A febre maculosa brasileira, uma doença infecciosa transmitida pela picada de carrapatos, tem gerado grande preocupação em diversas regiões do País e sido motivo de muita desinformação. Para aumentar a conscientização sobre o tema, o médico infectologista Dr. José Mauro Ferraz de Arruda, do Hospital Geral do Grajaú, sob gestão do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), reuniu algumas informações sobre as principais dúvidas da população, alertando para a necessidade de um diagnóstico precoce.
O infectologista ressalta que identificar a doença o mais cedo possível permite que medidas terapêuticas sejam tomadas prontamente, aumentando as chances de recuperação do paciente e reduzindo os riscos de complicações graves e até mesmo óbito.
Principais Sintomas e Período de Manifestação
A febre maculosa brasileira apresenta sintomas iniciais vagos, como febre, dores musculares e intensa dor de cabeça. Muitas vezes, esses sintomas podem ser confundidos com um quadro gripal comum. As manchas na pele, conhecidas como exantema macropapular, geralmente aparecem até o 5° dia após a picada do carrapato, mas sua ausência pode dificultar o diagnóstico precoce e o tratamento, aumentando o risco de complicações. À medida que a doença progride, as manchas se espalham pelo corpo, evoluindo para petéquias (pontinhos vermelhos) e manchas purpúricas (manchas roxas). Em estágios avançados, podem ocorrer equimoses (sangramento interno que penetra no tecido e deixa a pele roxa) e sufusões hemorrágicas (acúmulo de sangue fora dos vasos sanguíneos, ou hematomas), possivelmente decorrentes de traumas., que são prognósticos negativos.
Transmissão
A bactéria responsável pela febre maculosa brasileira é a Rickettsia rickettsii. A principal forma de transmissão ocorre através da picada de carrapatos, especialmente a espécie Amblyomma sp., popularmente conhecido como carrapato estrela. No entanto, também é possível a transmissão por meio do arrancamento de carrapatos com as mãos nuas ou seu esmagamento com as unhas, desde que haja lesões na pele ou mucosas. Vale ressaltar que não há transmissão direta entre humanos.
Regiões mais afetadas
Embora esteja amplamente descrita em regiões circunscritas no interior do estado de São Paulo, há também registros de casos e óbitos na região metropolitana da capital. Portanto, tanto áreas urbanas quanto rurais podem apresentar casos de contaminação – porém, em áreas urbanas é mais raro encontrar casos.
Medidas de Prevenção
A prevenção da febre maculosa brasileira baseia-se na proteção contra picadas de carrapatos. Recomenda-se a aplicação frequente de repelentes, o uso de roupas claras e a cobertura adequada do corpo para evitar áreas expostas. É importante evitar áreas conhecidas por apresentar carrapatos estrela (Amblyomma sp.) e casos confirmados da doença. Caso ocorra uma picada de carrapato, é fundamental observar o aparecimento de sintomas, como febre e dor de cabeça, nos próximos 14 dias após a remoção do carrapato
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Dificuldades no Diagnóstico e Importância do Tratamento Precoce
A evolução grave da febre maculosa brasileira está relacionada ao diagnóstico tardio da doença. Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde investiguem os antecedentes epidemiológicos dos pacientes, como viagens a áreas de mata, exposição a animais e relato de picada de carrapato, durante a anamnese (entrevista do médico com paciente para tentar identificar o problema).
O tratamento deve ser iniciado precocemente para reduzir a gravidade da doença. Nos casos graves, é feita administração do antibiótico por via endovenosa e se entende pelo menos até 3 dias do término da febre. A letalidade aumenta significativamente quando o tratamento é iniciado após o quarto dia de sintomas.
Recuperação e grupos suscetíveis
A recuperação dos pacientes está relacionada ao tempo de evolução da doença. Nos casos mais graves, é necessário acompanhamento em ambiente de terapia intensiva. No entanto, após o tratamento adequado, a recuperação tende a ser completa. Pacientes gestantes, idosos, crianças de baixa idade e pessoas com doenças crônicas ou imunossupressão apresentam maior risco de complicações e óbito.