quarta-feira, 6 dezembro 2023

Cresce número de fraudes e furto de energia descobertos na região

CPFL identifica quase 14 mil “gatos” em sua área de concessão no 1º semestre do ano e incidência desse tipo de crime aumenta em cidades como Americana e S. Bárbara, com cerca de 50% de casos a mais que 2020

Balaio de gatos | CPFL flagrou 13,9 mil casos de irregularidades no 1º semestre (Foto: Divulgação)

O número de casos de fraudes e furtos de energia elétrica identificados pela CPFL Paulista cresceu no primeiro semestre do ano em quatro cidades da região. Apesar de a concessionária ter feito uma quantidade menor de inspeções de janeiro a junho, Americana e Santa Bárbara d’Oeste tiveram mais de 50% de aumento no número de “gatos” de energia descobertos em 2021, na comparação com os seis primeiros meses de 2020.
Sumaré e Hortolândia também registraram aumento desse tipo de crime, embora em índices menores, de 27,8% e 15,8%, respectivamente.

Se somados os casos registrados nessas quatro cidades, a CPFL constatou 1.371 ligações clandestinas e adulterações de medidores de energia elétrica em Americana, Hortolândia, Santa Bárbara e Sumaré no primeiro semestre do ano. No mesmo período de 2020 foram 1.071 casos – uma elevação percentual de aproximadamente 28% em 2021.

Entre as quatro cidades, Hortolândia teve o maior número de fraudes flagradas no primeiro semestre, com 520 casos – quase 100 por mês, em média. Na região de Campinas, a cidade fica atrás apenas da metrópole, com 3.386 fraudes encontradas e regularizadas, e de Piracicaba com 791.

Americana, que no primeiro semestre de 2020 teve 128 registros de fraudes após 1.271 operações de inspeção, viu esse número subir de janeiro a junho deste ano para 197 casos flagrados (crescimento de quase 54%), mesmo com um número menor de vistorias – foram 1.028.

Santa Bárbara d’Oeste teve crescimento bem semelhante. De 107 casos de fraudes no primeiro semestre de 2020 após 1.201 inspeções, passou para 163 flagrantes em 2021 ao final de 891 verificações. Subida de 52,3%.

Os números constam em um balanço das ações de combate a fraudes desenvolvidas pela companhia de energia, divulgado durante a semana (veja no quadro as cidades top 10 nesse crime na região de Campinas).
13 MIL ‘GATOS’

Conforme o levantamento, apenas no primeiro semestre de 2021 foram detectados e regularizados 13.975 “gatos” de energia nas 234 cidades da área de concessão da CPFL Paulista – que fornece luz para 4,6 milhões de habitantes de todo o interior paulista.

Na comparação com o mesmo período de 2019, o aumento é de 35%. Já frente a 2020, o número se manteve estável.

As mais de 48 mil operações de inspeções feitas no período acabaram por gerar a lavratura de 1.145 boletins de ocorrência, com 54 acusados pelo crime levados à delegacia.

O balanço da empresa não discrimina quantos clientes são consumidores residenciais, comerciais ou industriais.

“Esses resultados fazem parte do trabalho contínuo da empresa e são viabilizados tanto por meio de parcerias com órgãos públicos e autoridades policiais, quanto investindo em tecnologia de ponta e especialização das equipes em processos de monitoramento e análise”, afirma Roberto Sartori, presidente da distribuidora.

A companhia ressalta que, além de se tratar de crime, furto de energia pode trazer riscos à segurança das pessoas, prejudica diretamente a população com instabilidade no fornecimento de luz e significa ainda perda de arrecadação de impostos para os municípios. 

CPFL investe em tecnologia contra perdas
O Grupo CPFL vem investindo pesado em inteligência artificial, e novos sistemas com alarmes para direcionar as inspeções, buscando coibir as fraudes e furtos. Hoje, a companhia diz que é possível preventivamente identificar variações no consumo que indiquem perdas comerciais.

Essas ações, aliadas a diversos projetos de blindagem de rede e de medição, permitem diminuir a necessidade de inspeções presenciais e torna o trabalho mais apurado.

Só em projetos de blindagem de rede, blindagem de medição e regularização de consumidores clandestinos, a CPFL Energia prevê investir R$ 1 bilhão até 2025. Neste período, mais de 220 mil clientes terão caixas blindadas, 6.600 clientes terão novos conjuntos de medição e serão regularizados 105 mil consumidores com ligações clandestinas na área de concessão da empresa.

As regularizações contribuem para a redução nas perdas de energia. Em junho de 2021, a perda de energia da CPFL Paulista, por fraudes e furtos, foi de 9,31%, contra 9,4% no mesmo período do ano passado.

Crime pode ser de furto ou estelionato
Conforme a legislação brasileira, a energia é considerada um bem móvel, pois tem “valor econômico”, sendo, portanto, passível de ser subtraída ou obtida.

Desvios irregulares de corrente elétrica podem ser enquadrados como delitos de furto e/ou de estelionato, dependendo do método em que forem aplicados.

No caso em que o indivíduo puxa a energia da rua direto para a própria casa e faz o “gato”, há uma subtração, um furto de energia.

Já quando é realizada uma adulteração do medidor, por exemplo, para que a leitura da energia consumida na casa seja errônea, ocorre o delito de estelionato.

Todo mundo paga a conta
Além de serem crime, fraudes e furtos de energia contribuem para deixar ainda mais salgada a conta de luz de todos os consumidores.

É que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reconhece nas tarifas uma parte das chamadas “perdas comerciais”, como são denominados tecnicamente os furtos e as fraudes no setor elétrico. Esse reconhecimento tem por objetivo compensar parte do prejuízo da distribuidora com o valor da energia furtada e cobrir os custos para identificar e combater as irregularidades.

Resumo da ópera: em toda conta de luz, há uma parte embutida para cobrir o prejuízo de quem rouba.
Outra consequência negativa é a piora na qualidade do serviço. Ligações clandestinas sobrecarregam as redes, deixando o sistema de distribuição mais suscetível a interrupções.

Isso sem falar no risco à segurança de quem vai manipular um medidor de energia ou fazer um “gato” na rede elétrica.

Crime | Adulteração no medidor pode dar cadeia (Foto: Divulgação)

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