Reservas no ano anterior à maior seca da história eram maiores do que agora, sinalizando problemas em 2022
São cerca de 70 municípios da região envolvidos na bacia, com diversos pontos de monitoramento da vazão. As planilhas mostram uma evidência que não é desconhecida: o regime de chuvas esperado não está se cumprindo de acordo com as previsões da média histórica.
O Rio Piracicaba, por exemplo, que tinha uma vazão média histórica de 57,2m3/s, agora está em 17,6m3/s – próximo do índice de 2014, quando chegou a 17,3m3/s.
A Agência das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) iniciou o movimento com a disponibilização de cartilhas e incentivo não só para a população em geral como para produtores e empresas a tomarem providências para economizar água e favorecer a manutenção dos mananciais. Se a chuva já está escassa, as projeções dos próximos meses são pessimistas em termos de volume.
A média esperada não deve ser alcançada e, sem o uso eficiente, pode faltar água – o que já está acontecendo em alguns municípios, como em Valinhos.
Outro fator é que a baixa vazão dos rios prejudica a captação e o tratamento, interferindo diretamente na qualidade da água. A captação pode se tornar inviável, levando ao racionamento.
Diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera explicou que a bacia contempla 76 municípios com uma população estimada de 5,8 milhões de pessoas e tratamento de 77% do esgoto – com coleta de 90% – o que são considerados números generosos em termos de saneamento no Brasil. A agência, que é um braço executivo do comitê, envolve também municípios de Minas Gerais. De acordo com ele, a crise de 2014 levou à necessidade de ajustes como as outorgas (autorizações) para captação, que precisaram ser equalizadas. O uso parcimonioso mesmo de municípios em situação mais “confortável” é necessário levando-se em conta os que estão adiante no curso dos rios – e podem sentir mais os efeitos da escassez.
ABAIXO DA MÉDIA
O regime de chuvas está significativamente abaixo da média, em torno de 20% aquém do esperado, como expôs o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ, Alexandre Vilella. O armazenamento do sistema Cantareira, porém, está em 32,8%, considerado suficiente para abastecimento. São 19 municípios que se abastecem diretamente das descargas do sistema Cantareira, que solta águas pelos rios Atibaia e Jaguari (entre eles, Americana). Para a bacia são descarregados 11,5 m3/s, enquanto a Grande SP detém volume na ordem de 20 m3/s.
Mas, no todo, considerando municípios que não fazem captação de rios, mas dependem das chuvas para abastecer reservatórios como represas, esta estiagem já começou com reservação 10% a 12% menor do que no ano passado. Até novembro, a projeção é de que o Estado de São Paulo tenha chuvas na ordem de 30% a 50% abaixo da média histórica, além do efeito La Niña, que deve reduzir a quantidade de chuvas no Sul, com efeito para o Sudeste. Até dezembro, o cenário deve ser de chuvas esparsas e com pouca significância para recuperação dos reservatórios.
Informações e materiais sobre o movimento estão disponíveis em www.movimentopcj.org.br.