitalar junto ao governo do Estado e foi aceito o plano de expansão de mais dez leitos de UTI para enfrentar a crise (leia reportagem ao lado).
Além disso, informou a montagem de duas estruturas anexas aos prontos-socorros Édison Daniel dos Santos Mano, no Centro, e Afonso Ramos, no Jardim Pérola, na Zona Leste. É para atendimento de apoio para enfrentamento ao coronavírus.
A prefeitura vai receber R$ 1,5 milhão do governo do Estado, valor anunciado anteontem (26). Segundo a administração, irá utilizar o recurso na estruturação desses novos espaços de atendimento já anunciados.
SAIBA MAIS
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) emitiu uma nota ontem informando que mantém o compromisso de disponibilizar o local para a implantação da estrutura necessária de montagem do hospital de campanha. A administração central esclareceu, porém, que essa medida ocorrerá somente caso este serviço esteja inserido na Rede Regional Regulada de Saúde e, efetivamente, haja o devido repasse de recursos financeiros necessários à sua plena atividade durante, pelo menos, três meses, período em que deverá ocorrer o pico de internações hospitalares.
Com Claudete Campos