Especialista da Unicamp falou ao TODODIA
A transmissão “acelerada” exigirá equipamentos condizentes para esse tipo de processamento. (Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)
A rede 5G da telefonia deve ser viabilizada no Brasil em 2022, após o leilão das faixas ter sido concluído neste mês. Mas, o que a tecnologia deve mudar na vida dos usuários? O que esperar da implantação num país em que as redes mais antigas ainda não chegaram a diversos locais?
O contexto é analisado por Rangel Arthur, docente do curso de Engenharia de Telecomunicações da Unicamp, assessor da Agência de Inovação (Inova) da mesma instituição e membro do Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Campinas.
Se o 5G demorou para chegar, ainda há locais em que o 4G e até mesmo 3G caminham a passos lentos, partindo das capitais rumo ao interior, como pontua.
Se o 5G demorou para chegar, ainda há locais em que o 4G e até mesmo 3G caminham a passos lentos, partindo das capitais rumo ao interior, como pontua.
Estruturas à parte, Arthur atesta que o aumento da capacidade de transmissão é muito significativo, 10 vezes maior do que o 4G. “Significa que muitas das aplicações que não eram possíveis de ser realizadas com 4G, poderão com 5G, como a leitura de sensores baseada em sinais de cidades inteligentes e controle de veículos autônomos, cuja taxa de sinais precisa ser alta para garantir certa segurança”.
Também proporcionará banda larga em altas taxas, independente da proximidade de um roteador.
Mas a tecnologia enfrentará problemas, se novamente considerada a questão estrutural. “Serão necessárias mais antenas na comparação com o 3G e 4G. A princípio, as antenas de 5G poderão ser colocadas nos postes. Mas muitas cidades ainda não têm legislação para permitir a instalação. Serão antenas mais discretas, chamadas de ‘antenas camufladas’, mas tratam-se de leis municipais que muitas vezes emperram. É necessária uma aceleração nesses processos para permitir a chegada do 5G”.
A transmissão “acelerada” exigirá equipamentos condizentes para esse tipo de processamento, e, portanto, mais caros, ao menos até que sejam popularizados.
O 5G também é uma ameaça para quem ainda usa antena parabólica da banda C. “Ainda há muitas regiões do país em que o acesso à TV ainda é por essas antenas e o 5G servirá de interferência”, explica, sobre a banda que será descontinuada, em outro processo a ser acelerado para a implantação do 5G.
E, para quem já pensa em usar as economias para investir num aparelho 5G em chamarizes como o da Black Friday, ele recomenda esperar. “O custo dos equipamentos ainda é alto por parte das operadoras, que irão fazer a migração aos poucos”.
