quinta-feira, 25 abril 2024

Morador de rua se espalha pelo Centro

O cenário é um tanto desolador. Os moradores em situação de rua se espalham pelo chão, sob a marquise da antiga loja Seller, na esquina da Avenida Dr. Antônio Lobo com a Rua Washington Luiz, um dos pontos mais movimentados do Centro de Americana. E cada dia parece que o grupo é maior. Todos se acomodam em colchonetes de espuma ou cobertores estendidos.

Muito parecem entorpecidos, atordoados. Não reagem quando as pessoas passam por perto. Não se importam com o barulho das buzinas. Não fazem questão de responder quando são chamados. E quando estão acordados preferem ficar sentados, com o olhar perdido, os cabelos desgrenhados. É como se fossem “zumbis”. É como se vivessem em um universo paralelo,onde chuva e sol não importam. Onde frio e calor não incomodam.

Mas quem vive ou trabalha no Centro se impressiona com a situação. Aqueles são seres humanos, entregues à sorte, à espera de ajuda. Ninguém por ali tem trabalho. Eles comem se ganham algo. Recebem o carinho de uns, mas sofrem o desprezo de muitos. A maioria prefere atravessar a rua, nem olhar para trás.

Os pedestres, diante do quadro impressionante, reagem de maneiras diversas. Para Marcelo, administrador de empresas, o morador de rua está lá porque quer. “Muitos usam drogas, não tem interesse em mudar de vida, se acomodam com a ajuda que chega”, reclama. Rosângela, secretária, fala que os moradores de rua representam a sociedade egoísta, insensível, de pessoas que não se ajudam. Para ela, a caridade é essencial. “Isso aqui é problema de todo mundo. Não adianta fazer de conta que não existe”, conclui.

TEM SOLUÇÃO?

A opinião pública também se divide quando aponta soluções para o caso. Para uns, é tudo culpa do Poder Público, que deixou o Centro virar “reduto” de mendigos. Também reclamam de drogados na praça central e pedintes do Calçadão. Criticam até a complacência dos organismos policiais. Outras pessoas, no entanto, afirmam que a existência de moradores de rua comprova que não existe uma política pública efetiva para acolher, tratar e encaminhar pessoas que de fato estão doentes.

Para este grupo, para o indigente faltou moradia, educação, assistência social, saúde. Fato, no entanto, é que a cidade toda perde. Os moradores de rua despertam sensações de piedade, dó, raiva, impotência. E quem paga o pato é o comércio. Os lojistas sonham com solução rápida. E afirmam que a paisagem colabora para afastar clientes.

Prefeitura vai contratar serviços

A prefeitura de Americana agenda para o segundo semestre um projeto de assistência a moradores de rua. A Administração vai contratar serviços especializados em abordagem social. De acordo com o secretário de Ação Social, Ailton Gonçalves Dias Filho, o trabalho é executado hoje, mas sem forma plena e tipificada. “O momento é difícil. Estamos sem o serviço de acolhimento desde 2017. Já fizemos chamamento público e temos empresas definidas. Dependemos basicamente de homologações contratuais”, diz.

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