Hortolândia foi pioneira em diversas ações de enfrentamento ao coronavírus, e inspirou ações semelhantes em cidades vizinhas, à medida que a pandemia se expandia e preocupava os governantes.
Foi a primeira cidade, por exemplo a ter um comitê organizado para o debate de ações para o enfrentamento da doença. Também foi uma das primeiras a decretar o isolamento social. Antes mesmo do decreto do governador João Doria (PSDB).
Além disso, o município se adiantou a uma temida crise de abastecimento, e definiu um plano especial de distribuição de cestas básicas a necessitados.
Assim como, à frente de vizinhos, suspendeu por 90 dias a cobrança de tributos.
O secretário de governo, Carlos Augusto César, o Cafu, detalhou para o TodoDia as ações do município em um momento tão complicado da história.
TodoDia – Quando a administração deu a largada às ações de enfrentamento do coronavírus?
Cafu – No dia 13 de março criamos o decreto que criava o Comitê de Enfrentamento e Combate ao Coronavírus. Quatro dias depois, estava decretado o isolamento social, em defesa da vida.
Houve uma pronta adesão popular às medidas? Elas foram bem recepcionadas pelo cidadão?
Cafu – Muitas vezes fomos criticados. Muita gente dizia que o governo ia deixar famílias morrendo de fome, sem ter como pagar suas contas. Só que as ações foram planejadas. Ampliamos nossas políticas sociais e estamos entregando cestas básicas para todas as famílias que estão em situação de vulnerabilidade social. Garantimos a retirada dos moradores de rua, e os levamos para um ginásio poliesportivo da cidade. Eles ganharam dignidade. Agora, começamos a entrega do kit merenda para as família dos alunos da nossa rede municipal.
TodoDia – É visível que a cidade se organizou, pensando nos dias de retração econômica. Como ficaram as contas do município, neste quadro?
Cafu – Suspendemos as cobranças de impostos municipais pelos próximos 90 dias, desde o dia 17 de março, retirando neste período multas e juros. E, no tocante ao fechamento do comércio, estabelecemos regras e parâmetros para liberar gradativamente cada setor, além dos serviços essenciais que nunca foram interrompidos.
A comunidade participou do planejamento, ou foram decisões impostas pela prefeitura?
Cafu – Debatemos tudo em reuniões com lideranças religiosas, empresários, comerciantes, políticos… Buscamos sempre mostrar a visão e a preocupação com a vida.
E como a cidade agiu quando chegaram os primeiros casos suspeitos de Covid-19?
Cafu – Fomos o primeiro município da região a montar uma central de atendimento à doença, na UPA Nova Hortolândia, equipada com 30 leitos para casos leves e três leitos com respiradores. Hoje, temos 28 leitos com respiradores para atender os casos de baixa e média complexidade, já que os casos de alta complexidade são responsabilidade do Estado.
E fora das unidades de saúde? A cidade estava preparada para enfrentar a pandemia?
Cafu – Fomos o primeiro município a realizar a descontaminação da cidade em ruas próximas às unidades de saúde e de grande circulação.
A quarenta, inegavelmente, prejudica a atividade produtiva e compromete os empregos. Qual é a postura da prefeitura diante da situação?
Cafu – As ações para garantir emprego e uma renda mínima, por exemplo, devem ser tomadas pelo Estado e pela União. Como foi a votação do auxílio financeiro emergencial para família, que passou no Congresso e espera sanção do presidente da República. Os contratos de aluguel e os contratos comerciais também precisam ser ordenados legalmente. O que não dá pra admitir, no entanto, é que o debate de temas importantes virem um palco de ações políticas. É um momento que não tolera fake news. Todos precisam estar juntos, pelo bem comum.
A prefeitura colaborou de alguma forma para manter os empregos na cidade?
Cafu – Fizemos, por exemplo, acordos com as empresas que prestam serviços autorizados à prefeitura. A merenda escolas foi suspensa. Para que as merendeiras não fossem demitidas, elas começaram a produzir os kits de alimentos entregues às famílias. O pessoal da limpeza pública foi alocado na higienização dos postos de saúde. O cidadão preserva o emprego e a cidade se fortalece no combate ao coronavírus.
Na sua opinião, a comunidade vai vencer a pandemia?
Cafu – Quero parabenizar especialmente cada servidor público das áreas de Saúde, Segurança, Inclusão, e todas as secretarias que não param de trabalhar, para que o cidadão permaneça em casa, com segurança. A guerra pode ser longa, cada dia enfrentamos uma batalha, mas acredito e tenho muita fé. Juntos, governo e sociedade serão vencedores.