A estudante de direito e ativista Esther Moraes (PL), 21, eleita a vereadora mais jovem de Santa Bárbara desde a redemocratização do País, disse ter se candidatado ao cargo por considerar que a cidade precisa de uma Câmara mais representativa. Militante dos movimentos sociais, Esther defende a urgência de combater a violência contra as mulheres e dar voz “aos grupos historicamente silenciados”.
Além da pouca idade, Esther se destacou por, em sua primeira disputa, ter sido a quinta mais votada dentre os candidatos a vereadores em Santa Bárbara, recebendo 1.672 votos. Só não foi a vereadora mais votada porque Katia Ferrari (PV) teve 100 votos a mais, sendo a quarta mais votada dentre todos eleitos.
Esther revelou ao TODODIA que a decisão de se candidatar “se deu após identificar uma Câmara tão pouco representativa. A partir daí busquei reunir pessoas de diferentes segmentos para ouvi-las e juntos construir um projeto coletivo para disputar as eleições”.
Seu envolvimento com a política começou quando tinha 15 anos e começou a militar pelos movimentos sociais, dentro da favela Zumbi dos Palmares.
Esther conta que lá foi idealizadora de dois projetos junto com outros militantes, a cooperativa de reciclagem Juntos Somos Fortes e o Coletivo de Mulheres Negras. “Esses dois projetos têm uma grande relação com a política, conversamos diretamente com vereadores, secretários, prefeito, deputados. Além da busca constante por apoio e o bom diálogo”, aponta.
Desde o início do ano passado, Esther atua como estagiária na Câmara de Americana junto à vereadora Maria Giovana (PDT), que foi oposição constante ao governo Omar Najar (MDB).
Maria Giovana disse que Esther é motivo de orgulho. “A gente trouxe ela pra Câmara porque sabia do potencial dela e achava importante para ela se desenvolver e chegar onde chegou. O mérito é todo dela, fico feliz de poder ter ajudado um pouquinho”, afirmou.
“Essa oportunidade que tive em atuar com ela, me ajudou a aprender o verdadeiro papel do vereador e os recursos disponíveis”, conta a estudante. Giovana ficou em segundo lugar nas eleições para Prefeitura de Americana, perdendo para Chico Sardelli (PV).
“Queremos trabalhar um mandato coletivo, dando voz e vez a grupos historicamente silenciados. É urgente a problemática da violência contra a mulher e queremos trabalhar em uma política de prevenção através de um trabalho em rede, envolvendo as secretarias municipais, os movimentos organizados e todas as mulheres”, diz.
A jovem de 21 anos diz que pretende também construir uma política de educação ambiental. “Nossa cidade recebe por dia cerca de 140 toneladas de resíduos, 40% é reciclagem, apenas 2% vai para as cooperativas. Precisamos continuar cuidando do meio ambiente”, disse.
SURPRESA
Esther disse ter ouvido muito a palavra surpresa e que está surpresa com o resultado, mas afirma ser também uma grande responsabilidade e que está ciente disso, de representar uma juventude que deseja renovação na política e mudanças.
A estudante contou ter encontrado jovens que votaram nela e a apoiaram. “Mas também encontrei jovens sem perspectiva, que não conseguiram acreditar em nada do que eu disse porque estavam com fome, cansados de procurar emprego e com ‘n’ situações para lidar”, contou.
Esther afirma esperar que o jovem se interesse por política, “porque ela está em tudo que a gente faz. Mas eu vou compreender se isso demorar um pouco, porque nossa juventude está na emergência. Quero poder abraçar cada um, e construir políticas que no mínimo aliviem essas situações”, explicou.
Esther também comentou o aumento de vereadoras eleitas na região. Santa Bárbara tinha uma e terá duas. Durante a campanha, ao abordar uma mulher, ela dizia no fim: “mulher vota em mulher!”.
“Eu acredito que as mulheres têm buscado mulheres para votar, isso é importante porque as políticas públicas que nos beneficiam só vão dar certo quando começarem a serem construídas pelas nossas mãos”, argumenta.
