quinta-feira, 25 abril 2024

Pandemia reforça aposta no digital na campanha eleitoral

A pandemia do novo coronavírus vai afetar drasticamente a campanha para prefeitos e vereadores neste ano. Sairão de cena os abraços, apertos de mão, o contato direto com os eleitores para dar mais espaço às lives, videoconferências e eventos virtuais. 

Mesmo com o adiamento das eleições para novembro, não há garantias de que a situação estará totalmente controlada até lá e nem que o país não enfrentará uma segunda onda de casos e mortes de Covid-19. 

Especialista ouvido pelo TodoDia e pré-candidatos a prefeito em Americana reconhecem as mudanças drásticas na campanha eleitoral. 

Com adoção de protocolos sanitários rígidos, a campanha nas ruas não vai ser deixada de lado, segundo os pré-candidatos, mas as atenções às estratégias digitais aumentam cada vez mais. 

Pré-candidato a prefeito pelo PSDB, Rafael Macris já tem feito lives quase que diariamente em suas redes sociais, para expor sua vida pessoal e suas propostas de campanha. 

“Infelizmente eu não vinha conseguindo estar perto das pessoas como gostaria por causa da pandemia. Mas os representantes do povo precisam estar em contato constante com quem paga seu salário e, se a pandemia limita a proximidade física, a tecnologia é um aliado forte para contornar isso. Por isso as redes sociais são tão importantes”, afirmou. 

Rafael diz que sempre usou a Internet para se comunicar com as pessoas e isso agora está sendo intensificado. “Tenho feito duas lives por dia, às 9h da manhã e às 21h, sobre os principais temas da cidade, como saúde, segurança, saneamento, educação e trânsito”, contou o prefeiturável tucano, que vê na interação uma das principais vantagens dessa ferramenta. 

“O cidadão faz a pergunta que quer ali, na hora da transmissão, e eu respondo. Geralmente, uso a live da noite para esclarecer os questionamentos que surgem pela manhã. Funciona como uma prestação de contas do que tenho feito, é um espaço para apresentar minhas ideias”, diz. 

Ele diz que também tem usado bastante o WhatsApp para conversar diretamente com as pessoas. 

Pré-candidato a prefeito pelo PSL, Luiz Antonio Crivelari disse que está em contato com o serviço de mídia partidária para ver o melhor processo de abordagem e propaganda. Vai usar todos os recursos disponíveis para projetar seu nome como santinho eletrônico e orgânico, propaganda eleitoral em rádio e televisão e mídias sociais. 

“Acreditamos que deve ser na base do santinho eletrônico e ainda um pouco de corpo a corpo com restrições severas”, avaliou Crivelari. 

“Para o meu partido, o PSL, creio que saímos na frente pois meu nome já estava definido como candidato desde final de 2018 e eu fiz longa jornada de contatos pessoais. Agora é só reforçar pelos meios disponíveis”, disse Crivelari. 

A intenção do prefeiturável do Republicanos, Ricardo Molina, é divulgar suas ações pelas mídias sociais. 

“O Republicanos fará sua campanha pautada no respeito a população. Pautaremos nossas ações de acordo com as regras de segurança determinadas em relação a Covid-19. Mediante a este cenário, naturalmente que as ações virtuais terão peso maior do que campanhas tradicionais, porém apresentando a população nossos objetivos quanto ao futuro de Americana”, disse Molina. 

Outro pré-candidato que gosta bastante do contato pelas redes sociais é o advogado José Odécio de Camargo (Avante). Segundo ele, a campanha avalia todas as formas de comunicação com o eleitorado e acredita que cada uma tem um objetivo diferente em cada fase da campanha. 

“É a minha primeira campanha. Gosto das redes sociais e tenho usado muito nesse tempo. Acredito que esta campanha eleitoral será mais democrática, afinal todos têm o mesmo espaço na Internet e, o melhor, é quase tudo gratuito”, afirmou. 

“Tenho usado minhas redes sociais de forma natural e leve, lá eu mostro minha rotina. Sou o que sou. E o legal é que na Internet recebemos feedback a cada minuto sobre o que estamos falando”, avaliou o advogado. 

A vereadora Maria Giovana Fortunato, pré-candidata pelo PDT, disse que ainda não fez nenhum planejamento da estratégia digital, porque está se dedicando ao mandato legislativo. 

“Em termos de estratégia e marketing de campanha ainda não temos nada planejado. Até porque as convenções acontecem no mês que vem e a partir daí é que vamos começar a nos dedicar à campanha eleitoral. Tudo que estamos fazendo na parte de comunicação e redes sociais está baseado no mandato. Ainda não temos nada definido em relação à campanha”, disse. 

O presidente do PT, Francisco Silva, disse que há algum tempo as redes sociais vêm ganhando força no debate público. “Estamos vindo de um processo de adaptação a esse novo cenário que vai acabar se intensificando com a pandemia. Com certeza vamos buscar utilizar majoritariamente as ferramentas digitais da melhor forma possível para nos conectar com a população de Americana e para levar nossas ideias”, afirmou, ressaltando que o partido não deixará de lado o contato pessoal. 

O pré-candidato a prefeito pelo PV, Chico Sardelli disse que pretende adotar todos os cuidados para se proteger e às pessoas no entorno. 

“Pessoalmente gosto do contato visual, de falar e de ouvir o que as pessoas vivem. Cada experiência é única e só vou conhecer e entender ouvindo o que elas têm a dizer”, disse Sardelli. 

Mas o pré-candidato destaca a importância do contato virtual. “As redes sociais são uma excelente ferramenta. Muitas demandas da cidade aparecem nas redes sociais, devemos ter um olhar atento para com estas solicitações e estas pessoas”, disse o candidato do PV. 

A pré-candidata do PSD, Talitha De Nadai pretende ir às ruas, utilizar as redes sociais e até mesmo contato telefônico para levar suas propostas de governo. 

“Rezo a Deus para que a vida volte ao seu normal, independente de eleições. Usar máscara e álcool em gel está virando um costume de todos nós. Fará parte da nossa vida por um longo tempo.  Meu grande desejo é estar nas ruas. É conversar olho no olho. O distanciamento social precisa ser respeitado e todos nós, sejamos candidatos ou não, teremos que encontrar um equilíbrio, respeitando as orientações dos especialistas”, afirmou Talitha. 

Pré-candidato do Psol, Adriano de Oliveira Silva disse que boca a boca e redes sociais serão as estratégias para tentar conquistar o eleitorado. 

“As máscaras e o álcool em gel já serão parte da nossa realidade após o fim da quarentena. Respeitaremos o distanciamento social enquanto for o melhor entendimento das autoridades de saúde, mas assim que possível buscaremos o contato direto com a população”, afirmou Adriano. 

PROFESSOR APONTA MUDANÇA 

O doutor em Ciências da Comunicação pela USP (Universidade de São Paulo) e docente Extensionista na PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica) Victor Kraide Corte Real apontou a necessidade de mudança na campanha eleitoral deste ano. 

“Com certeza, a campanha digital por meio das redes será praticamente obrigatória. Inclusive, os candidatos mais atentos e criativos podem fazer uso desse argumento e sustentar mensagens de cuidados com a saúde”, sugeriu o especialista. 

Em razão do isolamento social, as carreatas também devem ganhar força, analisa Kraide. “Acredito que comícios e reuniões deverão ser mantidos, mas em ambientes de acesso restrito e controlado, seguindo as normas e limite de público, os quais deverão ser intensamente divulgados como lives e transmissões online”, explicou. 

Os candidatos terão que dominar as ferramentas de comunicação para chegar ao eleitorado. “Será uma oportunidade para ampliar o diálogo por parte do público na participação via chat, fato novo e participação mais ativa que, no ambiente físico, nunca foi possível explorar com tanta intensidade”, avalia. 

SOLA DE SAPATO 

O contato corpo a corpo deve ser mantido, acredita Kraide, mas diante da adoção de protocolos rígidos. “Penso que os candidatos deverão sair às ruas sim, mas usando máscaras e seguindo os cuidados de não estabelecer contato físico. Não teremos candidatos abraçando e beijando os eleitores”, disse. 

“Esse ano essas cenas não veremos com a mesma intensidade. Candidatos que dependem muito desse contato popular e presencial terão muita dificuldade para engajar pelas redes”, considerou. 

Assim como ocorreu na última eleição municipal, Kraide acredita que os ares das mudanças continuarão nestas eleições. 

“Não será difícil passarmos por muitas mudanças nas Câmaras municipais. Novos candidatos tomam o lugar dos que estão há mais tempo. Até porque há um cansaço e um clima de renovação crescente. Essa possibilidade de ‘frescor’ no uso da linguagem da internet pode atrair muitos eleitores”, avaliou o especialista. 

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