
Após meses de incertezas e discussões políticas, o Hospital Estadual de Sumaré “Dr. Leandro Franceschini” seguirá sob gestão da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) por mais cinco anos. A entidade foi a única a concorrer no edital recomendado pelo TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo).
Continuidade
A renovação do contrato, anunciada no fim de julho, evitou o que parlamentares e profissionais da saúde consideravam um possível retrocesso no atendimento regional do Sistema Único de Saúde (SUS).
Referência para seis cidades da região
A unidade, referência em média e alta complexidade para mais de 1,2 milhão de habitantes de seis municípios da região, Sumaré, Americana, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste, correu o risco de mudar de administradora.
TCE envolvido no impasse
A medida partiu de uma recomendação do TCE-SP, que determinou a abertura de novo chamamento público com o argumento de garantir ampla concorrência na gestão de um bem público.
Mais de 15 anos
Desde 2009, o hospital é gerido pela Funcamp, fundação ligada à Unicamp, e integra o complexo universitário de saúde, com atuação reconhecida em ensino, pesquisa e inovação médica. Com o fim do contrato em 31 de julho, cresceu a preocupação de que a unidade fosse repassada a outra organização social de saúde (OSS), sem o mesmo vínculo acadêmico e sem garantias de continuidade do padrão técnico e científico.

Movimento pela manutenção
A deputada estadual Ana Perugini (PT), que atua na Comissão de Saúde da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), foi uma das vozes em defesa da permanência da Unicamp na gestão.
Para ela, o hospital cumpre uma função estratégica para toda a macrorregião. “O Hospital Estadual de Sumaré é regional, atende uma microrregião com mais de um milhão de pessoas. Não é um hospital de atenção primária, é de atenção secundária, com cirurgias e estrutura elevada. Estávamos na iminência de perdermos a Unicamp ali. Seria um retrocesso enorme”, declarou a parlamentar.
A possível mudança gerou mobilização entre profissionais da saúde, estudantes, gestores e moradores. A Câmara de Sumaré chegou a rejeitar uma moção que pedia a permanência da universidade na gestão. Mesmo assim, a pressão regional continuou até a renovação do contrato,“Estamos falando de um hospital que investe em pesquisa, em atualização tecnológica, na qualificação de profissionais. A Unicamp tem papel estratégico para Campinas, para Piracicaba, e para o país. Não podíamos abrir mão dessa estrutura”, defendeu Perugini.
Importante também no ensino
Além de ser uma unidade de atendimento, o Hospital Estadual de Sumaré também é um hospital-escola, essencial para a formação de médicos, enfermeiros, residentes e outros profissionais da saúde.
Com a renovação contratual confirmada, a expectativa agora é que o hospital mantenha sua atuação de excelência, mas com maior integração regional. A deputada também defende mais transparência na gestão, uso racional dos recursos e definição clara de responsabilidades no sistema de regulação,“Precisamos falar de eficiência, de gestão pública. É hora de colocar os pingos nos is, entender o que encarece os serviços e como entregar mais com os recursos que temos. A renovação foi uma vitória, mas agora é hora de construir uma regionalização com qualidade, visibilidade e justiça no atendimento.”disse a deputada .
Contexto
O Hospital Estadual de Sumaré foi inaugurado em setembro de 2000. Desde então, cresceu em número de especialidades e se consolidou como unidade de referência em diversas áreas, incluindo ortopedia, cirurgia geral, urologia, entre outras. Seu modelo de gestão integrada com a Unicamp é considerado uma das chaves para o padrão técnico mantido ao longo das últimas duas décadas.