Afastado desde janeiro de suas funções na Basílica Santo Antônio de Pádua, em Americana, o padre Pedro Leandro Ricardo ganhou na Justiça o processo movido contra ele por uma fiel, que pedia indenização diante da suposta negativa de comunhão feita pelo religioso.
O caso da hóstia teria ocorrido em março de 2018, por um atraso de seis minutos na missa das 7h, segundo Ana Paula de Oliveira Veronezi Oton, que publicou um desabafo nas redes sociais.
“Quando chegou na hora da comunhão, entrei na fila, estiquei a mão para o padre Leandro e ele no meio de todo mundo olha pra mim e diz: ‘Você chegou atrasada, não acho viável te dar a comunhão’, e simplesmente não me deu”, relatou ela.
A ação judicial foi proposta por ela no mês seguinte. Padre Leandro sempre rechaçou o relato. A assessoria do Santuário informou, à época, que em nenhum momento foi negado o Sacramento da Comunhão à fiel, destacando que a comunidade segue as normas litúrgicas e canônicas.
Diante da derrota no processo, a mulher não quis recorrer, segundo sua defesa. Para o advogado do padre, não cabem mais recursos. O acórdão que confirmou a sentença de origem é do dia 26 de abril e transitou em julgado no dia 5 deste mês.
No dia 11, o Colégio Recursal certificou o trânsito, confirmando a decisão. “O colégio recursal entendeu, acolhendo a tese da defesa, que toda a questão dizia respeito ao livre exercício de culto religioso, garantido pela Constituição. Reconheceu também que o padre agiu com respeito e discrição, sem extrapolar suas prerrogativas litúrgicas. É uma vitória importante para a liberdade de culto”, destacou um dos advogados do religioso, André Franzin.
Representante da fiel, o advogado Diego Bernardo afirmou que chegou a fazer um recurso, mas sua cliente desistiu da causa.
“A gente optou por não recorrer porque a indenização financeira era só um detalhe. Como ele (padre) não está mais aqui, teoricamente o anseio da minha cliente foi atendido, que era o de impedir que ele continuasse aplicando ações questionáveis”, disse Bernardo.
O padre foi afastado da Igreja em janeiro, após a abertura de investigação policial que apura supostos casos de abuso sexual contra acólitos (coroinhas). Ele nega os crimes.