quarta-feira, 24 abril 2024

Lojistas correm risco e vendem máscaras para se adaptar à fase vermelha

Após três dias de volta à fase vermelha do Plano São Paulo, que permite apenas o funcionamento de serviços e comércios essenciais, lojistas de Americana têm se virado para garantir o pão de cada dia. Uns optam por abrir e correr o risco de serem notificados e depois multados, outros começaram até a vender máscaras mesmo não sendo do ramo. 

Com a determinação do Estado, o calçadão e toda região central estão muito mais vazios do que semana passada, e poucas lojas estão abertas, algumas a meia porta. 

Na Rua 30 de Julho, próximo à Rua Sete de Setembro, a reportagem flagrou cinco lojas de roupas abertas, algumas totalmente, outras meia porta, e entrou em duas delas. Em uma terceira, ninguém quis dar entrevista. 

Um dos entrevistados, dono de loja de roupas, confessou que manterá aberta até que seja notificado. Natural de Goiás, 45 anos, ele não quis ser identificado e alegou necessidade. “Ontem e anteontem abri só meia porta, hoje abri inteira. Vou manter aberta, não tenho benefício, tenho que pagar o aluguel, energia, água”. 

Ele diz que a fiscalização ainda não passou em sua loja. “Se passarem e falar para fechar, vou fechar, para não tomar a multa. Se eu tomar a multa não tenho dinheiro para pagar”, conta. 

O ponto foi comprado pelo comerciante em dezembro. “Ainda não engrenou a loja, quando ia começar, tivemos que fechar”, lamentou. 

Perguntado se o risco valia a pena, se a procura estava compensando, o dono da loja lamenta. “Está muito fraco o movimento. Ontem vendi quatro peças, hoje três. Só Deus mesmo para mandar mais gente”. 

Ao lado, uma loja de roupas vendendo máscaras, com meia porta aberta. Uma funcionária de 50 anos, que também não quis ser identificada, conta que a ordem é da proprietária. 

“Roupa só pelo WhatsApp. Aqui só estamos vendendo máscaras, senão a gente se complica. Estamos dando um jeito, porque tem aluguel para pagar”, relata. 

Para ela, o movimento segue tímido após a volta para a fase vermelha, pelo fato das pessoas estarem com medo. “Ontem vendemos 20 máscaras, hoje foram 15. Muita gente que vai no banco sem e precisa comprar vem aqui, mas não deixamos ninguém entrar, para evitar o risco de contrair a doença”, explica. 

Em Santa Bárbara, por volta das 16h, o movimento era ainda mais fraco no Centro da cidade. Catarina Modesto, 48, proprietária de uma ótica (considerado serviço essencial), diz que os comércios essenciais foram afetados pelo fechamento dos não essenciais. “Ontem teve mais, mas hoje eu tive só dois clientes”. 

Catarina diz que o movimento caiu pela metade em sua ótica. “Mesmo podendo abrir, não resolve. Uma andorinha só não faz verão. E quando os bancos fecham acabou o movimento”, relata. 

A comerciante se diz contra a quarentena mais rígida. “O comércio não faz o coronavírus aumentar. Se usar máscara resolve então tem que abrir”, diz. 

Catarina afirma que viu durante semana agentes fazendo a fiscalização dos comércios no Centro. “Estão passando em bastante lojas”. 

As prefeituras de Americana e Santa Bárbara informam que realizam diariamente a fiscalização do comércio, e que desde segunda-feira (6) nenhuma multa foi aplicada. 

Americana afirmou que segundo a Unidade de Vigilância em Saúde, houve adesão da grande maioria dos comerciantes locais à mudança para a fase vermelha e fechamento de comércios não essenciais, “com raras exceções sobre alguns estabelecimentos que insistiam manter as portas abertas”. 

Ainda segundo o Executivo, após orientações, os proprietários aceitaram. Até o início da tarde desta quarta (8), nenhum estabelecimento precisou ser interditado, segundo a prefeitura. 

A Prefeitura de Santa Bárbara informou que segue com as ações de fiscalização e orientação ao cidadão e a estabelecimentos comerciais. 

“O trabalho envolve servidores do Setor de Fiscalização de Obras e Posturas, Vigilância Sanitária e Guarda Municipal. De uma maneira geral, as medidas vêm sendo cumpridas e até o presente momento não houve autuações”, disse. 

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