terça-feira, 23 abril 2024

Grupo ajuda fumante a largar o vício

Eles “queimaram” dinheiro por anos. Compraram maços de cigarro e prejudicaram a própria saúde pelo “prazer” de fumar. Outros pararam por um tempo, mas tiveram recaída e voltaram à dependência química. Mas o interessante é que existem, sim, projetos de apoio a quem quer se livrar dos prejuízos e das doenças graves. O programa “Saúde sem tabaco”, criado pela Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste, ajuda quem está disposto a abandonar de vez o tabaco.

Mantido pela Secretaria de Saúde, o programa tem encontros todas as segundas-feiras, das 16h às 18h, no CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), sob a coordenação do clínico Antonio Detoni. A equipe multidisciplinar que está à frente do programa foi capacitada pelo Cratod (Centro de Referência do Álcool, Tabaco e outras Drogas), de São Paulo.

Os participantes começam com reuniões motivacionais, passam por acolhimento com preenchimento das fichas e aplicação de testes para avaliação do grau de dependência à nicotina. Após as consultas médicas e avaliação bucal, o programa segue com reuniões terapêuticas e de manutenção. Cada turma dura, em média, quatro meses. Atualmente, o programa está na segunda turma do ano, que vai até o início de agosto.

O primeiro grupo, encerrado em abril, contou com 30 participantes, sendo que 18 pessoas deixaram de fumar ao final da iniciativa. Historicamente cerca de 40% a 50% do total de participantes deixam de fumar no encerramento do grupo.

COMO PARTICIPAR

Para fazer parte do programa, o interessado precisa procurar a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima de sua casa e fazer a inscrição para a turma seguinte.

COMPORTAMENTO

O médico Antonio Detoni assinala que, para parar de fumar, a pessoa tem que ter o propósito firme, decidido. “Remédio é apenas um apoio, uma muleta, usa e depois deixa de lado”, destaca o clínico, afirmando que os medicamentos especialmente para tabagistas fornecidos pelo Ministério da Saúde são usados no grupo, até as pessoas caminharem sozinhas.

CÂNCER

O consumo do tabaco é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão e importante fator de risco para doenças pulmonares obstrutivas crônicas, entre elas, bronquite, tuberculose, asma e enfisema. O tabaco fumado, em qualquer uma de suas formas, é responsável por até 90% de todos os cânceres de pulmão. O fumo também contribui para o surgimento de outras doenças como infarto, AVC e trombose.

Detoni avalia que a população fumante está diminuindo no país por conta de programas eações desenvolvidas. Segundo ele, o primeiro ponto é a melhoria da saúde. “Quem para de fumar, tem outra qualidade de vida e de saúde”, diz. Outro fator que influencia, afirma, é a economia. O preço médio do maço é R$ 6,00. “Quem fuma três maços por dia gasta R$ 6,4 mil por ano”, calcula. Há também o aspecto social. O tabagista é discriminado por parte do público. Além disso, não pode fumar em locais públicos.

Segundo o médico, alguns fatores contribuíram bastante para a conscientização das pessoas. Não se vende mais cigarro para menores. E saíram do ar aquelas propagandas mentirosas de TV, que associação o cigarro à realização pessoal, ao bom desempenho esportivo. O tema, diz, ainda passou a ser debatido nas escolas. “O número de fumantres cai a cada dia, e a tendência é diminuir ainda mais”, comenta.

MANUTENÇÃO

Para Detoni, após participar do programa, é importante o acompanhamento periódico. No caso de uma recaída, o cidadão pode participar do programa de novo. O importante é não desistir na hora do tropeço. “Ás vezes, encontro as pessoas nas consultas na rede pública e elas me dizem que parar de fumar foi a melhor decisão que tomaram na vida”, resume o médico.

Parar de fumar vale a pena em qualquer momento. Os benefícios são imediatos:

– Após duas horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
– Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
– Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar melhora.
– Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
– Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
– Após dez anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca
fumaram.
– Quanto mais cedo o cidadão parar de fumar é menor o risco de adoecer

‘Sem tabaco, a vida melhorou demais’

Ele fumou durante 16 anos e há nove meses abandonou o vício. O industrial José Eduardo Campos, 62, morador do Jardim Santa Alice, não sabe o que é colocar um cigarro na boca desde o dia 17 de setembro de 2018. Ele tentou largar o cigarro antes, mas só conseguiu quando fez parte do programa. Hoje ele comemora. “Quando fumava, tinha falta de ar, cansava rapidamente”, conta.

Hoje ele faz caminhada no Parque dos Ipês. E nem quer lembrar do tabaco. O servidor David Baldo, 36 anos, do Jardim Santa Rita de Cássia, conviveu com o cigarro por mais de 12 anos. Parou, teve uma recaída e procurou ajuda do programa. Desde setembro do ano passado está sem fumar. A determinação foi importante. Ele explica que parar de fumar foi até fácil quando ele tomou a decisão firme. Hoje, sem consumir medicamento algum, ele se alimenta melhor, frequenta academia, trabalha disposto.

Aos 63 anos, aposentado não desiste

O aposentado Carlos Manesco, 63 anos, morador no bairro Cruzeiro do Sul, fuma três maços de cigarros por dia há 50 anos. Determinado a abandonar a dependência química, ele frequenta a segunda turma do ano do programa “Saúde sem Tabaco”. “Tenho muita tosse e por isso quero parar, quero parar de todo jeito, a família reclama”, contou. Ele quer melhorar a saúde respiratória, anda um pouco e sente muito cansaço e o cigarro tem tudo a ver. “Consegui parar de fumar por uns 40 dias, mas depois voltei. Era outra vida”, recorda

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