sexta-feira, 14 fevereiro 2025

Câmara decide hoje abertura de Comissão Processante que pede cassação de Corá

Legislativo faz sessão extraordinária para votar pedido de movimentos sociais que acusam vereador de “racismo”  

Câmara de Santa Bárbara | Sessão extra hoje deve abrir ou arquivar Comissão Processante contra Corá (Foto: Divulgação)

Os vereadores barbarenses se reúnem em sessão extraordinária nesta quarta-feira (16), às 19h, conforme adiantou o TODODIA, para decidir se acatam ou não o pedido de instauração de uma CP (Comissão Processante) para apreciar o pedido de cassação do mandato do vereador Felipe Corá (Patriota), acusado de quebra do decoro parlamentar por entidades e movimentos sociais, em razão de declarações feitas por ele sobre o Dia da Consciência Negra, no ano passado. Na época, Corá disse que a data é o “dia da hipocrisia”, entre outras críticas. O vereador nega e diz ter apenas exercido seu direito à livre expressão.

Protocolado por 32 representantes de 19 entidades da sociedade civil durante a sessão do último dia 2, o pedido de CP teve parecer favorável da Procuradoria da Câmara para continuar com a tramitação.

A reunião extraordinária desta quarta deve ser acompanhada tanto por membros do movimento negro – muitos deles autores do pedido -, quanto por apoiadores do vereador, que desde a última sexta tem convocado simpatizantes para comparecerem ao plenário hoje.

Para a representante da Unegro (União de Negros pela Igualdade), a historiadora Cláudia Monteiro, a abertura da Comissão Processante demonstraria sensibilidade dos vereadores barbarenses no sentido de coibir discursos racistas.

“A instauração seria um ato pedagógico para educar nossos homens públicos sobre como a população negra colaborou e colabora na construção da cidade”, disse. “Quando o vereador tem discurso de conotação racista, ele nega essa luta e o escravismo em si. Somos diretamente atacados”, completou.

Também signatário do pedido de cassação, o ativista social Antônio Carlos Vianna de Barros, o Carlinhos Barros, da Associação Cultural e Beneficente Carolina Maria de Jesus, diz que espera justiça. “Para uma Câmara Municipal que conhece a luta do povo negro, é uma oportunidade de mostrar que não comunga com esse tipo de posição. O que precisamos fazer é dar um basta nessa situação. O vereador acha que pode falar o que bem entender, mas não pode. Não pode quando é para atacar, discriminar e ofender mulheres, LGBTQIA e população negra. Quando você admite falas racistas, você desencadeia outras formas de racismo, como a negação do acesso ao emprego e à educação”, comentou.

TRÂMITE
Se aprovado o recebimento da denúncia por maioria simples do plenário da Casa, a CP é instaurada e os parlamentares farão, então, a escolha dos membros da comissão, seguindo o rito proposto pela Lei nº 2039/93, que versa sobre infrações político-administrativas de prefeito, vice e vereadores.

De acordo com a lei, serão indicados três vereadores pelos líderes, respeitando a representação proporcional dos partidos políticos com assento no Legislativo, entre eles presidente e relator. A comissão terá prazo de 10 dias para notificar o vereador, que terá mais 10 para apresentar a defesa. Um parecer sobre o prosseguimento da cassação ou arquivamento deve ser emitido dentro de 15 dias. A CP tem o máximo de 90 dias para concluir o processo. Transcorrido o prazo sem julgamento, o processo é arquivado. Caso ocorra o julgamento, Corá terá direito de defesa oral por duas horas, feita por ele ou por um procurador. 

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