O pároco-emérito da Basílica Santuário de Santo Antonio de Pádua, de Americana, padre Constantino Gardinali, receberá no dia 5 de agosto o título de monsenhor, honra conferida pelo Papa a sacerdotes da Igreja Católica pelos serviços prestados à comunidade. Ele será o segundo monsenhor da história de Americana, que não tinha um padre com esse título há quase 50 anos.
O movimento para solicitar o título de monsenhor para o padre Constantino partiu do conselho da pastoral, encabeçada pelo reitor da basílica, padre Pedro Leandro Ricardo. A vontade foi externada no ano passado ao bispo diocesano Dom Vilson Dias de Oliveira, que apresentou o pedido formal ao Vaticano. Recentemente, foi informado que o Papa Francisco aceitou o pedido e concederá o título.
Foi necessário encaminhar a biografia completa de Constantino, retratando seu perfil, presença na comunidade e contribuições para a paróquia ao longo de quatro décadas. A missa para entrega do título ocorre no dia 5 de agosto, às 10h, na basílica.
“É um título de mérito, entregue a padres que tenham desenvolvido um exemplar serviço paroquial, algo que vem enaltecer e dignificar a presença desse sacerdote. É um pergaminho do Vaticano, escrito em latim. Durante a celebração, Constantino adentrará a basílica com as vestes de monsenhor. É um título que dignifica o interior do sacerdote, mas também externa visualmente esse sinal”, explicou padre Leandro.
O reitor da basílica acredita que o título será importante para que o trabalho de Constantino seja conhecido pelas gerações futuras. “Vem consolidar a presença, força e atuação da igreja católica em Americana, que há 50 anos não tinha um monsenhor. (…) Não é algo simplesmente honroso que é dado, mas é principalmente uma tentativa de preservar a presença e história de Constantino entre nós. Nossa grande expectativa é que ele seja ainda mais abraçado pela comunidade e que as crianças e jovens que não o conheceram enquanto pároco, possam conhecer sua história. É um patrimônio vivo”, exaltou Leandro.
Em entrevista ao TODODIA, Constantino se disse honrado com o título, mas admitiu que nunca havia pensado em ser alçado a monsenhor. “Só queria ser padre mesmo, nunca pensei em ter outro título. Teve o grupo que quis que eu fosse elevado, pediram para o Papa, e ele autorizou. Foi uma chance que me deram e nós vamos caminhando”, comentou.
‘Encontrei muita gente que me ajudou’
Natural de Avanhandava, no interior de São Paulo, Constantino Gardinalli nasceu em 15 de setembro de 1931 e foi ordenado padre em 5 de abril de 1959. A vocação para a vida religiosa foi descoberta ainda na adolescência. Após começar o colegial em Campinas, ele foi para um seminário em São Paulo, onde pretendia cursar filosofia e teologia.
Entretanto, acabou não sendo aceito. O motivo: nota ruim em Latim.
“Eu tive uma nota muito boa em grego, 95. Só que em latim não chegou a 50. E o português também foi muito bem (risos). Então não me aceitaram no seminário em São Paulo, mas o bispo de Campinas disse que me mandaria para Pernambuco. Fui para lá, cursei filosofia e teologia, e fiz meu último ano em Limeira, onde me ordenei sacerdote”, contou Constantino.
Em 1977, após o falecimento do monsenhor Nazareno Magi, construtor da basílica de Americana, Constantino foi convidado pelo arcebispo de Campinas para assumir a vaga. Três outros candidatos recusaram o convite, já que o posto acompanhava uma série de desafios, como concluir a construção da basílica e mobilizar os fiéis em uma igreja na região central.
“O arcebispo disse que a cidade estava sem pároco e que queria que eu fosse para lá. Eu soube dos outros padres que desistiram, não queriam. Daí falei ‘olha, eu até aceito, mas se não der certo também eu entrego a paróquia para o senhor’ (risos). Encontrei aqui muitas pessoas que me ajudaram, colaboraram muito. Quando eu cheguei não tinha piso, banco, cadeira, mas devagarzinho fomos ajeitando tudo”, lembrou o padre-emérito.
Em 2009, após quase quatro décadas de serviços interruptos como pároco de Americana, padre Constantino passou a ser o pároco-emérito da igreja. Até hoje se dedica ao trabalho de evangelização e está presente na paróquia de Americana.
Ao longo de todos esses anos, Constantino nunca cogitou deixar a cidade. “Sempre pensei em ficar aqui. Encontrei pessoas que me ajudaram, famílias muito cristãs, presentes na igreja, e que fizeram tudo para colaborar comigo. Me sinto muito feliz aqui”, disse.