sábado, 20 abril 2024

Quase metade dos vereadores eleitos recebeu do ‘fundão’

Alvos de polêmicas durante a campanha, os fundos eleitoral e partidário, chamados de “fundão”, chegaram às contas eleitorais de 47% dos vereadores eleitos na região no pleito de 2020, conforme as prestações de conta apresentadas pelas campanhas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os valores recebidos pelos vereadores vão de R$ 85 a R$ 72 mil. Nas campanhas para prefeito, três dos cinco eleitos utilizaram os fundos (leia ao lado).

Os fundos são distribuídos nacionalmente entre os partidos, e cada partido tem autonomia para decidir como fará uso das verbas. No caso de candidatos que abram mão de receber os valores, o montante fica com o partido para ser utilizado em candidaturas de outras cidades.

As verbas costumam chegar para candidaturas a prefeito e vereador, em montantes que variam de acordo com os critérios de cada partido. Com a proibição das contribuições de empresas às campanhas, os fundos passaram a ser as principais fontes de arrecadação das campanhas.

O uso das verbas está previsto em lei, mas ainda causa polêmica e recusá-lo tem sido uma tática utilizada por alguns candidatos como bandeira na campanha. Outros candidatos defendem que o fundo promove certa “igualdade” na disputa, já que candidatos que não tenham recursos pessoais ou muitas doações podem custear minimamente a campanha.

Nas cinco cidades da região, 41 dos 87 vereadores eleitos receberam verbas dos fundos. Alguns não as utilizaram e devolveram, outros, acabaram custeando praticamente todos os gastos de campanha.

A cidade com maior número de parlamentares que receberam o fundo é Santa Bárbara d’Oeste, com 18 dos 19 eleitos, sendo a grande maioria valores entre R$ 190 e R$ 500. Quem mais recebeu verbas na cidade foi o vereador eleito Kifu (PL), com R$ 22 mil.

O valor, apesar de destoante na cidade, fica longe do teto registrado nas eleições 2020. Quem mais recebeu verbas do fundão entre os eleitos na região foi Raí do Paraíso (Republicanos), em Sumaré, irmão do vice-prefeito reeleito Henrique do Paraíso, do mesmo partido.

A campanha do vereador novato contou com R$ 72 mil vindos do fundo eleitoral. A campanha dele, inclusive, foi a mais cara da região, com total de R$ 77,4 mil investidos pra conquistar 1.565 votos.

Ainda em Sumaré, outros dois eleitos receberam verbas de R$ 20 mil de seus partidos: Valdir de Oliveira (Republicanos) e Toninho Mineiro (PV). Dono da quarta campanha mais cara da região, o vereador reeleito Willian Souza (PT) recebeu R$ 16 mil do partido. Ele gastou R$ 61 mil ao todo na campanha e foi o mais votado com 4.477 votos, a segunda maior marca da história da cidade.

A segunda campanha mais cara foi também a que contou com o segundo maior volume de verbas do fundão. Trata-se da do vereador Nego (PSD), de Hortolândia, que gastou R$ 68 mil na campanha, sendo R$ 65 mil do fundo eleitoral, e obteve 3.623 votos.

Na mesma cidade, a vereadora eleita Marciene Ceará (Rede) fez a terceira campanha mais cara da região, investindo R$ 60 mil, sendo R$ 51 mil do “fundão”. Ela teve 1.232 votos.

Em Americana, entre as cinco campanhas mais caras da cidade, apenas uma contou com verbas partidárias, foi a de Thiago Martins (PV), que investiu R$ 28 mil ao todo, com R$ 1,5 mil do fundo, para ser o segundo mais votado da cidade com 1.796 votos. A dele foi a terceira campanha mais cara do município.

O maior investimento na campanha na cidade foi feito por Juninho Dias (MDB), que gastou R$ 38 mil, sem fundo eleitoral, e foi o mais votado com 3.998 votos.

Prova de que o alto investimento, sozinho, não garante votação expressiva, foi a campanha de Marschelo Meche (PSL), que mesmo sendo vereador eleito com 777 votos, gastou R$ 37 mil na campanha. Ele não usou o fundo eleitoral.

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