segunda-feira, 23 junho 2025

Escassez hídrica indica crise pior que 2014, dizem Comitês PCJ

Reservas no ano anterior à maior seca da história eram maiores do que agora, sinalizando problemas em 2022 

Panorama | Gráfico divulgado ontem alerta para situação de escassez no Cantareira

“Não quero ser alarmista. Mas, no ano anterior a uma das piores secas que tivemos na história, a reservação era maior do que a que temos neste ano. Se tivermos no ano que vem uma condição de seca tão grave quanto em 2014, vamos iniciar com menos água ainda do que naquele ano”. O alerta é do presidente dos Comitês PCJ, Luciano Almeida (prefeito de Piracicaba), feito ontem em evento de lançamento do “Movimento PCJ” pelo uso eficiente da água, com divulgação de levantamentos do GT-Estiagem.

São cerca de 70 municípios da região envolvidos na bacia, com diversos pontos de monitoramento da vazão. As planilhas mostram uma evidência que não é desconhecida: o regime de chuvas esperado não está se cumprindo de acordo com as previsões da média histórica.

O Rio Piracicaba, por exemplo, que tinha uma vazão média histórica de 57,2m3/s, agora está em 17,6m3/s – próximo do índice de 2014, quando chegou a 17,3m3/s.

A Agência das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) iniciou o movimento com a disponibilização de cartilhas e incentivo não só para a população em geral como para produtores e empresas a tomarem providências para economizar água e favorecer a manutenção dos mananciais. Se a chuva já está escassa, as projeções dos próximos meses são pessimistas em termos de volume.

A média esperada não deve ser alcançada e, sem o uso eficiente, pode faltar água – o que já está acontecendo em alguns municípios, como em Valinhos.

Outro fator é que a baixa vazão dos rios prejudica a captação e o tratamento, interferindo diretamente na qualidade da água. A captação pode se tornar inviável, levando ao racionamento.

Diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera explicou que a bacia contempla 76 municípios com uma população estimada de 5,8 milhões de pessoas e tratamento de 77% do esgoto – com coleta de 90% – o que são considerados números generosos em termos de saneamento no Brasil. A agência, que é um braço executivo do comitê, envolve também municípios de Minas Gerais. De acordo com ele, a crise de 2014 levou à necessidade de ajustes como as outorgas (autorizações) para captação, que precisaram ser equalizadas. O uso parcimonioso mesmo de municípios em situação mais “confortável” é necessário levando-se em conta os que estão adiante no curso dos rios – e podem sentir mais os efeitos da escassez.

ABAIXO DA MÉDIA
O regime de chuvas está significativamente abaixo da média, em torno de 20% aquém do esperado, como expôs o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ, Alexandre Vilella. O armazenamento do sistema Cantareira, porém, está em 32,8%, considerado suficiente para abastecimento. São 19 municípios que se abastecem diretamente das descargas do sistema Cantareira, que solta águas pelos rios Atibaia e Jaguari (entre eles, Americana). Para a bacia são descarregados 11,5 m3/s, enquanto a Grande SP detém volume na ordem de 20 m3/s.

Mas, no todo, considerando municípios que não fazem captação de rios, mas dependem das chuvas para abastecer reservatórios como represas, esta estiagem já começou com reservação 10% a 12% menor do que no ano passado. Até novembro, a projeção é de que o Estado de São Paulo tenha chuvas na ordem de 30% a 50% abaixo da média histórica, além do efeito La Niña, que deve reduzir a quantidade de chuvas no Sul, com efeito para o Sudeste. Até dezembro, o cenário deve ser de chuvas esparsas e com pouca significância para recuperação dos reservatórios.

Informações e materiais sobre o movimento estão disponíveis em www.movimentopcj.org.br. 

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