A região de Campinas registrou forte queda nos investimentos anunciados no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
De julho a setembro de 2018 foram anunciados 17 empreendimentos na região, totalizando US$ 356,8 milhões em investimentos, contra US$ 711,5 milhões em 32 empreendimentos no mesmo período do ano passado.
A queda é de 49,8%, segundo apontam os dados da Piesp (Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo), divulgados pela Fundação Seade.
O setor que mais teve queda foi o de infraestrutura, que abrange investimentos em eletricidade, transporte terrestre, armazenamento e atividades auxiliares dos transportes, captação, tratamento e distribuição de água, coleta, tratamento e disposição de resíduos, recuperação de materiais, esgoto e atividades relacionadas.
No terceiro trimestre deste ano foram anunciados cinco empreendimentos em infraestrutura, com investimentos de US$ 14,7 milhões. No mesmo período do ano passado foram 12 empreendimentos, totalizando US$ 407 milhões em investimentos. Uma redução de 96,3%.
O setor de serviços, que engloba atividades imobiliárias, atividades de atenção à saúde humana, outras atividades de serviços pessoais, educação, alojamento, pesquisa e desenvolvimento científico, serviços de arquitetura e engenharia, testes e análises técnicas, atividades de atenção à saúde humana integradas com assistência social, prestadas em residências coletivas e particulares, teve 13 empreendimentos no terceiro trimestre do ano passado, com investimentos de US$ 37,3 milhões contra apenas quatro no mesmo período desse ano, com anúncio de US$ 11,6 milhões em investimentos.
A indústria, que engloba veículos automotores, reboques e carrocerias, manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, produtos químicos, máquinas e equipamentos, produtos alimentícios, produtos diversos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, foi responsável por números positivos de investimentos na região.
Os investimentos no setor tiveram crescimento de 30,1%. No mesmo período no ano passado foram quatro empreendimentos, com investimentos de US$ 253,8 milhões, ante sete empreendimentos em 2018, com investimentos de US$ 330,2 milhões.
A indústria respondeu por 92,5% dos investimentos anunciados na região, ressaltando que 68,1% deles foram destinados ao setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, com US$ 242,9 milhões.
Entre os investimentos anunciados estão US$ 242,9 milhões para a modernização da fábrica de automóveis da Toyota em Indaiatuba.
Em Campinas, a Azul Linhas Aéreas anunciou investimento de US$ 36,4 milhões para a construção de um hangar para manutenção de aeronaves no Aeroporto Internacional de Viracopos.
INDEFINIÇÃO POLÍTICA E DENÚNCIAS ATRAPALHAM
Cândido Ferreira da Silva Filho, professor de Economia da PUC-Campinas, explica que um dos fatores que pode ter influenciado na queda dos investimentos na região de Campinas é o futuro incerto por conta da indefinição política antes das eleições, mas não apenas.
“Neste ano havia grande indecisão, incerteza com relação ao futuro por conta da questão política, que de alguma forma afetou o investimento, principalmente na área de serviços. Os empresários ficaram receosos”, explica.
No entanto, com relação à queda no setor de infraestrutura, o que mais pesou foram as investigações e denúncias de corrupção.
“Essa grande redução de investimentos na infraestrutura, que é feita pelo governo, tem a ver com questão das grandes construtoras, todas envolvidas em denúncias de corrupção, muitas obras paralisadas e também por conta da crise que atinge o próprio setor público”, aponta.
Ainda segundo o professor, todas essas obras têm participação governamental. “Mas todas as esferas do governo estão absolutamente quebradas, têm o limite de gastos. Como têm várias coisas que não podem cortar, como salários, cortam o investimento”, analisa.
O setor industrial, segundo ele, é um caso à parte. “Tem a questão política, mas o setor industrial está crescendo. O industrial está confiando no futuro. A expectativa é que com as reformas haja uma recuperação da economia e isso aumenta a receita do governo, que volta a investir”, conclui.