O relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta na Assembleia Legislativa de São Paulo para investigar as condições de segurança da barragem do Salto Grande, em Americana, descarta a possibilidade de rompimento da estrutura. Concluído na última terça-feira, o documento com o resultado da apuração aponta que o principal problema detectado pelos parlamentares foi a poluição por esgoto, principal causa da proliferação de plantas aquáticas na represa.
A investigação na Assembleia começou em abril deste ano, depois que uma reportagem da TV Band apontou que três cidades – Americana, Limeira e Piracicaba – seriam “varridas do mapa” em caso de rompimento da estrutura, sob responsabilidade da CPFL Renováveis. O caso de Brumadinho (MG) – em que uma barragem de mineração se rompeu, em janeiro, causando centenas de mortes – também fez com que os parlamentares aprovassem a abertura da CPI.
“A barragem tem problemas que estão sendo acompanhados, mas a construção dela não é tipo Brumadinho, que usava os próprios resíduos de mineração. A de Salto Grande é feita de ferro e concreto. Precisa ser fiscalizada, mas nesse primeiro momento, não há perigo imediato”, apontou o deputado estadual Dirceu Dalben (PL), de Sumaré, vice-presidente da comissão, presidida pelo deputado Roberto Morais, do PPS de Piracicaba.
O relator da CPI, Rafa Zimbaldi, afirmou que a fiscalização da estrutura é realizada de acordo com a legislação. “Fizemos o apontamento conforme os depoimentos que tivemos aqui. Com base nessas posições técnicas, apontamos a segurança (da estrutura). O que nós ressaltamos é a necessidade de acompanhamento, que já acontece”, explica.
POLUIÇÃO
O documento cita ainda a poluição da represa que “alimenta” a PCH (Pequena Central Hidrelétrica). “Não era o foco da CPI a questão ambiental, mas a identificamos em quase todos os depoimentos. Temos um problema grave, 11 municípios que despejam esgoto in natura no Rio Atibaia e outros que despejam uma carga grande de fósforo e nitrogênio. Estamos encaminhando esse relatório para as comissões de Meio Ambiente, Infraestrutura e de Assuntos Metropolitanos para que um estudo ampliado para, financeiramente, fazer o trabalho de saneamento básico”, completou Zimbaldi.
Por Walter Duarte