domingo, 20 abril 2025

Das ruas para as redes, a superação de um ex-dependente

Um rapaz sorridente e simpático desce as escadas com agilidade e abre as portas de sua casa na Rua Hervé Cordovil, no Parque Residencial Jaguari, em Americana. Quem vê Anderson Teixeira Correa do Nascimento, 25, atualmente, não imagina a reviravolta que ele teve em sua vida desde o ano passado, até começar a trabalhar como maquiador.

Anderson nos recebe em seu quarto/camarim e já logo mostra a bancada repleta de todo tipo de maquiagem e produtos de beleza, com os quais ele dá aulas de auto maquiagem e ainda faz vídeos ao vivo na internet para dar dicas. As “lives” alcançam mais de 30 mil visualizações.

Ele viveu sete anos nas ruas de Americana, dormindo em construções, marquises de lojas, praças ou qualquer buraco junto de seus cinco cachorros. “A situação mais difícil que passei foi a fome, revirar lixo e me alimentar de coisas estragada”, confessa.

Anderson, no entanto, não vivia nas ruas sozinho. Tinha a companhia do irmão um ano mais velho, que também já tinha ido para as ruas. “A no de Carvalho Correa, 47, está sempre ao lado ouvindo e falando do filho com muito orgulho.

ssa convivência era meio que na concorrência, revirar lixo, chegamos no ponto de brigar para comer o lixo. A gente saía numa luta, pegava três sacos e saía correndo para gente se alimentar”, relembra.

Os dois usavam drogas crack e os apelos da mãe para que voltassem para casa não surtiam efeito. “Eu evitava minha família, não queria ver o sofrimento da minha mãe. Eu tinha medo de ir em casa e pegar as coisas (para poder usar drogas). Toda vez que minha me via ela chorava. Eu a via na rua e já desviava para não encontrar”, conta.

Mesmo nessa situação, Cilmara conta que sempre manteve a fé e sabia que o filho se recuperaria. “Eu ia na igreja, orava, buscava e eu sabia que podia demorar, mas ele ia sair dessa situação”, conta.

A situação começou a mudar quando ela fez um apelo em uma rede social pedindo ajuda para interná-lo. O apelo ganhou repercussão e a família recebeu ajuda. Anderson passou um mês em uma clínica de reabilitação no começo do ano e partiu para uma vida nova.

“Entreguei minha vida totalmente para Deus, não queria mais aquele sofrimento. Consegui montar o meu espaço e estou muito feliz. Faço maquiagem para evento, casamentos e dou curso de auto maquiagem”, comemora.

A mesma rede social que tornou sua história famosa, agora o ajuda no trabalho. “Toda terá, quinta e domingo eu faço lives dando dicas de maquiagem”, conta. Os vídeos dele tem grande alcance. O da última quinta-feira teve 20 mil visualizações e mais de 1,5 mil comentários. Mas tem outros com mais de 31 mil.

“A mensagem que eu deixo é para não desanimar, orar, pedir para Deus e não desistir. Persista nos sonhos que eles vão chegar”, conclui.


FÉ AJUDOU NA RECUPERAÇÃO DO FILHO

“Através da minha fé Deus mudou ele”, afirma Cilmara. Ela tinha dois filhos viciados em drogas e morando nas ruas. “Eu chorava, chorava muito porque eu vinha da igreja e um vivia numa calçada e o outro na outra. Eu passava perto dos dois, orava e entregava para Deus e ia embora com o coração partido”, conta.
A mulher conta que sempre acreditou na recuperação dos filhos. “Eu pedia para Deus me dar força porque eu não carreguei filho nove meses para ficar jogado. Sempre acreditei que iam sair dessa”, diz.
Cilmara conta que um dia recebeu uma mensagem durante um culto na igreja. “Um dia, eu tenho certeza que foi a voz de Deus, que me disse: filha ore pelos outros que estão na rua porque dos teus filhos eu estou cuidando e uma vitória muito grande você vai ter na sua vida”, relembra.
Ela passou a orar pelos mendigos e viciados que encontrava pelo caminho. “Orava também pelas mães porque as mães são as que mais sofrem. Até hoje eu oro por todos que estão na rua. Eu sei a dor de uma mãe”, afirma.
De acordo com Cilmara, o outro filho que também estava nas ruas foi pego furtando salgadinhos na rodoviária e a Justiça determinou que ele cumpra pena em um centro de acolhimento para dependentes, onde está há pouco mais de um ano. Segundo ela, ele deve ser libertado em dois meses.
“Eu creio muito na mudança de cada um deles. As pessoas criticavam, dizendo que Deus não tava ouvindo minhas orações, mas eu falava que tinha o momento e a hora certa”, conta revelando que chegou a terminar amizades porque as pessoas falavam mal de seus filhos.
“Eu sofri demais, mas olho para trás e agradeço a Deus. Deus mudou eles e eu venci com meus dois filhos e hoje ele (Anderson) é um orgulho para mim. O quero passar para as mães é acreditar, confiar. Não desista, não dê ouvidos às críticas, ouça a voz de Deus”, determina.
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