sexta-feira, 3 maio 2024

Maconha medicinal chega à região

Nos últimos anos, o CBD (Canabidiol) Medicinal vem ganhando força no mercado mundial e aumentando o número de adeptos no Brasil. A CBD Vida, de Campinas, é a primeira empresa do País com marca própria autorizada a comercializar medicamentos à base da substância – extrato natural da Cannabis sativa – com importação direta mediante receita e laudo médico.

O mercado nacional de CBD deve movimentar US$ 4,7 bilhões, ou seja, em torno de R$ 17 bilhões nos próximos três anos, segundo pesquisadores da BDS Analytics e Arcview Market Research. No Brasil, atualmente, são 6.530 pessoas cadastradas na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a importação do ativo, um mercado estimado em US$ 1 bilhão por ano.

O número de pacientes cadastrados para importação de CBD triplicou desde 2015, quando a regulamentação foi aprovada no Brasil. Em nível mundial, consultorias projetam vendas que podem chegar a US$ 23 bilhões até 2023 nos EUA, considerando a entrada das grandes redes de farmácia no mercado. Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo têm epilepsia (principal enfermidade tratada com CBD), segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

TRATAMENTOS

A CBD Vida nasceu a partir da experiência canadense sobre a liberação do uso medicinal da Cannabis sativa. A empresa binacional, com sedes em Campinas e Ottawa, tem ambicioso plano de exploração do ativo no País e na América Latina. Para os canadenses, o mercado brasileiro é bastante promissor e nos próximos anos essa demanda tende a aumentar, e o momento é perfeito para a implementação de um mecanismo mais simples de acesso ao ativo.

Ele se compõe até 40% dos extratos da planta e tem sido usado como medicamento para tratamento de diversas doenças, como epilepsia, fibromialgia, dores crônicas e transtornos de ansiedade, por exemplo. Estudos apontam também melhoras dos sintomas quando o ativo é ministrado no tratamento de combate aos transtornos de humor, redução de inflamação, combate ao câncer, controlador de crises epiléticas, entre outros. Os produtos da marca começam a ser vendidos em agosto pelo site da empresa.

O e-commerce que oferece a substância mediante receita médica para pacientes brasileiros já está no ar no endereço eletrônico www.cbdvida. com.br. A sede operacional da companhia fica em Ottawa, capital do Canadá, e alguns produtos são fabricados na província de Quebec.

PRECONCEITO

O diretor executivo da CBD Vida, Fábio Candello, disse que há um certo preconceito a respeito da Cannabis medicinal. Ele cita diferenças consideráveis entre o uso para tratamentos e o recreativo. “A parte utilizada da planta é a masculina, onde o THC (tetra-hidrocanabinol, principal componente psicoativo da maconha) é praticamente zero”, explicou. Ele ressaltou que a produção, manipulação e armazenagem da Cannabis no Brasil não foram liberadas, mas a Anvisa permite a compra no Exterior, não se responsabilizando pelos efeitos colaterais ou benéficos do uso. “Após a decisão governamental, os conselhos médicos autorizaram seus profissionais a prescrever esses medicamentos aos pacientes”, afirmou.

Epilético está entre os mais favorecidos

O executivo da empresa CBD Vida, Fábio Candello, lembra que, no Brasil, o Distrito Federal incluiu o tratamento medicinal à base da Cannabis na cesta de farmácia de alto custo e distribui gratuitamente aos pacientes de menor poder aquisitivo. Nos outros Estados, afirma, o paciente que não dispõe de recursos para a importação do produto pode entrar com uma ação judicial. Invariavelmente, diz, a Justiça orienta o Poder Público a comprar o canabidiol e fornecer o tratamento sem custo.

“Aos pacientes que não têm condições financeiras de comprar, prestamos esta assessoria para tornar acessível o canabidiol e lutarmos para que mais pessoas façam uso desse tratamento medicinal”, esclareceu. Segundo ele, nos EUA, a Cannabis vem sendo utilizada no tratamento de dores crônicas, substituindo remédios opioides como morfina. “Se considerarmos os 3 milhões de pessoas em epilepsia, 1 milhão com autismo, e outros tantos com Alzheimer e Parkinson”, temos um potencial muito grande de mercado no Brasil. Mas, vamos seguindo em passos conservadores até chegarmos lá”, concluiu.

Preço alto ainda é o maior obstáculo

Embora autorizado, o uso da Cannabis como tratamento medicinal ainda é caro e fora do alcance da maioria da população. Um frasco de produto comercializado pelo escritório campineiro da empresa binacional custa em torno de US$ 200. Se levarmos em consideração que o paciente usa em média até três frascos por mês, o tratamento no periodo pode chegar à casa dos R$ 1 mil, considerando-se a cotação da moeda americana

. Em tempos de economia inatável, quando o dólar pode ficar ainda mais caro, cresce o preço da mercadoria importada, e o tratamento pode ficar ainda mais dispendioso. Diante do quadro, o diretor executivo explica que a empresa tenta se adequar ao mercado, e procuta conquistar clientes com uma política especial de preços. Segundo o dirigente, após pesquisas, a empresa optou por estabelecer descontos médios de US$ 50 nos medicamentos, com base nos valores que são praticados no mercado mundial.

Além do preço, se procura destacar a eficiência dos produtos, bem como investir na agilização da entrega. Segundo Cadnello, se busca oferecer diferenciais. Após providenciada toda a documentação, afirma, o produto é entregue ao paciente no prazo entre oito e dez dias úteis. Para aprimorar os procedimentos, a empresa firmou uma parceria com a SinerlogUSA, empresa de logística integrada a um serviço brasileiro dos Correios. “A CBD mantém um armazém alfandegado no aeroporto de Miami. Lá existe um estoque dos produtos. O cliente faz o pedido, a compra é processada e enviada ao Brasil dentro do período de 24 horas”, diz o diretor.

Decisão de 2014 mudou as regras

No Brasil, em 2014, a Justiça autorizou pela primeira vez uma família a importar óleo rico em canabidiol para o tratamento de uma criança que sofria de epilepsia refratária. A partir dessa jurisprudência, os pedidos aumentaram drasticamente. Então a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução que definiu critérios para a importação de produtos à base de canabidiol em associação com outros canabinóides.

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