
O acesso à saúde nos municípios da Região de Campinas tem apenas duas cidades na região de cobertura da TV TODODIA entre as 100 primeiras colocações no Ranking de Competitividade dos Municípios, que compara todas as cidades do país com mais de 80 mil habitantes.
Enquanto Paulínia e Campinas aparecem com bons resultados, Santa Bárbara d’Oeste foi a que mais caiu em relação ao levantamento anterior, e está 148 posições abaixo da marca de 2024. O índice considera critérios como cobertura da atenção primária, saúde suplementar, vacinação e atendimento pré-natal.
Paulínia entre as líderes nacionais
Paulínia subiu 298 posições em relação a 2024 e ocupa o 28º lugar. O melhor desempenho do município é em “Cobertura de saúde suplementar 2024” e o pior em “Cobertura da atenção primária 2024”.
Para o secretário de Saúde, Dr. Antonio Carlos Guimarães, o bom desempenho na saúde suplementar está ligado ao perfil da população que vem se mudando para a cidade. “Nós tivemos um crescimento populacional muito acima da média estadual e nacional. O aumento da saúde suplementar está relacionado a essa população migratória que vem para Paulínia, marcada pela expansão de condomínios e novos empreendimentos. É um público com padrão socioeconômico mais elevado, que consegue ter acesso a planos de saúde.”
Sobre a atenção primária, o secretário explica que “a principal questão está relacionada à falta de informações enviadas anteriormente ao Ministério da Saúde. Nossos serviços de atenção primária praticamente não estavam habilitados, e agora estamos buscando regularizar todos. Isso é fundamental, porque não é possível gerir um sistema sem informações adequadas e corretas sobre o que está sendo feito no coletivo.”
Paulínia subiu 298 posições em relação a 2024 e ocupa o 28º lugar. Foto: Ranking de Competitividade dos Municípios

Desempenho regional
Campinas subiu cinco posições em relação a 2024 e ocupa o 57º lugar. O melhor resultado é em “Cobertura de saúde suplementar 2024” e o pior em “Cobertura da atenção primária 2024”.
Americana subiu 20 posições e está em 164º lugar, com melhor desempenho em saúde suplementar e pior em atenção primária.
Piracicaba caiu 30 posições e ocupa o 174º lugar, também com destaque na saúde suplementar.
Hortolândia teve queda de 25 posições e ocupa o 190º lugar, com melhor desempenho em “Cobertura vacinal 2024”.
Sumaré subiu 96 posições e ocupa o 200º lugar. Limeira caiu cinco posições e está em 261º. Já Santa Bárbara d’Oeste teve a maior queda, ficando 148 posições abaixo, em 401º lugar.
Cenário em Santa Bárbara d’Oeste
Entre as cidades analisadas pela reportagem, Santa Bárbara d’Oeste ficou na última colocação da região de cobertura da TV TODODIA, com melhor desempenho em atendimento pré-natal e pior em cobertura vacinal.
Santa Bárbara d’Oeste foi a cidade que mais caiu de posição em relação ao último ranking. Foto: Ranking de Competitividade dos Municípios
De acordo com o prefeito Rafael Piovezan (PL), cada subitem do levantamento tem suas particularidades. Ele associa o baixo índice de cobertura vacinal ao cenário nacional. “Infelizmente, isso aconteceu em virtude da pandemia e de toda a discussão que veio junto com ela, com a disseminação de fake news, o que fez parte da população ter uma certa resistência. Agora, estamos fortalecendo novamente as ações de vacinação. É importante entender o que ocorreu, porque esse movimento não era o que esperávamos, pelo contrário.”
A head de Relações Governamentais e Competitividade do CLP (Centro de Liderança Pública), Carla Marinho, responsável pelo levantamento, explica que o eixo de acesso à saúde leva em conta diferentes aspectos. “A gente olha muito para cobertura da atenção primária, atendimento pré-natal e cobertura vacinal. Cada indicador escolhido passa por esses critérios. E, por ser um ranking e não apenas um observatório de dados, ele permite comparar e buscar boas práticas que possam ser conectadas com a realidade local.”
O prefeito também aponta como agravante a paralisação de serviços, como exames de rotina e cirurgias, durante a pandemia. Além disso, observa que grande parte da população ainda procura diretamente os prontos atendimentos Edson Mano e Afonso Ramos, em vez das unidades básicas de saúde, provocando uma alta demanda que poderia ser distribuída.
Como alternativa, Piovezan cita a criação dos complexos de saúde. “Muitas vezes, a pessoa estava com mal-estar, dor de cabeça, sintomas de gripe ou dengue. Conseguimos reverter boa parte desse movimento com os complexos de saúde, que têm uma estrutura diferenciada, com consultórios e sala de vacinação. Esses espaços viraram pontos de referência e têm ajudado a aprimorar a cobertura vacinal, que foi o fator que acabou reduzindo um pouco nossa nota.”
Pré-natal em Paulínia
Em Paulínia, a administração municipal afirma que a avaliação do pré-natal não reflete a realidade local. O ranking considerou os dados mais recentes, de 2023. “O que nos chamou a atenção foi a baixa cobertura do pré-natal. Muito provavelmente isso indica uma falha na transmissão de dados ao Ministério, porque temos uma maternidade municipal junto ao hospital municipal. Paulínia tem cerca de 116 mil habitantes e registra entre 800 e 900 nascimentos por ano. Desses, 90% são de mães residentes no município. Então, não faz sentido que elas não estejam sendo atendidas pelas nossas UBSs”, afirma o secretário de Saúde, Dr. Antonio Carlos Guimarães.
Ele destaca que o município conta com dez unidades básicas de saúde, 40 equipes de saúde da família e bons resultados em outras frentes, como sífilis congênita e HIV, ambos com controle total, além de ter sido classificado em nível prata no combate à hepatite B e C neste ano. “Por isso, acreditamos que há indicadores conflitantes, que não refletem o desempenho real da rede municipal”, completa.
Critérios e objetivos do ranking
O ranking se baseia nos últimos dados disponibilizados pelas cidades e tem como proposta estimular que os municípios busquem referências de políticas públicas que deram certo em outros locais. “É possível olhar para o primeiro colocado em determinado indicador e identificar políticas públicas que possam ser adaptadas e aproveitadas na gestão local”, explica Carla Marinho, do CLP.

Medidas em andamento em Santa Bárbara d’Oeste
Santa Bárbara d’Oeste deve ampliar a rede municipal de saúde com a construção do terceiro Complexo de Saúde, no bairro Mollon, e a previsão de um quarto na região Sul. “A intenção é que, ao longo do tempo, porque esse processo não é rápido, a população perceba que é nesses complexos que conseguirá um atendimento mais ágil, com menor tempo de espera, filas reduzidas e mais qualidade. Esse é o planejamento que temos seguido”, explica o prefeito Rafael Piovezan (PL).
Entre os indicadores avaliados no ranking de 2023 está o atendimento pré-natal. Nesse ponto, a administração destaca o papel do Centro de Referência em Saúde da Mulher, entregue no ano passado. “A unidade vai contribuir não só com a ampliação da cobertura vacinal, mas também com o acompanhamento do pré-natal, que é fundamental”, reforça o prefeito.
Além disso, estão em andamento ações como a criação de novos leitos no Hospital Municipal e a construção de um novo centro de especialidades médicas.





