terça-feira, 17 setembro 2024
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Feminicídios seguem em alta no Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2024

Análise do Instituto Sou da Paz com base nos dados da SSP revela que o feminicídio continua sendo grande problema de segurança pública do estado, sendo a maior parte dos casos registrados em casa
Por
Isabela Braz

Apesar da queda de indicadores gerais de homicídios, cresceu o número de assassinato de mulheres no estado de São Paulo nos primeiros seis meses do ano. De acordo com levantamento do Instituto Sou da Paz com base nos dados da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública), o estado de São Paulo registrou 124 mulheres mortas em feminicídios, um aumento de 8,8% em relação aos meses de janeiro a junho de 2023.

Na região, administrada pela Deinter 9 de Piracicaba, houve queda de 38,5% comparada ao mesmo período no ano anterior, mas ainda com números significativos. Em 2023, o primeiro semestre contabilizou 13 feminicídios, já neste ano, foram oito.

As tentativas de feminicídio tiveram um aumento muito mais intenso: foram 257 feminicídios tentados nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 185,6% na comparação com os 90 feminicídios tentados no mesmo período de 2023. Na região, as tentativas tiveram aumento de 80%, indo de 10 tentativas em 2023 para 18 em 2024.

O Sou da Paz aponta ainda que o aumento de casos foi o constatado depois do anúncio de cortes no orçamento das delegacias de defesa das mulheres em 2023.

“O fato é que os feminicídios estão aumentando. Ao invés de ter um corte nesse orçamento, a gente precisava ter um aumento do investimento para abrir mais delegacias, que funcionem aos fins de semana, no período noturno, quando há maior vitimização de mulheres”, destaca a pesquisadora e gerente de projetos do instituto, Natália Pollachi.

Quase 70% das vítimas de feminicídio foram mortas dentro de casa

Os domicílios continuam sendo um local de risco para as mulheres. Tal como registrado em outros estados, a maior parte dos feminicídios consumados entre janeiro e junho se deu dentro de residências: foram 85 vítimas de feminicídios cometidos em residências, 68% dos 124 feminicídios registrados nos primeiros seis meses de 2024 no estado.

Em relação ao instrumento utilizado nos feminicídios consumados no primeiro semestre de 2024, as principais armas utilizadas foram os objetos cortantes ou penetrantes (43% do total) e as armas de fogo, que foram usadas em 22% dos feminicídios consumados este ano até o momento.

O número de feminicídios cometidos com armas de fogo praticamente dobrou nos primeiros seis meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, indo de 14 a 27 casos. “A arma de fogo é um instrumento de alta letalidade e a sua presença em mais residências agrava o risco de morte em contextos de violência doméstica e contra a mulher”, reflete Natália.

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