Em entrevista ao TODODIA, deputado fala sobre cenário e admite que Cauê pode ser candidato a vice-governador
No Congresso desde 2007, Macris acredita que a viabilização da chamada “Terceira Via”, candidatura à presidência que se contraponha tanto a Lula quanto a Jair Bolsonaro (PL), é possível e vê em João Doria (PSDB) o “melhor gestor público do país atualmente”, com chances reais de assumir o Planalto.
O deputado esteve na sede da Rede TodoDia nesta quarta-feira (22), onde concedeu uma entrevista ao jornal e à TV sobre a atuação em Brasília durante a pandemia, o trabalho realizado junto ao prefeito de Americana, Chico Sardelli (PV), e a possibilidade de ver um dos filhos, o atual chefe da Casa Civil de Doria, Cauê Macris, concorrer a vice-governador na chapa com Rodrigo Garcia (PSDB). Confira a seguir os principais trechos da conversa, levada ao ar nesta quarta-feira:
TODODIA – Quais são os principais pontos que você destaca do trabalho desenvolvido no Congresso durante 2021?
Vanderlei Macris – A maior preocupação do Congresso durante este ano foi a questão da pandemia. Realmente o assunto mais importante para ação dos parlamentares, principalmente na questão de preservar uma estrutura mínima nos estados e municípios para que a gente pudesse dar conta do advento da pandemia, conseguindo construir uma capilaridade para que pudesse ter sucesso na vacinação. A vacinação foi, sem dúvida nenhuma, o grande instrumento de luta contra a pandemia. Tanto é verdade que todos nós estamos vendo, neste momento, um processo de queda vertiginosa dos números de internações e mortes.
Neste tempo de vida pública, esse é o momento mais delicado economicamente e politicamente?
Tenho impressão que sim por conta da pandemia. Eu sou deputado há muitos anos e já vivi várias fases da economia brasileira. A pior delas foi a véspera do Plano Real, que deu organização para economia brasileira e valorização da moeda. Antes disso, eu vivi também esse período como deputado estadual, foi desastroso para a economia brasileira. Era uma inflação de 80% ao mês. Ali foi realmente um momento desastroso. Agora, em 2021, estamos começando a ver inflação de dois díitos, com 10% ao ano. Se não tomarmos cuidados com ações competentes e responsáveis com a economia brasileira, esse vai ser um grande drama que vamos enfrentar: crescimento da inflação e queda do poder aquisitivo. Em relação à política, foi o enfrentamento à pandemia.
Ainda sobre as atividade no ano legislativo, como foi sua atuação pela prisão em 2ª instância?
Eu defendo. Defendi posição favorável da ficha limpa, a redução de parlamentares…Acho que 500 deputados é muito, deveria ter 300, como é o legislativo de vários países do mundo, com base no percentual de população e número de deputados. Dois senadores em vez de três. Deveríamos dar uma enxugada no Congresso. Votei a favor da lei anti-privilégios. Tenho posições definidas em relação a isso. A prisão em 2ª instância é a questão mais importante do Brasil para botar medo nos criminosos, seja de colarinho branco ou contra a vida. Decidido em 1ª instância, o juiz da cidade condena o sujeito, ele faz um recurso para um colegiado. O colegiado vai fazer uma boa avaliação das provas e julgar novamente. Esse tribunal confirmou a condenação, cadeia. Isso não é aprovado por que tem um movimento interno, de lavajatistas e de envolvidos em processos, que deram um golpe na semana passada. Queríamos votar o projeto, e houve a troca de 15 deputados da comissão que eram favoráveis por deputados que eram contrários. Tudo permitido pelo regimento, sem nenhuma surpresa. Mas foi um golpe mortal à prisão de 2ª instância. Mas precisamos saber que a luta precisa continuar.
Você tem visitado Americana frequentemente para anúncios em benefício da cidade. Quais você destaca?
Nós disputamos a eleição com o Chico (Sardelli). Acabou a eleição, legitimado o candidato deve haver o respeito ao resultado eleitoral. Faz parte da democracia. A vida inteira como parlamentar, se o prefeito foi legitimamente eleito, eu viro a página e penso na cidade. E foi o que aconteceu, mesmo com um filho meu disputando (Rafael Macris). Procurei o Chico e propus trabalhar junto pela cidade. O Chico tem sido um prefeito atencioso. Tanto ele quanto o Odir (Demarchi), vice-prefeito. Temos feito uma boa parceria, com reuniões nas secretarias do estado de São Paulo, nos ministérios. Teve a carreta para mamografia, recursos para o Baep, inauguração do Capes Infantil, com R$ 1 milhão de investimento, o Hospital Seara também foi ajudado. Tivemos quase R$ 2 milhões para poder investir em dois Centros de Saúde novos, no Alvorada e no Zanaga, a entrega de duas novas ambulâncias, o Programa Vida Longa, anunciado esta semana, para pessoas idosas em vulnerabilidade. Mas o mais importante é para o atendimento de pessoas em tratamento oncológico em Americana. Quem não tem na família, um amigo ou vizinho que tem problemas de câncer e precisa fazer tratamento? Às vezes é necessário pegar uma van e ir para Barretos, Campinas ou São Paulo e isso é desumano. É um sofrimento para os doentes e para as famílias. O estado vai bancar R$ 5 milhões por mês e vai ser um polo regional. Sem dúvidas é o projeto mais importante.
Falando um pouco sobre a corrida eleitoral, nesta semana o ex-governador Alckmin jantou com o ex-presidente Lula. Você chegou a dar algum tipo de conselho ao Alckmin?
Claro. Acho que foi uma decisão equivocada. Ele é muito amigo meu. Ele teve quatro vezes legenda pelo partido para ser governador. Mais duas legendas para a presidência da República, mais duas para ser candidato a prefeito de São Paulo e mais duas para ele ser candidato a deputado estadual e federal. São dez legendas. Nesses 32 anos, só ele teve legenda para ser candidato no majoritário. Agora estava na hora do partido, com um movimento novo, como o Doria que está criando raízes dentro do partido. Tem o Rodrigo Garcia, que veio agora para ser o candidato a governador. Ele (Alckmin) disse que não queria ficar no partido por querer ser o candidato a governador. Estava na hora dele dar ao partido. O partido ofereceu o Senado para ele. Ninguém queria que ele saísse do partido, mas ele decidiu sair. Na minha opinião, uma decisão equivocada. Principalmente por que ele vai para o lado de quem ele criticou a vida inteira, que é o Lula. Lamentável.
Qual a sua opinião sobre a terceira via e a polarização Lula x Bolsonaro?
Essa polarização é ruim para o país. O presidente gerencia o país baseado em uma eleição e isso não pode. É ruim. A Terceira Via vai acontecer. Temos 60% da população que espera um nome alternativo para fugir do Bolsonaro e do Lula. Alguém com bom senso. As pesquisas de hoje não valem nada. A hora que pintar um candidato com 12% ou 13% aí vem a onda.
O Cauê [Macris], que hoje está Casa Civil, vai ser o candidato a vice-governador do Rodrigo Garcia?
O Cauê hoje tem uma responsabilidade incrível. Com o Doria candidato a presidente e o Rodrigo Garcia candidato a governador, a gestão do estado está nas mãos do Cauê, como chefe da Casa Civil. É de uma responsabilidade incrível. Ele ajuda muito nas conquistas para a cidade e para a região, mas ele não é mais candidato a deputado. Se tiver a oportunidade de ser vice-governador ou senador ele vai, mas ele está focado em terminar essa tarefa na Casa Civil. Tanto o Doria quanto o Rodrigo Garcia gostam muito dele. Nenhum dos dois se movimenta sem falar com ele. É um protagonista hoje no estado. Conhece bem a Assembleia e está ajudando muito o governo. Nem ele nem o Rafael são candidatos ao parlamento mais. O Rafael vai esperar a luta municipal. A família Macris tem um candidato só, eu que concorrerei de novo ao parlamento. Espero que consiga mais um mandato. Se não for também eu vou respeitar. A cidade e a região sempre foram muito generosos comigo.