terça-feira, 16 abril 2024

Gordura pode levar a uma carga viral maior de coronavírus

Pesquisadores da Unicamp confirmaram que o novo coronavírus pode infectar e permanecer nas células adiposas humanas. O cidadão obeso, assim, corre mais risco de desenvolver a forma grave da Covid-19. 

Os gordinhos, que já eram mais acometidos por doenças crônicas, como diabetes e hipertensão (que já são fatores de risco), são um reservatório maior para o vírus, segundo revelaram os experimentos. 

Os testes estão sendo conduzidos in vitro, com apoio da Fapesp (uma fundação de apoio à pesquisa), no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve). A unidade, com nível altíssimo de biossegurança, é administrada pelo professor José Luiz Proença Módena, um dos coordenadores da força-tarefa criada pela Unicamp para enfrentar a pandemia. 

Os resultados ainda são preliminares e não foram publicados. “Com mais e maiores adipócitos, as pessoas obesas tenderiam a apresentar uma carga viral mais alta. No entanto, ainda precisamos confirmar se, após a replicação, o vírus consegue sair da célula de gordura para infectar outras células”, explica o professor Marcelo Mori, coordenador da equipe de pesquisadores. 

Nas análises já feitas, foi constatado que o novo coronavírus infecta mais os adipócitos do que, por exemplo, as células epiteliais do intestino ou do pulmão. Os testes constataram que as células gordurosas são mais acessíveis ao vírus, e que a ocorrência é maior nos pacientes mais idosos. 

Tanto nos obesos quanto nos idosos, o tecido adiposo se torna disfuncional, o que resulta no desenvolvimento ou no agravamento de distúrbios metabólicos. A equipe também foca as pesquisas no desenvolvimento de compostos capazes de conter o desenvolvimento da doença. 

ALTERAÇÕES 

Os pesquisadores fazem testes agora tentando descobrir se o vírus continua se replicando no interior da célula. Também são conduzidas análises para descobrir se a infecção pelo SARS-CoV-2 afeta o funcionamento do adipócito, ou se deixa alguma sequela de longo prazo na célula. 

“A ideia é comparar todas as proteínas que estão expressas nas células, com e sem o vírus. Desse modo, conseguimos identificar as vias de sinalização que são alteradas pela infecção e como isso impacta o funcionamento celular”, explica o professor Mori. 

Caso se confirme que o vírus causa alguma alteração metabólica no adipócito, as implicações podem ser grandes. As células de gordura, afirma o professor, têm um papel muito importante na regulação do metabolismo e na comunicação entre vários tecidos. Pode ser que o vírus interfira nesses processos. (Com informações da Agência Fapesp e do portral da Unicamp) 

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