O número de eleitoras com nome social aptas a votar na região dobrou em 2020 em relação ao último pleito, de 2018, conforme dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Nesse ano, inclusive, a região tem uma candidata transsexual, que terá o nome pelo qual se identifica inserido na urna de votação. Essa é a segunda eleição em que pessoas trans poderão ir às urnas usando os nomes sociais no título de eleitor.
O direito de solicitar a emissão do título com o nome social foi conquistado em 22 de março de 2018, no Plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por unanimidade, os ministros decidiram que pessoas transexuais e travestis poderiam alterar não só o documento, mas a identidade de gênero com a qual se identificam perante a Justiça Eleitoral.
Na região, conforme informações do TSE, para eleições gerais de 2018, apenas 31 pessoas trans conseguiram atualizar seus títulos com o nome pelo qual se identificam. Agora, são 61. A cidade com maior número de pessoas aptas a votar com o nome social é Sumaré, com 16 casos.
Um deles é o da cabeleireira Raquel Justino dos Santos, de 36 anos. Essa será a primeira vez que ela votará com os documentos atualizados.
“É importante, porque vão me chamar pelo nome que eu me identifico, é uma realização pra gente que é trans. Querendo ou não, diminui um pouco o preconceito do povo, porque a gente é toda feminina e vai lá e chama a gente pelo nome ‘X’, a gente fica até constrangida”, afirmou.
Também é de Sumaré a candidata a vereadora Cibelly Vilhena (PT), de 36 anos. Ela concorre ao cargo pela primeira vez usando o nome pelo qual se identifica e também com o gênero feminino constando em seu registro.
“Pra mim, a importância de estar na disputa eleitoral municipal é de grande valia, pois posso estimular as outras mulheres trans a estarem na luta e mostrar que somos válidas e podemos lutar sim pelos nossos direitos. Poder participar como candidata mulher é muito satisfatório”, afirmou a candidata.
Apesar da possibilidade ter sido liberada em 2018, a burocracia ainda deixou muitas mulheres trans sem a documentação atualizada. Elas terão que ir às urnas ainda sendo chamadas pelo nome masculino. É o caso de Flávia Alessandra Rodrigues Teixeira, de 35 anos, que aguarda ansiosamente pelos novos documentos num futuro próximo.
“O significado de ser chamada por Flávia é tudo na vida de mulheres transexuais e travestis. São anos de lutas para nós e hoje poder ser chamada pelo nome social tem uma grande representatividade em nossas vidas. Ter o nome social em documentos muda tudo, evita certos transtornos que passamos em várias situações e mais aceitação das pessoas”, disse.